Em Super Size Me, o diretor Morgan Spurlock vira sua própria
cobaia numa investigação sobre a cultura do fast-food
Izabela Boscov
Morgan Spurlock nunca foi exatamente um asceta: adora um filé, acha que presunto é uma invenção divina e encara qualquer culinária regional, da cubana à indiana. Foi enquanto estava vendo televisão largado no sofá da mãe, posto a nocaute pelo almoço do Dia de Ação de Graças de 2002, que ele soube de um fato curioso: duas adolescentes americanas estavam processando a rede de lanchonetes McDonald’s por torná-las obesas. Em princípio, diz Spurlock, a ação não parecia ter mérito real – ela seria mais um sintoma de um país infestado pela litigância, em que os cidadãos se recusam a assumir suas responsabilidades pessoais e atribuem a culpa por suas falhas às forças maiores das corporações. Mas talvez, raciocinou Spurlock, essas forças sejam de fato maiores. Dessa idéia nasceu o documentário Super Size Me (Estados Unidos, 2004).
Para fazer Super Size Me, Spurlock se transformou, durante um mês, em sua própria cobaia. Determinou que nesse período tudo o que ele ingerisse, até a água, deveria vir do McDonald’s. Cada item do cardápio teria de ser provado pelo menos uma vez e ele teria de dizer “sim” sempre que um atendente oferecesse o lanche na porção super size. Essa opção, que deixou de constar do menu da rede mais ou menos na ocasião em que o documentário estreou nos Estados Unidos (mero acaso, divulgou a empresa), é um dos melhores negócios do ramo de fast-food: por alguns centavos a mais, o cliente ganha quantidades muito maiores de comida. Custa pouco para ele, custa menos ainda para a lanchonete, e proporciona ao freguês a satisfação de ter conseguido uma pechincha. O número de calorias na bandeja, porém, sobe assustadoramente. Spurlock tinha de aceitar o super size porque isso é o que um americano comum faria – e por isso também ele reduziu de forma drástica sua atividade física, até que ela se encaixasse na média nacional.
A primeira refeição super size de Spurlock é um espetáculo dantesco. Seu bom humor logo dá lugar ao fastio, depois à náusea e, finalmente, à rejeição completa da comida, que termina, meio digerida, numa poça ao lado da janela de seu carro. Antes de começar o experimento, Spurlock passou por exames minuciosos com três médicos diferentes. Todos concordaram que, aos 33 anos, ele exibia saúde e forma física perfeitas. Faltando dez dias para a maratona gastronômica terminar, os três pediram a Spurlock que desistisse: seu colesterol disparara, a deposição de gordura tornara seu fígado pastoso como o de um alcoólatra, e o paciente vivia atormentado por fortes dores de cabeça, mau humor e exaustão. Num depoimento cândido, a namorada de Spurlock, que é chef vegetariana, revela o impacto da dieta sobre a vida amorosa do casal: Spurlock não tinha ânimo para mais nada entre os lençóis que não roncar. Após trinta dias, a silhueta do diretor contabilizava 11 quilos adicionais, que ele demoraria mais de um ano para perder.
VEJA, 18 agosto. 2004, p.p. 114-115.
QUESTÃO 01 (Descritor: relacionar uma informação identificada no texto com outras oferecidas no próprio texto ou em outros textos)
Assunto: Procedimentos de leitura
O título do texto, “Isso é que é ter estômago”, deve ser relacionado à idéia de que:
a) é preciso ter muita coragem para assistir ao documentário Super Size Me, de Morgan Spurlock.
b) o diretor de cinema Morgan Spurlock é um consumidor inveterado de sanduíches McDonald’s.
c) para realizar seu filme, Spurlock virou sua própria cobaia e por um mês só fez refeições fast-food.
d) o americano comum não tem a menor noção do que está ingerindo ao se alimentar de sanduíches.
QUESTÃO 01:
C
ATENÇÃO PARA A EXPLICAÇÃO DA ATIVIDADE Esse texto é um ensejo para desmentir alguns pontos. Importante que a professora aponte os ERROS desse texto, ensinando aos alunos que não há incompatibilidade alguma entre a monarquia e a democracia. Mostrar que algumas das maiores democracias hoje em dia, como Canadá, Noruega, Suécia, Reino Unido, Japão, Austrália, Nova Zelândia, Mônaco, dentre outras, são todas Monárquicas. Em contrapartida, algumas das maiores ditaduras do mundo, como China, Coreia do Norte, Angola, Cuba, Guiné Equatorial, Sudão, Chade, apenas para citar alguns, são todos presidencialistas, parlamentaristas, republicanos. CABE AO PROFESSOR ensinar que o regime de governo não define se o país é uma democracia, ou uma ditadura. Apenas para citar um, o Vaticano, que também é um país independente, possui um governo centralizado, totalitário e teocrático, no entanto, o governante é eleito por um colégio de cardeais.
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