Eixo Temático: | Compreensão e produção de textos e suportes |
Tema: | Gêneros e discursos |
Tópico: | 0 |
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Objetivos: - Identificar mecanismos de modalização e constitutivos da argumentatividade em textos de diferentes gêneros.
- Posicionar-se criticamente frente a posicionamentos enunciativos de textos lidos (no caso em pauta, de artigo de opinião). Providências para a realização da atividade: Pré-requisitos: Descrição dos procedimentos: 1) Ler atentamente o texto abaixo: Demografia não é fatalidade
Tião Martins O aumento da expectativa de vida em nosso país, combinado com a redução da taxa de natalidade, foi previsto há duas décadas pelos demógrafos e solenemente ignorado por políticos e economistas. Por isso, a crise que temos hoje na Previdência Social é só a ponta de um iceberg que vem por aí e vai causar uma explosão das contas públicas, daqui a uns 20 anos ou pouco mais.
Nossos políticos míopes nunca deram importância aos demógrafos, por uma razão muito simples: só pensam no dia seguinte ou, na melhor das hipóteses, na próxima eleição, e têm absoluto desprezo pelo que vai acontecer daqui a algumas décadas. Enquanto isso, os profissionais do ramo trabalham com tendências de longo prazo e podem prever o caos ou o paraíso para os próximos 50 anos.
Políticos de visão curta adoram os economistas porque estes jogam com milhões de números, que a massa da população não entende, mas respeita. E quando um demógrafo diz que certas políticas sociais são perniciosas para o futuro do País, se não forem acompanhadas de mudanças estruturais, a reação desses políticos é pensar que, no longo prazo, todos estaremos mortos.
Um estadista governa com os olhos voltados para as pessoas que ainda nem existem. Por isso, irá se preocupar com a educação básica e a formação profissional daqueles que vêm por aí e terão que aprender a pescar. Já o populista, o imediatista, distribui peixe hoje para colher votos amanhã. E está se lixando para o futuro. Como dizia aquele ministro da ditadura: “o futuro a Deus pertence”. Logo, cabe a Deus decidir como será esse futuro.
A crise social brasileira, entretanto, chegará mais depressa à beira da explosão do que imaginam esses pobres governantes do dia-a-dia. Pobres em imaginação e em coragem, diga-se en passant, porque os bolsos deles costumam estar cheios. Ou, então, cultivam belas contas numeradas em algum paraíso fiscal, para a futura aposentadoria.
No início do século XX, a expectativa média de vida no Brasil estava em torno de 48 anos. Quando chegamos ao final do século, já se podia prever que um recém-nascido viveria mais de 70 anos. E a taxa de natalidade caiu vertiginosamente, nesse período, principalmente nas faixas de maior renda.
Para simplificar a conversa, o cenário que estamos construindo pode ser descrito assim: dentro de alguns anos, um jovem de classe média terá que trabalhar para manter a aposentadoria de três idosos, no mínimo. Acontece que os jovens chegam cada vez mais tarde ao mercado de trabalho e são cada vez mais dependentes dos pais ou até mesmo dos avós.
Durante alguns anos, a situação parecerá equilibrada: os jovens só estudam e são mantidos pela família. No capítulo seguinte, mesmo que tenham um emprego, verão que os idosos detêm um poder de consumo e de controle social e político que lhes é negado. Os jovens, naturalmente impacientes, tendem a se revoltar contra o que irão considerar abominável injustiça, e aí – no cenário de uma Previdência Social em estado de agonia – surge um confronto que Karl Marx não previu, mais importante e radical que a luta de classes: o confronto político entre gerações.
Se houvesse um estadista no Brasil, ele estaria pensando nisso.
Não havendo, podemos esperar pelo pior. Quem viver verá. (Hoje em dia, 08/07/06, Cultura, p.8) 2) Atente para o título do artigo. A negação instaura, imediatamente, a leitura de seu oposto. Por que, no Brasil, demografia seria fatalidade? Atenção: note o tempo verbal “seria”: ele instaura uma leitura factual ou hipotética? Pense nisso antes de redigir a resposta. 3) Identifique e comente pelo menos duas estratégias de persuasão adotadas pelo articulista no texto acima. Depois responda: sua argumentação é eficiente? Justifique sua resposta. 4) Atente para os fragmentos: “Um estadista governa com olhos voltados para as pessoas que ainda nem existem.”
“Se houvesse um estadista no Brasil, ele estaria pensando nisso.” Observe especialmente os elementos lingüísticos destacados. Redija um parágrafo explicitando o ponto de vista do autor sobre o que caracteriza um estadista e como se encontra a situação do Brasil com relação a esse aspecto: 5 ) Cada autor apresenta, em seus textos (sejam eles orais ou escritos), o que se denomina posicionamento enunciativo, isto é, o ângulo sob o qual ele percebe e focaliza o assunto em pauta. Releia o texto e verifique: qual o tom com que o autor trata a questão da demografia – com uma abordagem positiva ou negativa? Transcreva fragmentos que justifiquem sua resposta. 6) Agora, redija um pequeno texto (retextualização do artigo) em que você aborde o tema sob enfoque oposto 7 ) Segundo o autor, “nossos políticos são míopes”: procurem textos jornalísticos, da internet, de revistas e procurem montar um painel – endossando ou refutando essa polêmica afirmação do autor.
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