Eixo Temático: | Compreensão e produção de textos e suportes |
Tema: | Linguagem e língua |
Tópico: | 0 |
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Objetivos: - Reconhecer as diferenças entre flexões verbais e nominais em registros escritos ou orais.
- Reconhecer a manifestação de preconceitos lingüísticos (estratégia de dominação e de discriminação) com base no emprego ou não de flexões em consonância com a norma padrão.
- Evidenciar a necessidade de eliminação deste tipo de postura preconceituosa, por meio de discussões sobre adequação da variedade lingüística à situação comunicativa. Providências para a realização da atividade: Disponibilizar jornais e revistas para trabalho em grupo. Pré-requisitos: Descrição dos procedimentos: 1 – Ler atentamente o texto: “Erro de Português” é questão polêmica
Thaís Nicoleti de Camargo É comum que se tenda a avaliar um texto ou a competência lingüística de alguém por meio de uma quantificação dos chamados “erros de português”. Em outras palavras, não são raras as vezes em que se superestima o que há de mais superficial no processo de elaboração de um discurso. O que se considera “erro”, entretanto, depende do padrão tomado como referência e está longe de ser uma questão objetiva. Alguns “erros”, tidos como grosseiros, são constante motivo de chacota. Há quem se exalte e diga padecer da mais terrível dor de ouvidos ao escutar alguma expressão diversa daquelas com que se habituou. Esse comportamento não revela mais que o desejo de afirmar uma suposta superioridade sobre os demais num mundo de desigualdades. Parece engraçado que alguém diga “nós vai lá” ou “os menino”, por exemplo. Mas quem se ri dessas formas de expressão o faz simplesmente pelo fato de serem construções alheias ao seu repertório. A tomar como padrão a gramática tradicional, será difícil encontrar alguém que não “erre”. E, mesmo assim, não falta quem se dê o direito de discriminar aqueles que “erram” de modo diverso do seu. A atitude mais isenta e científica é a de quem procura investigar a natureza da expressão – sobretudo se se trata de construção disseminada, e não de uma ocorrência fortuita. Um enunciado como “nós vai” em si nada tem de engraçado. É pleno de sentido – e só por isso se constitui em alternativa. A língua contém estruturas redundantes (as chamadas concordâncias), que, intuídas pelos falantes, são automaticamente suprimidas, num legítimo processo de simplificação. Em uma frase como “nós vamos”, o pronome “nós” ‘já indica qual é o sujeito; daí a desinência “-mos” ser percebida como desnecessária. Em “os menino”, é a presença do artigo no plural que assinala a flexão de número do substantivo. Se fossem agramaticais, essas estruturas não seriam compreendidas. Ora, isso quer dizer que devemos deixar de dizer “nós vamos” por ser redundante? É claro que não. Trata-se de mudar o olhar sobre o fenômeno da língua – que é social e manifesta-se por meio dos falantes. Atribuir ignorância ou falta de inteligência a alguém com base na variante lingüística de que se serve é, no mínimo, leviandade. E esse é um assunto sério em um país das dimensões do nosso, com regiões e falares tão distintos entre si. Há múltiplas expressões, cada uma contribuindo a seu modo para a fixação de uma das culturas mais criativas do planeta. Os verdadeiros problemas de um texto são as falhas de raciocínio, pois estas é que revelam a dificuldade de elaboração e de comunicação do pensamento. (Folha de São Paulo, novembro/2002) 1) Discutir os fragmentos abaixo a) “...quem se ri dessas formas de expressão o faz simplesmente pelo fato de serem construções alheias ao seu repertório...”
b) “A atitudes mais isenta e científica é a de quem procura investigar a natureza da expressão – sobretudo se se trata de construção disseminada...”
c) “...mudar o olhar sobre a língua – que é social e manifesta-se por meio dos falantes.” - A que conclusão se pode chegar com relação à questão do erro? É “errado” ou pode ser “diferente”? 2) A autora comenta: “Parece engraçado que alguém diga “nós vai lá” ou “os menino”...” a) Por que “parece engraçado”? b) Compare o sintagma nominal “os menino pequeno” (do Português Brasileiro) com “the little boys” (do inglês). Veja uma sentença com a tradução: - Os menino pequeno vai ao clube hoje.
- The little boys go to the club today. Para refletir: o inglês apresenta as marcas redundantes de plural que são cobradas pela Gramática Tradicional do Português? [Deveria ser: Os meninos pequenos vão ao clube hoje. = três marcas de plural no sintagma nominal, mais uma no verbo.] Então, por que parece tão normal avaliar as pessoas que não usam, na fala, tais marcas redundantes? 3) ) Para Thais Nicoleti, “um enunciado como “nós vai” em si nada tem de engraçado. É pleno de sentido – e só por isso se constitui em alternativa.” As afirmações abaixo estão em consonância com o ponto de vista acima, EXCETO: (a) Todo falante nativo é um usuário competente de sua língua materna, pois domina integralmente a gramática desta língua por volta dos 3 a 4 anos de idade.
(b) Toda língua varia e muda – o que hoje é considerado “certo” pode já ter sido “erro” no passado. A evolução natural da língua não pode ser impedida.
(c) A língua que falamos molda nosso modo de ver o mundo e vice-versa; respeitar a variedade lingüística falada pelo indivíduo significa respeitá-lo em sua integridade física e psico-social.
(d) Erro de português é o mesmo que erro de ortografia, já que tanto a língua quanto a ortografia são convenções sociais. [resposta: (d) – são desvios de natureza diferente – os ortográficos seguem a convenções da escrita, determinados por lei; já os desvios lingüísticos da fala são apontados em relação à GT, e acabam virando marcas de discriminação social.] 4) Para discussão em grupos: “Há quem se exalte e diga padecer da mais terrível dor de ouvidos ao escutar alguma expressão diversa daquelas com que se habituou. Esse comportamento não revela mais que o desejo de afirmar uma suposta superioridade sobre os demais num mundo de desigualdades.” É possível, realmente, que alguém sinta “dor de ouvido” ao ouvir uma expressão diferente do que apregoa o padrão?
Pesquisar: tudo isso revela um aspecto da ideologia dominante em nossa sociedade. O que seria essa ideologia? De que modo ela se revela em nossos atos lingüísticos? 5) Trabalho em grupo: procure num jornal, pelo menos, cinco textos de gêneros diferentes: o editorial, a entrevista, uma notícia, uma propaganda e a carta de leitor, por exemplo. Procure verificar se neles as concordâncias verbal e nominal estão de acordo com as prescrições da GT. Possíveis dificuldades: Alerta para riscos: Glossário: |
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