TEXTO 5
PAPOS
– Me disseram...
– Disseram-me.
– Hein?
– O correto é “disseram-me”. Não “me disseram”.
– Eu falo como quero. E te digo mais... Ou é “digo-te”?
– O quê?
– Digo-te que você...
– O “te” e o “você” não combinam.
– Lhe digo?
– Também não. O que você ia me dizer?
– Que você está sendo grosseiro, pedante e chato. E que eu vou te partir a cara. Lhe partir a cara. Partir a sua cara. Como é que se diz?
– Partir-te a cara.
– Pois é. Partir-la hei de, se você não parar de me corrigir. Ou corrigir-me.
– É para o seu bem.
– Dispenso as suas correções. Vê se esquece-me. Falo como bem entender. Mais uma correção e eu...
– O quê?
– O mato.
– Que mato?
– Mato-o. Mato-lhe. Mato você. Matar-lhe-ei-te. Ouviu bem?
– Eu só estava querendo...
– Pois esqueça-o e pára-te. Pronome no lugar certo é elitismo!
– Se você prefere falar errado...
– Falo como todo mundo fala. O importante é me entenderem. Ou entenderem-me?
– No caso... não sei.
– Ah, não sabe? Não o sabes? Sabes-lo não?
– Esquece.
– Não. Como “esquece”? Você prefere falar errado? E o certo é “esquece” ou “esqueça”? Ilumine-me. Me diga. Ensines-lo-me, vamos.
– Depende.
– Depende. Perfeito. Não o sabes. Ensinar-me-lo-ias se o soubesses, mas não sabes-o.
– Está bem, está bem. Desculpe. Fale como quiser.
– Agradeço-lhe a permissão para falar errado que mas dás. Mas não posso mais dizer-lo-te o que dizer-te-ia.
– Por quê?
– Porque, com todo este papo, esqueci-lo.
VERÍSSIMO, Luiz Fernando. Comédias para se ler na escola. Rio de Janeiro: Objetiva 2001, p. 65-6.
QUESTÃO 16 (Descritor: estabelecer relação, em uma narrativa ficcional, entre a estratégia narrativa e o desenvolvimento do enredo)
Assunto: Coerência e coesão no processamento do texto
Uma das estratégias do narrador no desenvolvimento da história é explorar a contradição de um dos personagens. Todas as passagens abaixo são exemplos dessa estratégia, EXCETO:
a) “Eu falo como quero. E te digo mais... Ou é ‘digo-te’?”
b) “Lhe partir a cara. Partir a sua cara. Como é que se diz?”
c) “Falo como bem entender. Mais uma correção e eu...”
d) “O importante é me entenderem. Ou entenderem-me?”
QUESTÃO 17 (Descritor: analisar o efeito de sentido conseqüente do uso de pontuação expressiva – interrogação, exclamação, reticências, aspas)
Assunto: Relações entre recursos expressivos e efeitos de sentido
Em todas as alternativas abaixo, as reticências foram usadas com a mesma intenção, EXCETO em:
a) “– Me disseram...
– Disseram-me.”
b) “– Digo-te que você...
– O “te” e o “você” não combinam”
c) “– Mais uma correção e eu...
– O quê?”
d) “– Se você prefere falar errado...
– Falo como todo mundo fala.”
QUESTÃO 18 (Descritor: analisar o efeito de sentido conseqüente do uso de uma transgressão intencional ou involuntária aos padrões ortográficos ou morfossintáticos da modalidade escrita)
Assunto: Relações entre recursos expressivos e efeitos de sentido
As construções “Matar-lhe-ei-te”, “Sabes-lo”, “Ensines-lo-me” e “esqueci-lo” não existem em português, nem na norma culta e muito menos na norma popular. No texto, portanto, elas têm uma função especial, que é:
a) provocar efeito de humor com as dificuldades que o personagem tem na colocação de pronomes.
b) demonstrar que as regras de colocação pronominal em língua portuguesa são ilógicas e sem utilidade.
c) identificar as características principais do personagem: ele é chato e gosta de parecer elitista.
d) ironizar o falso conhecimento que o outro personagem tem das regras de colocação pronominal.
QUESTÃO 19 (Descritor: relacionar, em um texto, assunto e finalidade com o tipo de texto)
Assunto: Procedimentos de leitura
O texto de Luiz Fernando Veríssimo é uma crônica ficcional que tem como finalidade demonstrar que:
a) cada pessoa deve ter o direito de usar a língua como bem entender.
b) a preocupação excessiva com a gramática pode prejudicar a comunicação.
c) as regras de colocação pronominal em português são muito difíceis.
d) o aprendizado das regras de colocação de pronomes é muito importante.
QUESTÃO 20 (Descritor: estabelecer, na construção de sentido do texto, articulações entre termos pertencentes a uma família lexical ou de um mesmo campo semântico.)
Assunto: Procedimentos de leitura.
Um título também possível para o texto seria:
a) Papos furados.
b) Papos-cabeça.
c) Papos sérios.
d) Papos modernos.
QUESTÃO 16: C
QUESTÃO 17: D
QUESTÃO 18: A
QUESTÃO 19: B
QUESTÃO 20: A
PLANO DE AULA: TEMA - VARIAÇÕES LINGUÍSTICAS Plano de aula Língua Portuguesa Tema: Variações Linguísticas Tempo: 12 aulas. OBEJETIVOS : - Refletir sobre as variações da língua no decorrer do tempo. - Valorizar as diferenças culturais e linguísticas. - Usar a linguagem com autonomia e sem preconceitos Materiais utilizados e disponíveis neste planejamento . Textos variados; Filme – Tapete Vermelho Exercícios variados Avaliação da aprendizagem 1ª Aula: (momento descontração ) Leitura dos seguintes textos . I - Declaração Mineira de Amor aos Amigos ... Declaração Mineira de Amor aos Amigos... . Amo ocê ! . Ocê é o colírio du meu ôiu. É o chicrete garrado na minha carça dins. É a mairionese du meu pão. É o cisco nu meu ôiu (o ôtro oiu - tenho dois). O rechei du meu biscoito. A masstumate du meu macarrão. Nossinhora! Gosto dimais DA conta docê, uai. Ocê é tamém: O videperfume DA mi...
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