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SUGESTÕES DE MÚSICAS E PARÓDIAS PARA A ÁREA DE CIÊNCIAS HUMANAS, DE LINGUAGEM E CIÊNCIAS NATURAIS E EXATAS

222- Conversa de Botequim
 (Noel Rosa)

Seu Garçom faça o favor de me trazer
depressa
Uma boa média que não seja requentada
Um pão bem quente com manteiga à beça
Um guardanapo e um copo d’água bem gelada
Feche a porta da direita com muito cuidado
Que eu não estou disposto a ficar exposto ao sol
Vá perguntar ao seu freguês do lado
Qual foi o resultado do futebol
Se você ficar limpando a mesa
Não me levanto e nem pago a despesa
Vá pedir ao seu patrão
Uma caneta, um tinteiro, um envelope e
um cartão
Não se esqueça de me dar palito
E um cigarro pra espantar mosquito
Vá dizer ao charuteiro
Que me empreste uma revista, um
cinzeiro e um isqueiro
Telefone ao menos uma vez
Para 34-4333
E ordene ao seu Osório
Que me mande um guarda-chuva
aqui pro nosso escritório
Seu garçom me empreste algum
dinheiro
Que eu deixei o meu com o bicheiro
Vá dizer ao seu gerente
Que pendure essa despesa no cabide
ali em frente
Atividade:

A música tem forma poética. Identifique características nos textos que comprovem
essa afirmação.” . Solicita que os alunos identifiquem  palavras e expressões que mostrem a linguagem coloquial, bem como os trajes das personagens.


 223- Duas estações (Jorge Mello)

O lugar onde moro
Tem quatro estações por dia
Inverno, verão, primavera e outono
Dando baile na ecologia
Inverno, verão primavera e outono
Todo mundo se resfria
O lugar de onde eu vim
Só tem duas estações, meu bem
Uma é o verão e a outra
É a estação do trem
Essa letra de música é trabalhada (extrapolação e produção) dentro
de uma integração de três textos: em comparação a um mapa de previsão do
tempo que aparece anteriormente e com o texto que vem em seguida, “O
Tempo”, extraído de um livro de geografia da quinta série. O tópico exploração
se restringe a perguntas específicas do texto “Duas estações”, e a maioria
delas pode ser respondida com comprovação textual: “Quais os dois
significados dados no texto para a palavra ‘estação’”?


 224- Eduardo e Mônica (Renato Russo)

Quem um dia irá dizer
Que existe razão
Nas coisas feitas pelo coração?
E quem irá dizer
Que não existe razão?
Eduardo abriu os olhos mas não quis se levantar
Ficou deitado e viu que horas eram
Enquanto Mônica tomava um conhaque,
Noutro canto da cidade, como eles disseram
Eduardo e Mônica um dia se encontraram sem querer
E conversaram muito mesmo pra tentar se conhecer.
Foi um carinha do cursinho do Eduardo que disse:
Tem uma festa legal e a gente quer se divertir.
Festa estranha, com gente esquisita:
Eu não estou legal, não agüento mais birita.
E a Mônica riu e quis saber um pouco mais
Sobre o boyzinho que tentava impressionar
E o Eduardo, meio tonto, só pensava em ir pra casa:
É quase duas, eu vou me ferrar.
Eduardo e Mônica trocaram telefone
Depois telefonaram e decidiram se encontrar.
O Eduardo sugeriu uma lanchonete
Mas a Mônica queria ver o filme do Godard
Se encontraram então no parque da cidade
A Mônica de moto e o Eduardo de camelo
O Eduardo achou estranho e melhor não comentar
Mas a menina tinha tinta no cabelo.

Eduardo e Mônica eram nada parecidos
Ela era de Leão e ele tinha dezesseis.
Ela fazia Medicina e falava alemão
E ele ainda nas aulinhas de inglês.
Ela gostava do Bandeira e do Bauhaus,
De van Gogh e dos Mutantes, de Caetano e de Rimbaud
E o Eduardo gostava de novela
E jogava futebol-de-botão com seu avô.
Ela falava coisas sobre o Planalto Central,
Também magia e meditação
E o Eduardo ainda estava no esquema
”Escola-cinema-clube-televisão”.
E, mesmo com tudo diferente,
Veio mesmo de repente, uma vontade de se ver
E os dois se encontravam todo dia
E a vontade crescia, como tinha de ser.
Eduardo e Mônica fizeram natação, fotografia,
Teatro e artesanato e foram viajar.
A Mônica explicava pro Eduardo
Coisas sobre o céu, a terra, a água e o ar.
Ele aprendeu a beber, deixou o cabelo crescer
E decidiu trabalhar;
E ela se formou no mesmo mês
Em que ele passou no vestibular
E os dois comemoraram juntos
E também brigaram juntos, muitas vezes depois.
E todo mundo diz que ele completa ela e vice-versa,
Que nem feijão e arroz
Construíram uma casa uns dois anos atrás,
Mais ou menos quando os gêmeos vieram -
Batalharam grana e seguraram legal
A barra mais pesada que tiveram.
Eduardo e Mônica voltaram pra Brasília
E a nossa amizade dá saudade no verão.
Só que nessas férias não vão viajar
Porque o filhinho do Eduardo ‘tá de recuperação.
Quem um dia irá dizer
Que existe razão
Nas coisas feitas pelo coração?
E quem irá dizer
Que não existe razão?

Atividade:

 Em que veículo de comunicação a música foi publicada?”
 “Você gostaria de visitar e conhecer o Eduardo e a Mônica? Por quê?”
que incentivam a reflexão e suscitam o posicionamento dos alunos, exigindo
coerência no momento em que solicitam justificativas para as respostas.

Abordar um tema presente na vida desses adolescentes; conter um
ritmo apreciado tanto por crianças quanto jovens e adultos; marcar em versos
o gênero narrativo e seu linguajar fazer parte do contexto da língua falada
desse universo de público.


225- Deixa dizer - Ivan Lins e Vitor Martins (1973)

Refrão
Deixa, deixa, deixa...
Eu dizer o que penso dessa vida
Preciso demais desabafar
Ah... Ah. Ah

Suportei meu sofrimento
De face mostrada e riso inteiro
Se hoje canto meu lamento
Coração cantou primeiro
E você não tem direito
De calar minha boca
Afinal me dói o peito
Uma dor que não é pouca
Tem dó!


226- Desabafo  -  versão de Marcelo D2, lançada em 2008

Refrão:
Deixa, deixa, deixa dizer
o que penso dessa vida
Preciso demais desabafar “
...
Eu já falei que tenho algo a dizer e disse
Que falador passa mal e você me disse.
Que cada um vai colher o que plantou.
Por que raiz sem alma como o flip falou é triste.
Andam dizendo que o bem vence o mal
Por aqui eu vou torcendo pra chegar ao final.
É, quando mais fé, mais religião.
A mão que mata, reza, reza ou mata em vão.
Me contam coisas como se fosse corpos.
Deixa pra La, eu devo tá viajando
Enquanto eu faço besteira,
nego via se matando.
Ok! Então vamos lá, diz:
Tu quer a paz, eu quero também
Mas o estado não tem direito de matar ninguém
Aqui não tem pena de morte,
mas segue o pensamento
O desejo de matar um capitão Nascimento
Que, sem treinamento, se mostrar incompetente,
O cidadão do outro lado se diz impotente, mas
A impotência não é uma escolha também
De assumir a própria responsabilidade, heim?

Atividade com as músicas Deixa dizer e Desabafo:

Trabalhar essas duas músicas, fazendo paralelo entre as duas realidades, conduzindo o aluno a analisar o tempo histórico, estabelecer relação entre permanências e transformações no processo histórico, extrair informações atuais e de outros tempos, identificar momentos de ruptura ou de irreversibilidade no processo histórico.
Pretende-se que a música seja trabalhada numa abordagem interdisciplinar, e para isso faz-se necessário um projeto que abranja todos esses aspectos.
A primeira preocupação que se deve ter ao escolher a música como documento histórico é conhecer o documento que se pretende utilizar, processo que se repete com qualquer outro documento histórico.
Quando se pensa em música como documento em sala de aula, essa música é uma das possibilidades, considerando que a mesma foi reescrita e atualizada por Marcelo D2, e pode ser comparada, fazendo paralelo entre o passado e o presente, analisando as realidades sob a ótica da música. Ao escolher essa música, o critério foi à forma como ela é bem aceita no meio da juventude da atualidade, e ao buscar informações e descobrir que ela também já influenciou outras juventudes.

227- Abalando  -  Gabriel Pensador

Gabriel, o Pensador o homem que eles amam odiar
Agora voltou para ham...ham tentar falar
Isso é se ninguém quiser me censurar me calar
(Manera rapaz
Da última vez eles te tiraram do ar)
Não eu não consegui acreditar nisso
Mas não vâmo esquecer e nem permanecer
omissos num caso que diz
Respeito ao direito de um cidadão
De carregar no peito a sua liberdade de expressão
Liberdade de expressão aqui? Há
Não existe
Eu fiz "Hoje eu tô feliz" e fiquei triste
Pois já não posso mais nem sair em paz
Os fdp confundem artistas com marginais
Mas eu não sou um marginal
Isso é um grande erro
Sou apenas um artista como todo brasileiro
E o meu erro foi dizer o que não devia
Acreditei que existia o quê: Democracia...
Então eu disse simplesmente o que o povo sente
Mas fui covardemente censurado pelo "Minha gente"
E a vontade que me dá não me venha perguntar
Eu vou falar
A vontade que me dá é de matar
É uma loucura ninguém cura esse país
se num acabarmos com a censura
Que me lembra a ditadura militar
"Cale-se! "Cuidado" Como é difícil acordar calado"
Eles não censuram só o artista
Eles censuram o povão
Pior do que acordar calado é acordar sem o pão
"Paiê cadê o pão?" Foi censurado "Paiê cadê o leite?" Foi censurado "Paiê o
Quê que é carne hein?"
Essa é a censura na panela de um descamisado
"Paiê cadê o ovo?" Foi censurado
"Paiê cadê o arroz?" Foi censurado porra
"Pai tem feijão?" – Não
Toma essa água suja com farinha
 e num reclama pra num ser processado
E a diversão era um futebol inocente
"Quero perder de vez sua cabeça"
(Então eu vi um pessoal numa pelada diferente
jogando futebol com a cabeça do Presidente)
"Cale-se" O povo unido outra vez foi vencido
Pediu pra ouvir meu rap mas não foi atendido
"Ué mas não existe mais censura no Brasil"
Amigo vai nessa que tu tá é fudido
E foi só uma cabeça que caiu
Nem demos a primeira então
não vâmo sair de cima ouviu?
Porque o Pensador veio falar do que passou
Eu te digo
Não se lembre do passado e o teu futuro será escuro
Não se esqueça o que passamos há tantos anos
Procure a luz
Mete o dedo na ferida vive a vida
Limpa o pus
E conduz o pensamento para o tempo que quiser
Fique atento não se esqueça
a gente abala quando quer
"Agora que lembramos um passado recente
Vamos falar do presente"
(E daqui pra frente?)
Não vamos nos intimidar
Chega de ser prego
É melhor ser o martelo rapá
Mas também não pense que o Brasil já foi pra frente
 pois como sempre ele
está no mesmo lugar
E sempre estará
Se a gente não se julga inteligente o suficiente pra mudar
Seria melhor se suicidar
Mas na verdade esse momento é de nascimento
(É a hora H) Não vamos nos alienar
Olhe pro seu lado e veja como o povo está
"A arte é de viver da fé”
“Só não se sabe fé em quê”
E que fé será se não for à fé em nós mesmos
(Isso aí Pensador)
"Get up Stand up" Você não veio ao mundo á toa
E se veio fazer algo faça alguma coisa boa
O que tá errado (tudo)
Deve ser mudado
Abalando as estruturas com o Pensador
(Tô ligado!)


Para conversar:

O interessante desta música na abordagem da ditadura militar de 1968 – 1975 é o fato de que ela por si só, já faz uma retrospectiva entre os fatos do passado dialogando com o presente.
Neste trecho, o compositor critica a atualidade fazendo um paralelo com o tempo da ditadura, sobre a falta de liberdade de expressão e a forma como eram tratados os artistas no regime militar, sendo vistos como marginais.
Nesta parte da música, seria interessante trabalhar a questão dos debates sobre censura e seus mecanismos na atualidade. De que tipo de censura o compositor está falando e a forma como está é percebida pelo povo. E buscando confirmar e comparar utiliza um trecho da música “cálice”, símbolo da luta contra a ditadura militar.
Aqui, o compositor afirma que a ditadura não se limitava aos artistas, mas a todo o povo brasileiro, que mesmo estando vivendo “o milagre econômico” não faziam parte do tal milagre. Fazendo ainda uma alusão ao seu momento histórico. Assim, uma abordagem que investigue o momento histórico em que a musica foi divulgada se faz importante para que o aluno perceba a importância da musica como documento e expressão social.
Neste do trecho da música, mais uma vez surgem versos da música “cálice”, onde expressa a vontade de ter sua liberdade de pensar. Critica a questão da utilização da política “pão e circo”. E da forma como a voz do povo foi calada com a violência.
Vem! A gente abala quando quer
A gente abala se quiser
Esta parte é clara, o povo é capaz de mudar a história. O que se completa com o trecho seguinte.
Abordando a questão da capacidade que o individuo tem de construir a história, o pensador convida a esquecer o passado, mas não esquecer tirando da memória, mas fazendo a diferença, tendo consciência do seu papel na sociedade como agente transformador e não permitir que o passado volte a fazer parte do presente.
228- Alagados - Paralamas do Sucesso

Eu tô falando de uma reformulação
Que começa na cabeça
e vai passando pelo coração
Se você tem cabeça e coração
Não seja um vegetal
Seja um cidadão
É "geração cara pintada"?
Não. Jovens em geral
Caras pretas, coroas,
 pessoas, malucos e caretas
(Entrem nessa união)
Não seja um imbecil meu irmão
Põe a mão na cabeça
Pára pra pensar
Nós Temos o poder de abalar...

Para conversar:

A música que critica o capitalismo, o trecho “A arte é de viver da fé, só não se sabe fé em que”, para descrever o povo em sua fé na política.
A busca por reforma na mentalidade do cidadão brasileiro, que se pretende que inicie na razão acima dos sentimentos. Agir, criticar, lutar, mudar, transformar e não vegetar.
Essa parte completa a música ao se referir ao movimento estudantil dos caras pintadas ocorrido em 1992 que foram as ruas para protestar e exigir a saída do presidente Fernando Affonso Collor de Mello. Mas ao se direcionar a geração cara pintada, está se generalizando, estendendo o convite a toda a sociedade de exercer o poder de mudar, de mover a história.


229- Luíza – Tom Jobim

Lua, espada nua,
bóia no céu imensa e amarela
Tão redonda lua, como flutua
Vem navegando o azul do firmamento
e no silêncio lento
Um trovador cheio de estrelas
      
Escuta agora a canção que eu fiz
pra te esquecer, Luíza
Eu sou apenas um pobre amador, apaixonado
Um aprendiz do teu amor
Acorda amor, que eu sei que embaixo
dessa neve mora um coração
Vem cá, Luíza, me dá tua mão
Que o teu desejo é sempre o meu desejo
Vem, me exorciza, dá-me tua boca
E a rosa louca vem me dar um beijo
 e um raio de sol nos teus cabelos
Como um brilhante que partindo a luz
explode em sete cores
Revelando então os sete mil amores
Que eu guardei somente pra te dar, Luíza
Luíza, Luíza, Luíza

Para conversar:

Luíza foi a introdução do Estilo Literário, Trovadorismo, uma
vez que essa letra destaca a ideia de submissão do homem em relação à
mulher, a qual também se faz presente nas cantigas de amor.
O tema da canção aborda o amor não correspondido e a solidão.


230- Boi de Carro - Tonico e Tinoco e Anacleto Rosa

Fui buscar um boi de carro
Que estava na prisão
Pra levar pra matadouro
A pedido do patrão

Quando eu joguei o laço,
O animal pra mim olhou,
O que ele me falou
Foi de cortar o coração (bis)

Me disse assim portador,
Destino triste é o meu,
Eu não sei por qual motivo
O meu patrão me vendeu,

Ajudei a tanta gente
Fui escravo do roçado,
Depois de velho e cansado,
Ninguém me agradeceu, (bis)

Ao lado do boi vapor,
O meu primeiro parceiro
Só puxava o carro cheiro,
Obedecendo ao carreiro,

Na passagem do riacho,
Me ajoelhava no barro,
Ou desatolava o carro,
Ou quebrava o tanoeiro (bis)

Quem trabalhava comigo,
Batia por desaforo,
Cortava meu corpo inteiro
Com um chicote de couro,

Invés de me libertar,
Para morrer no cercado
Meu sangue vai ser jorrado,
Nas tábuas de um matadouro...

Para conversar:

Essa canção tem como inspiração a região rural do Brasil e do trabalho
forçado que era realizado por animais e pessoas, já que a mecanização era
inexistente. Trata ainda da exploração a qual o ser humano é submetido num
contexto neoliberal.
Quem fala na letra dessa música é o homem do campo, relembrando
com lamentações de um passado, ele era aceito porque era jovem e produtivo,
da mesma forma se reporta ao animal, inclusive se comparando a ele: “Eu tô
véio sem dinheiro, teu destino é igual ao meu.” Esse texto mostra a visão
capitalista e como o ser humano é visto nesse contexto.
O professor procurou contextualizar a letra das canções com o conteúdo
programático, portanto, no momento, em que se discutiam variações
linguísticas, a referida canção foi trazida para sala análise.
231- Disneylândia – Titãs

Filho de imigrantes russos casado na Argentina
Com uma pintora judia,
Casou-se pela segunda vez
Com uma princesa africana no México
Música hindú contrabandiada por ciganos poloneses faz sucesso
No interior da Bolívia zebras africanas
E cangurus australianos no zoológico de Londres.
Múmias egípcias e artefatos íncas no museu de Nova York
Lanternas japonesas e chicletes americanos
Nos bazares coreanos de São Paulo.
Imagens de um vulcão nas Filipinas
Passam na rede de televisão em Moçambique
Armênios naturalizados no Chile
Procuram familiares na Etiópia,
Casas pré-fabricadas canadenses
Feitas com madeira colombiana
Multinacionais japonesas
Instalam empresas em Hong-Kong
E produzem com matéria prima brasileira
Para competir no mercado americano    
Literatura grega adaptada
Para crianças chinesas da comunidade européia.
Relógios suiços falsificados no Paraguay
Vendidos por camelôs no bairro mexicano de Los Angeles.
Turista francesa fotografada semi-nua com o namorado árabe
Na baixada fluminense
Filmes italianos dublados em inglês
Com legendas em espanhol nos cinemas da Turquia
Pilhas americanas alimentam eletrodomésticos ingleses na Nova Guiné
Gasolina árabe alimenta automóveis americanos na África do Sul.
Pizza italiana alimenta italianos na Itália
Crianças iraquianas fugidas da guerra
Não obtém visto no consulado americano do Egito
Para entrarem na Disneylândia   

   
 232- Linda Juventude -  14 Bis

Zabelê, Zumbi, Besouro
Vespa fabricando mel
Guardo teu tesouro
Jóia marrom
Raça como nossa côr...

Nossa linda juventude
Página de um livro bom
Canta que te quero
Cais e calor
Claro como o sol raiou
Claro como o sol raiou...

Maravilha, juventude
Pobre de mim, pobre de nós
Via Láctea, brilha por nós
Vidas pequenas na esquina...

Fado, sina, lei, tesouro
Canta que te quero bem
Brilha que te quero
Luz andaluz
Massa como o nosso amor...

Nossa linda juventude
Página de um livro bom
Canta que quero cais e calor
Claro como o sol raiou
Claro como o sol raiou...

Maravilha, juventude
Tudo de mim, tudo de nós
Via Láctea, brilha por nós
Vidas bonitas da esquina...

Zabelê, Zumbi, Besouro
Vespa fabricando mel
Guardo teu tesouro
Jóia marrom
Raça como nossa côr...

Nossa linda juventude
Página de um livro bom
Canta que te quero
Cais e calor
Claro como o sol raiou
Claro como o sol raiou...


233- Admirável Gado Novo  -  Zé Ramalho

Vocês que fazem parte dessa massa
Que passa nos projetos do futuro,
É duro tanto ter que caminhar
E dar muito mais do que receber,
E ter que demonstrar sua coragem
À margem do que possa parecer,
E ver que toda essa engrenagem
Já sente a ferrugem lhe comer.

Ê, vida de gado...
Povo marcado,
Povo feliz...

Lá fora faz um tempo confortável,
A vigilância cuida do normal;
Os automóveis ouvem a notícia,
Os homens a publicam no jornal,
E correm através da madrugada,
A única velhice que chegou;
Demoram-se na beira da estrada
E passam a contar o que sobrou.

Ê, vida de gado...
Povo marcado,
Povo feliz...

O povo foge da ignorância,
Apesar de viver tão perto dela,
E sonham com melhores tempos idos,
Contemplam essa vida numa cela,
E esperam nova possibilidade
De verem esse mundo se acabar;
A Arca de Noé, o dirigível
Não voam nem se podem flutuar.

Ê, vida de gado...
Povo marcado,
Povo feliz...

Para conversar:

Essa música de Zé Ramalho, composta no final dos anos 70, período da Ditadura Militar no Brasil, sob a ótica da Crítica Literária Marxista. Essa linha crítica “analisa a Literatura em termos das condições históricas que a produzem”, envolvendo a luta de classes e tendo como objetivo a compreensão das ideologias presentes em qualquer obra literária.
De acordo com Marx, o aspecto material da sociedade condiciona o social, o político e, o que mais nos interessa, o intelectual e artístico em geral, ou seja, as relações sociais de uma forma geral dependem necessariamente das relações de produção.  Dessa forma ele define o conceito de infra-estrutura como as relações e forças de produção que são sustentadas, isto é, legitimadas por uma superestrutura “que assegura que a situação em que uma classe social tem poder sobre as outras seja vista pela maioria dos membros da sociedade como natural ou nem mesmo seja vista”.
Para o Marxismo, a arte, e por conseqüência a Literatura, faz parte dessa superestrutura. A contracultura e as vanguardas são exemplos da força crítica que tem a Arte Literária, bem como do seu poder de denúncia social e de exposição e mimetização da realidade.
Assim temos em “Admirável Gado Novo” uma forte crítica social, tendo em vista que o Brasil passava por um dos períodos mais negros da sua história. Vemos expressados nela a luta de classes, tão discutida por Marx, e um aspecto imprescindível nesse contexto que é a manutenção desse modelo social através da alienação das massas, metaforizada na figura do gado.
Vemos assim uma sociedade controlada, condicionada a viver em uma ordem estabelecida através do conformismo. Outro aspecto importante é que nesse “Mundo Novo” não há princípios morais e éticos. O controle se dá somente através da droga “soma” que surge como a representação dos instrumentos alienatórios da nossa sociedade, entre eles os meios de comunicação de massa como a televisão. Não há espaço para o questionamento, pois a “droga” elimina todas as dúvidas e continua a direcionar, é claro, de acordo a ordem dominante. É um mundo “admirável”, pois se apresenta como modelo exemplar de perfeição e ordem, contudo esconde as desigualdades e mazelas sociais.
A exploração do homem pelo homem é um dos pontos fortes sobre o qual se fundamenta a análise marxista da sociedade. E nesse sentido a expressão “massa” aparece como um forte indicador do anonimato, do tratamento não individual, essencialmente coletivo que o Capitalismo impõe aos indivíduos. Representa a necessidade da produtividade, bem como aquilo de pouco apuro, reflexão e qualidade, dada a falta de acesso da “massa” à educação e ao conhecimento de uma forma geral.
Uma outra faceta digna de maior discussão é a metáfora do gado. Afinal, que semelhanças podemos depreender, pela ideologia do compositor, entre o “povo marcado” e o gado? De fato não haveria um ser melhor para representar a submissão e o conformismo do que o gado, que se deixa ordenhar, direcionar e guiar pelos seus “donos”. A condição de manipulação e exploração a que se submete este animal ocorre desde a vida até a morte, na extração da carne para a alimentação humana.
A condição da classe dominada é semelhante, pois o aumento do lucro dos donos dos meios de produção é proporcional a degradação do trabalhador que quanto mais trabalha menos recebe. Além disso, existem mecanismos de alienação e direcionamento das massas para que essa situação de exploração não seja questionada ou sequer entendida. Tais mecanismos se constituem como importante instrumento da ordem estabelecida e favorecem àqueles que detêm o poder, pois onde não há contestação ou cobrança, a facilidade para o auto-favorecimento, a corrupção e a impunidade é muito maior. A conseqüência disso é o agravamento da desigualdade social e de todos os demais problemas sociais.
É justamente aos donos do poder que encontramos fortes críticas, pois é para eles que “lá fora faz um tempo confortável”, procurando cuidar do normal e manter a “ordem” das coisas. Em relação a isso, o autor faz uma menção simbólica à perseguição aos opositores do regime e a forma como esse sistema era mantido com o “gado” à margem da realidade da situação. É utilizando a arma do simbolismo, da metáfora, da duplicidade de sentido que Zé Ramalho empreende sua crítica a esse estado de coisas e aos que mantêm essa situação.
Essa condição de alienação e entorpecimento vivida pelo povo faz com que ele “contemple essa vida numa cela”. Essa prisão nada mais é do que a ignorância, o assujeitamento, o conformismo que impossibilitam a visão crítica e transformadora da sociedade. Preso ao sistema e dirigido por vontades alheias, exatamente como o rebanho no curral.
No fim da música temos uma menção à religião, esta é caracterizada como uma fuga empreendida pelo povo em face dos problemas que vivencia: “E esperam nova possibilidade/ De verem esse mundo se acabar; / A arca de Noé, o dirigível...”. Essa concepção sobre religião demonstrada pelo compositor assemelha-se ao pensamento marxista, pois na visão de Marx a religião é uma droga porque apazigua os ânimos do explorado impedindo-o de reagir à situação em que se encontra ao aceitá-la como natural.
Diante de tudo o que foi exposto podemos dizer que, na tentativa de compreender sob a ótica da Critica Marxista a ideologia da música “Admirável Gado Novo”, constatamos que ela apresenta diversos aspectos do pensamento de Marx sobre a sociedade tais como a luta de classes, a exploração do homem pelo homem, a alienação e a religião. Além disso, observamos que existem na mesma obra elementos de crítica ao regime ditatorial do período em que ela foi composta. Entretanto, essa crítica transcende o contexto histórico do autor e chega ao Universalismo por atacar também o sistema capitalista. Enfim, é uma obra rica, de densidade social muito forte e que serve como alerta para que o “povo feliz” e “marcado” deixe de ter uma “vida de gado”.  


234- Monte castelo   -   Legião Urbana

Ainda que eu falasse
A língua dos homens
E falasse a língua do anjos
Sem amor, eu nada seria…
É só o amor, é só o amor
Que conhece o que é verdade
O amor é bom, não quer o mal
Não sente inveja
Ou se envaidece…
O amor é o fogo
Que arde sem se ver
É ferida que dói
E não se sente
É um contentamento
Descontente
É dor que desatina sem doer…
Ainda que eu falasse
A língua dos homens
E falasse a língua dos anjos
Sem amor, eu nada seria…
É um não querer
Mais que bem querer
É solitário andar
Por entre a gente
É um não contentar-se
De contente
É cuidar que se ganha
Em se perder…
É um estar-se preso
Por vontade
É servir a quem vence
O vencedor
É um ter com quem nos mata
A lealdade
Tão contrário a si
É o mesmo amor…
Estou acordado
E todos dormem, todos dormem
Todos dormem
Agora vejo em parte
Mas então veremos face a face
É só o amor, é só o amor
Que conhece o que é verdade…
Ainda que eu falasse
A língua dos homens
E falasse a língua do anjos
Sem amor, eu nada seria…

Para conversar:

A música quando teve a inspiração da junção da bíblia e de Camões com trechos de duas grandes obras, e certamente tinha profundo conhecimento tanto de um quanto o outro, onde nos faz refletir da importância do conhecimento e do aprendizado. Homens que viveram em três épocas completamente distintos escrevendo e tentando mostrar a humanidade o valor deste que e o mais puro e importante de todos os sentimento, o AMOR.
O poema de Camões e o trecho bíblico do Apóstolo Paulo. Foi feita uma abordagem do amor ágape e amor Eros definindo cada um deles. A construção do sentido da letra ficou mais completa quando foi concluída a exploração linguística presentes na Proposta Didático-pedagógica. A canção serviu para introduzir a aula acerca de figuras de linguagem, aspectos do gênero poema e o Estilo literário Classicismo.


235- Garoto de aluguél   -   Zé Ramalho

Baby!
Dê-me seu dinheiro
Que eu quero viver
Dê-me seu relógio
Que eu quero saber
Quanto tempo falta
Para eu lhe esquecer
Quanto vale um homem
Para amar você...

Minha profissão
É suja e vulgar
Quero um pagamento
Para me deitar
E junto com você
Estrangular meu riso
Dê-me seu amor
Dele não preciso...

Oh! Oh! Oh!
Oh! Oh! Oh!
Oooooooooh!
Baby!
Nossa relação
Acaba-se assim
Como um caramelo
Que chegasse ao fim
Na boca vermelha
De uma dama louca
Pague meu dinheiro
E vista sua roupa...

Deixe a porta aberta
Quando for saindo
Você vai chorando
E eu fico sorrindo
Conte pr'as amigas
Que tudo foi mal
(Tudo foi mal!)
Nada me preocupa
De um marginal...

Oh! Oh! Oh!
Oh! Oh! Oh!
Oooooooooh!

Baby!
Dê-me seu dinheiro
Que eu quero viver
Dê-me seu relógio
Que eu quero saber
Quanto tempo falta
Para lhe esquecer
Quanto vale um homem
Para amar você...

Minha profissão
É suja e vulgar
Quero um pagamento
Para me deitar
E junto com você
Estrangular meu riso
Dê-me seu amor
Que dele não preciso...

Oh! Oh! Oh!
Oh! Oh! Oh!
Oooooooooh!

Baby!
Nossa relação
Acaba-se assim
Como um caramelo
Que chegasse ao fim
Na boca vermelha
De uma dama louca
Pague meu dinheiro
E vista sua roupa...

Deixe a porta aberta
Quando for saindo
Você vai chorando
E eu fico sorrindo
(Vá!)
Conte pr'as amigas
Que tudo foi mal
(Tudo foi mal!)
Nada me preocupa
De um marginal...

Oh! Oh! Oh!
Oh! Oh! Oh!
Oooooooooh!
Oooooooooh!


236- Rosa de Hiroshima – Ney Matogrosso
Composição: Vinícius de Moraes e Gerson Conrad

Pensem nas crianças
Mudas telepáticas
Pensem nas meninas
Cegas inexatas
Pensem nas mulheres
Rotas alteradas
Pensem nas feridas
Como rosas cálidas

Mas oh não se esqueçam
Da rosa da rosa
Da rosa de Hiroshima
A rosa hereditária

A rosa radioativa
Estúpida e inválida
A rosa com cirrose
A anti-rosa atômica

Sem cor sem perfume
Sem rosa sem nada
 
Para conversar:

 Música de imensa sensibilidade, onde a letra nos faz lembrar das atrocidades causadas pela bomba atômica lançada sobre Hiroshima, durante a segunda guerra mundial.


237- Oceano  -  Djavan

Assim
Que o dia amanheceu
Lá no mar alto da paixão,
Dava prá ver o tempo ruir
Cadê você?
Que solidão!
Esquecera de mim?

Enfim,
De tudo o que
Há na terra
Não há nada em lugar
Nenhum!
Que vá crescer
Sem você chegar
Longe de ti
Tudo parou
Ninguém sabe
O que eu sofri...

Amar é um deserto
E seus temores
Vida que vai na sela
Dessas dores
Não sabe voltar
Me dá teu calor...

Vem me fazer feliz
Porque eu te amo
Você deságua em mim
E eu oceano
E esqueço que amar
É quase uma dor...

Só sei viver
Se for por você!


238- Eu Só Queria Entender -  Frejat

Ah, será que ninguém percebeu
que estamos girando no mesmo lugar?
Regredindo no tempo sem saber
aonde nós vamos chegar?
Maltratando a Mãe-Natureza e esse imenso altar?
Impondo a miséria no mundo em nome de um tal "bem estar"?

Eu só queria entender o porquê

Ah, será que um dia uma estrela-guia virá pra mostrar o nosso papel:
Que a vida é uma linha fininha e o homem é o seu carretel?

Eu só queria entender o porquê
Eu só queria entender o porquê

Ah, será que o sentido da vida é viver o prazer de ostentar o poder?
E depois, ao final, quando tudo acabar, o que vamos fazer?
Eu espero que o homem perceba que assim está se matando
Acabando com o mundo, sem ter, nem porque, é a razão de um insano

Eu só queria entender o porquê de viver
Eu só queria entender o porquê pra viver
Eu só queria entender o porquê pra dizer:
Eu só queria entender o porquê


239- Matança  -  Xangai

Cipó caboclo tá subindo na virola,
Chegou a hora do pinheiro balançar,
Sentir o cheiro do mato, da imburana,
Descansar, morrer de sono na sombra da barriguda;

De nada vale tanto esforço do meu canto,
Pra nosso espanto tanta mata ah, já vão matar,
Tal mata atlântica e a próxima amazônica,
Arvoredos seculares impossível replantar;

Que triste sina teve o cedro nosso primo,
Desde menino que eu nem gosto de falar,
Depois de tanto sofrimento seu destino,
Virou tamborete, mesa, cadeira, balcão de bar;

Quem por acaso ouviu falar da sucupira,
Parece até mentira que o jacarandá
Antes de virar poltrona, porta, armário,
Mora no dicionário, vida-eterna, milenar;

Quem hoje é vivo corre perigo
E os inimigos do verde, da sombra o ar,
Que se respira,
E a clorofila das matas virgens
Destruídas vão lembrar
Que quando chegar a hora
É certo que não demora,
Não chame Nossa Senhora
Só quem pode nos salvar;

É caviúna, cerejeira, baraúna,
Imbuia, pau-d'arco, solva,
Juazeiro, jatobá...
Gonçalo-alves, paraíba, itaúba,
Louro, ipê, paracaúba,
Peroba, massaranduba;
Carvalho, mogno, canela, imbuzeiro,
Catuaba, janaúba, arueira, araribá;
Pau-ferro, angico, amargoso, gameleira,
Andiroba, copaíba, pau-brasil, jequitibá.

Quem hoje é vivo corre perigo......


240- Saga da Amazônia -  Elomar

Era uma vez na AMAZÔNIA, a mais bonita floresta
Mata verde, céu azul, a mais imensa floresta
No fundo d'água as IARAS, caboclo lendas e mágoas
E os rios puxando as águas.

PAPAGAIOS, PERIQUITOS, cuidavam de suas côres
Os peixes singrando os rios, curumins cheios de amores
Sorria o JURUPARI, UIRAPURU, seu porvir
Era: FAUNA, FLORA, FRUTOS E FLÔRES.

Toda mata tem caipora para a mata vigiar
Veio CAIPORA de fora para a mata definhar
E trouxe DRAGÃO-DE-FERRO, prá comer muita madeira
E trouxe estilo GIGANTE, prá acabar com a capoeira.

Fizeram logo o projeto sem ninguém testemunhar
Pro DRAGÃO cortar a madeira e toda a mata derrubar
Se a floresta meu amigo tivesse pé prá andar
Eu garanto meu amigo, com o perigo não tinha ficado lá.

O que se corta em segundos gasta tempo prá vingar
E o fruto que dá no cacho pra gente se alimentar??
Depois tem o passarinho, tem o ninho, tem o ar
IGARAPÉ, rio abaixo, tem riacho e esse rio que é um mar.

Mas o DRAGÃO continua a floresta devorar
E quem habita essa mata pra onde vai se mudar???
Corre o ÍNDIO, SERINGUEIRO, PREGUIÇA, TAMANDUÁ
TARTARUGA, pé ligeiro, corre-corre TRIBO DOS KAMAIURÁ

No lugar que havia mata, hoje há perseguição
Grileiro mata posseiro só pra lhe roubar seu chão
Castanheiro, seringueiro já viraram até peão
Afora os que já morreram qual ave-de-arribação
Zé de nana ta de prova, naquele lugar tem cova
Gente enterrada no chão:

Pois mataram ÌNDIO que matou grileiro que matou posseiro
Disse um castanheiro para um seringueiro que um estrangeiro
ROUBOU SEU LUGAR

Foi então que um VIOLEIRO chegando na região
Ficou tão penalizado que escreveu essa CANÇÃO
E talvez, desesperado com tanta DEVASTAÇÃO
Pegou a primeira estrada sem rumo, sem direção
Com os olhos cheios de água, sumiu levando esta mágoa
dentro do seu CORAÇÃO

Aqui termina essa história para gente de valor
Pra gente que tem memória muita crença muito amor
Pra defender o que ainda resta sem rodeio, sem aresta
EA UMA VEZ UMA FLORESTA NA LINHA DO EQUADOR.


241- Roda Viva - Chico Buarque

Tem dias que a gente se sente
Como quem partiu ou morreu
A gente estancou de repente
Ou foi o mundo então que cresceu
A gente quer ter voz ativa
No nosso destino mandar
Mas eis que chega a roda-viva
E carrega o destino pra lá
Roda mundo, roda-gigante
Roda-moinho, roda pião
O tempo rodou num instante
Nas voltas do meu coração

A gente vai contra a corrente
Até não poder resistir
Na volta do barco é que sente
O quanto deixou de cumprir
Faz tempo que a gente cultiva
A mais linda roseira que há
Mas eis que chega a roda-viva
E carrega a roseira pra lá
Roda mundo (etc.)

A roda da saia, a mulata
Não quer mais rodar, não senhor
Não posso fazer serenata
A roda de samba acabou
A gente toma a iniciativa
Viola na rua, a cantar
Mas eis que chega a roda-viva
E carrega a viola pra lá
Roda mundo (etc.)

O samba, a viola, a roseira
Um dia a fogueira queimou
Foi tudo ilusão passageira
Que a brisa primeira levou
No peito a saudade cativa
Faz força pro tempo parar
Mas eis que chega a roda-viva
E carrega a saudade pra lá
Roda mundo (etc.)


242- Alegria, Alegria -  Caetano Veloso

Caminhando contra o vento
Sem lenço, sem documento
No sol de quase dezembro
Eu vou

O sol se reparte em crimes,
Espaçonaves, guerrilhas
Em cardinales bonitas
Eu vou

Em caras de presidentes
Em grandes beijos de amor
Em dentes, pernas, bandeiras
Bomba e brigitte bardot
O sol nas bancas de revista
Me enche de alegria e preguiça
Quem lê tanta notícia
Eu vou

Por entre fotos e nomes
Os olhos cheios de cores
O peito cheio de amores.
Amores vãos
Eu vou
Por que não, por que não

Ela pensa em casamento
E eu nunca mais fui à escola
Sem lenço, sem documento,
Eu vou

Eu tomo uma coca-cola
Ela pensa em casamento
E uma canção me consola
Eu vou

Por entre fotos e nomes
Sem livros e sem fuzil
Sem fome sem telefone
No coração do brasil

Ela nem sabe até pensei
Em cantar na televisão
O sol é tão bonito
Eu vou
Sem lenço, sem documento
Nada no bolso ou nas mãos
Eu quero seguir vivendo, amor
Eu vou
Por que não, por que não...

Para conversar:

Alegria, Alegria" é uma canção da autoria de Caetano Veloso que foi um dos marcos iniciais do movimento tropicalista em 1967.


243- Súplica Cearense  - Luiz Gonzaga)

Uou ô ô.... (vocalização)

Oh Deus, perdoe este pobre coitado
Que de joelhos rezou um bocado
Pedindo pra chuva cair, cair sem parar

Oh Deus, será que o senhor se zangou
E só por isso que o sol se arretirou
Fazendo cair toda chuva que há

Oh Senhor, eu pedi para o sol se esconder um pouquinho
Pedi pra chover, mas chover de mansinho
Pra ver se nascia uma planta, uma planta no chão

Oh meu Deus, se eu não rezei direito,
A culpa é do sujeito
Desse pobre que nem sabe fazer oração

Uou ô ô.... (vocalização)

Meu Deus, perdoe eu encher os meus olhos de água
E ter-lhe pedido cheio de mágoa
Pro sol inclemente se arretirar, retirar

Desculpe eu pedir a toda hora pra chegar o inverno
E agora o inferno queima o meu humilde Ceará

Oh Senhor, eu pedi para o sol se esconder um pouquinho
Pedi pra chover, mas chover de mansinho
Pra ver se nascia uma planta, uma planta no chão ê ê

Uou ô ô.... (vocalização)

Ganancia demais
A chuva não cai mais
Corro demais
Política demais
Tristeza demais
Interesse tem demais
Ganancia demais
A Fome demais
A Falta demais
Promessa demais
Seca demais
A chuva não tem Mais
Ganancia demais
Chuva tem não tem não tem é demais
Pobreza demais
Povo tem demais
(mistura alguns trechos)
O povo sofre demais...


244- From United States of Piauí - Luiz Gonzaga

Unite States of...
Unite States of...
Unite States of...
... of Piauí
A minha prima lá do Piauí
Deixou de fazer renda só pra ver novela
A minha prima lá do Piauí
Não bebe mais garapa: vai de coca-cola
Luz de Candeeiro não se usa mais
Luz artificial substitui o gás
Calça de couro, alvorada e brim
Deram o seu lugar pra uma tal calça lee
A minha prima escreveu pra mim
E não fala "venha cá", só fala "come here"
Vou mandar minha resposta breve
Para United States of Piauí


245- Desordem  -  Titãs
(Sérgio Britto/Marcelo Fromer/Charles Gavin)

Os presos fogem do presídio,
Imagens na televisão
Mais uma briga de torcidas,
Acaba tudo em confusão
A multidão enfurecida,
Queimou os carros da polícia
Quando estão fora de controle
Não são a regra exceção
Não é tentar o suicídio
Querer andar na contramão?
Quem quer manter a ordem?
Quem quer criar desordem?
Não sei se existe mais justiça,
Nem quando é pelas próprias mãos
Nas invasões nos Linchamentos
Como não ver contradição?
Não sei se tudo vai arder
Igual a um líquido inflamável
O que mais pode acontecer
Neste país rico, no entanto miserável
Em que pese isso sempre há, graças a deus
Quem acredite no futuro...
Quem quer manter a ordem?
Quem quer criar desordem?
É seu dever manter a ordem,
É seu dever de cidadão,
Mas o que é criar desordem,
Quem é que diz o que é ou não?
São sempre os mesmos governantes,
Os mesmos que lucraram antes
Põe a esperança lado a lado
Às filas de desempregados
Que tudo tem que virar óleo
Pra por na máquina do estado
Quem quer manter a ordem?
Quem quer criar desordem?

Para conversar: assunto sobre a desobediência civil.


246-Problema Social - Ana Carolina

Se eu pudesse eu dava um toque em meu destino
Não seria um peregrino nesse imenso mundo cão
E nem o bom menino que vendeu limão
E trabalhou na feira pra comprar seu pão
E nem o bom menino que vendeu limão
E trabalhou na feira pra comprar seu pão
Não aprendia as maldades que essa vida tem
Mataria a minha fome sem
ter que roubar ninguém
Juro que eu não conhecia a famosa funabem
Onde foi a minha morada desde os tempos de neném
É ruim acordar de madrugada
pra vender bala no trem
Se eu pudesse eu tocava em meu destino
Hoje eu seria alguém
É ruim acordar de madrugada
pra vender bala no trem
Se eu pudesse eu tocava em meu destino
Hoje eu seria alguém
Seria eu um intelectual
Mas como não tive chance de ter
estudado em colégio legal
Muitos me chamam pivete
Mas poucos me deram um apoio moral
Se eu pudesse eu não seria um problema social
Se eu pudesse eu dava um toque em meu destino
Não seria um peregrino nesse imenso mundo cão
E nem o bom menino que vendeu limão
E trabalhou na feira pra comprar seu pão
E nem o bom menino que vendeu limão
E trabalhou na feira pra comprar seu pão
Não aprendia as maldades que essa vida tem
Mataria a minha fome sem ter que roubar ninguém
Juro que eu não conhecia a famosa funabem
Onde foi a minha morada desde os tempos de neném
É ruim acordar de madrugada pra vender bala no trem
Se eu pudesse eu tocava em meu destino
Hoje eu seria alguém
É ruim acordar de madrugada
pra vender bala no trem
Se eu pudesse eu tocava em meu destino
Hoje eu seria alguém
Seria eu um intelectual
Mas como não tive chance de ter
 estudado em colégio legal
Muitos me chamam pivete
Mas poucos me deram um apoio moral
Se eu pudesse eu não seria um problema social
247-Até Quando Esperar - Plebe Rude

Não é nossa culpa nascemos já com uma benção
Mas isso não é desculpa pela má distribuição

Com tanta riqueza por aí, onde é que está (BIS)
Cadê sua fração?

Até quando esperar?
E cadê a esmola que nós damos
Sem perceber?
que aquele abençoado
Poderia ter sido você

Com tanta riqueza por aí, onde é que está
cadê sua fração? (BIS)

Até quando esperar a plebe ajoelhar (BIS)
Esperando a ajuda de Deus

Posso vigiar seu carro te pedir trocados
Engraxar seus sapatos (BIS)
Não é nossa culpa nascemos já com uma benção
mas isso não desculpa pela má distribuição
Com tanta riqueza por aí, onde é que está
cadê sua fração?
Até quando esperar a plebe ajoelhar
esperando a ajuda de Deus
Até quando esperar a plebe ajoelhar
esperando a ajuda de um divino Deus


248- Opinião   -   Nara Leão

Podem me prender, podem me bater
Podem até deixar-me sem comer
Que eu não mudo de opinião.
Daqui do morro eu não saio não,
daqui do morro eu não saio não.

Se não tem àgua, eu furo um poço
Se não tem carne,
eu compro um osso e ponho na sopa
E deixo andar, deixo andar

Fale de mim quem quiser falar
Aqui eu não pago aluguel
Se eu morrer amanhã, seu doutor
Estou pertinho do céu
Podem me prender, podem me bater
Podem até deixar-me sem comer
Que eu não mudo de opinião

Daqui do morro eu não saio não,
daqui do morro eu não saio não...

Podem me prender , podem me bater,
que eu não mudo de opinião,
que eu não mudo de opinião...


249- Corrupção  -  Ana Carolina

Neste Brasil corrupção
pontapé bundão
puto saco de mau cheiro
do Acre ao Rio de Janeiro
Neste país de manda-chuvas
cheio de mãos e luvas
tem sempre alguém se dando bem
de São Paulo a Belém
Pego meu violão de guerra
pra responder essa sujeira
E como começo de caminho
quero a unimultiplicidade
onde cada homem é sozinho
a casa da humanidade
Não tenho nada na cabeça
a não ser o céu
não tenho nada por sapato
a não ser o passo
Neste país de pouca renda
senhoras costurando
pela injustiça vão rezando
da Bahia ao Espírito Santo
Brasília tem suas estradas
mas eu navego é noutras águas
E como começo de caminho
quero a unimultiplicidade
onde cada homem é sozinho
a casa da humanidade




250-  Aluga-se   -   Raul Seixas

A solução pro nosso povo
Eu vou dá
Negócio bom assim
Ninguém nunca viu
Tá tudo pronto aqui
É só vim pegar
A solução é alugar o Brasil!...

Nós não vamo paga nada
Nós não vamo paga nada
É tudo free!
Tá na hora agora é free
Vamo embora
Dá lugar pros gringo entrar

Esse imóvel tá prá alugar
Ah! Ah! Ah! Ah! Ah! Ah!...

Os estrangeiros
Eu sei que eles vão gostar
Tem o Atlântico
Tem vista pro mar
A Amazônia
É o jardim do quintal
E o dólar dele
Paga o nosso mingau...

Nós não vamo paga nada
Nós não vamo paga nada
É tudo free!
Tá na hora agora é free
Vamo embora
Dá lugar pros gringo entrar
Pois esse imóvel está prá alugar
Alugar! Ei!
-Grande Solução!...

Nós não vamo paga nada
Nós não vamo paga nada
Agora é free!
Tá na hora é tudo free
Vamo embora
Dá lugar pros outro entrar
Pois esse imóvel tá prá alugar
Ah! Ah! Ah! Ah!
Nós não vamo paga nada
Nós não vamo paga nada
Agora é free!
Tá na hora é tudo free
Vamo embora
Dá lugar pros gringos entrar
Pois esse imóvel
Está prá alugar...

Está Prá Alugar Meu Deus!
Nós não vamo paga nada!
Nós não vamo paga nada!
É tudo free!
Vamo embora!
- Ave Maria da rua-   Raul Seixas

No lixo dos quintais
Na mesa do café
No amor dos carnavais
Na mão, no pé, oh
Tu estás, tu estás
No tapa e no perdão
No ódio e na oração

Teu nome é Yemanjah (Yemanjah)
E é Virgem Maria
É Glória e é Cecília
Na noite fria
Oh, minha mãe
Minha filha tu és qualquer mulher
Mulher em qualquer dia

Bastou o teu olhar (Teu olhar)
Pra me calar a voz
De onde está você
Rogai por nós
Ooooh, Ooooh!
Minha mãe, minha mãe
Me ensina a segurar
A barra de te amar

Não estou cantando só
Cantamos todos nós
Mas cada um nasceu
Com a sua voz,
Ooooh, Ooooh!
Pra dizer, pra falar
De forma diferente
O que todo mundo sente

Segure a minha mão
Quando ela fraquejar
E não deixe a solidão
Me assustar
Ooooh, Ooooh!

Minha mãe, nossa mãe
e mata minha fome
Nas letras do teu nome
Ooooh, Ooooh!

Minha mãe, nossa mãe
E mata minha fome
Nas letras do teu nome
Ooooh, Ooooh!
minha mãe, nossa mãe
E mata minha fome
Na glória do teu nome.


251- Eu nasci há dez mil anos atrás - Raul Seixas

-"Um dia, numa rua da cidade
Eu vi um velinho
Sentado na calçada
Com uma cúia de esmola
E uma viola na mão
O povo parou prá ouvir
Ele agradeceu as moedas
E cantou essa música
Que contava uma história
Que era mais ou menos assim:"

Eu nasci!
Há dez mil'anos atrás
E não tem nada nesse mundo
Que eu não saiba demais...(2x)

Eu vi Cristo ser crucificado
O amor nascer e ser assassinado
Eu vi as bruxas pegando fogo
Prá pagarem seus pecados
Eu vi!...

Eu vi Moisés
Cruzar o Mar Vermelho
Vi Maomé
Cair na terra de joelhos
Eu vi Pedro negar Cristo
Por três vezes
Diante do espelho
Eu vi!...

Eu nasci! (Eu nasci!)
Há dez mil'anos atrás
(Eu nasci há 10 mil anos!)
E não tem nada nesse mundo
Que eu não saiba demais...(2x)

Eu vi as velas
Se acenderem para o Papa
Vi Babilônia
Ser riscada no mapa
Vi Conde Drácula
Sugando sangue novo
E se escondendo atrás da capa
Eu vi!...

Eu vi a arca de Noé
Cruzar os mares
Vi Salomão cantar
Seus salmos pelos ares
Eu vi Zumbi fugir
Com os negros prá floresta
Pr'o Quilombo dos Palmares
Eu vi!...

Eu nasci! (Eu nasci!)
Há dez mil'anos atrás
(Eu nasci há 10 mil anos!)
E não tem nada nesse mundo
Que eu não saiba demais...(2x)

Eu vi o sangue
Que corria da montanha
Quando Hitler
Chamou toda Alemanha
Vi o soldado
Que sonhava com a amada
Numa cama de campanha
Eu li!
Ei li os símbolos
Sagrados de umbanda
Eu fui criança prá
Poder dançar ciranda
Quando todos
Praguejavam contra o frio
Eu fiz a cama na varanda...

Eu nasci! (Eu nasci!)
Há dez mil'anos atrás
(Eu nasci há 10 mil anos atrás!)
E não tem nada nesse mundo
Que eu não saiba demais...(2x)

Não! Não!
Eu tava junto
Com os macacos na caverna
Eu bebi vinho
Com as mulheres na taberna
E quando a pedra
Despencou da ribanceira
Eu também quebrei a perna
Eu também...

Eu fui testemunha
Do amor de Rapunzel
Eu vi a estrela de Davi
Brilhar no céu
E pr'aquele que provar
Que eu tô mentindo
Eu tiro o meu chapéu...

Eu nasci! (Eu nasci!)
Há dez mil'anos atrás
(Eu nasci há 10 mil anos atrás!)
E não tem nada nesse mundo
Que eu não saiba demais...(3x)


252- Gitã  -  Raul Seixas

Eu que já andei pelos quatro cantos do mundo procurando,
foi justamente num sonho que Ele me falou:

Às vezes você me pergunta
Por que é que eu sou tão calado,
Não falo de amor quase nada,
Nem fico sorrindo ao teu lado.

Você pensa em mim toda hora.
Me come, me cospe, me deixa.
Talvez você não entenda,
Mas hoje eu vou lhe mostrar.

Eu sou a luz das estrelas;
Eu sou a cor do luar;
Eu sou as coisas da vida;
Eu sou o medo de amar.

Eu sou o medo do fraco;
A força da imaginação;
O blefe do jogador;
Eu sou!... Eu fui!... Eu vou!...

Gita! Gita! Gita!
Gita! Gita!

Eu sou o seu sacrifício;
A placa de contra-mão;
O sangue no olhar do vampiro
E as juras de maldição.

Eu sou a vela que acende;
Eu sou a luz que se apaga;
Eu sou a beira do abismo;
Eu sou o tudo e o nada.

Por que você me pergunta?
Perguntas não vão lhe mostrar
Que eu sou feito da terra,
Do fogo, da água e do ar!

Você me tem todo dia,
Mas não sabe se é bom ou ruim.
Mas saiba que eu estou em você,
Mas você não está em mim.

Das telhas eu sou o telhado;
A pesca do pescador;
A letra "A" tem meu nome;
Dos sonhos eu sou o amor.

Eu sou a dona de casa
Nos pegue pagues do mundo;
Eu sou a mão do carrasco;
Sou raso, largo, profundo.

Gita! Gita! Gita!
Gita! Gita!

Eu sou a mosca da sopa
E o dente do tubarão;
Eu sou os olhos do cego
E a cegueira da visão.

Eu!
Mas eu sou o amargo da língua,
A mãe, o pai e o avô;
O filho que ainda não veio;
O início, o fim e o meio.
O início, o fim e o meio.
Eu sou o início,
O fim e o meio.
Eu sou o início
O fim e o meio.

Para conversar:

Gita é baseada no livro sagrado indiano escrito há 6 mil anos é o livro sagrado mais antigo da face da Terra.Bhagavad-Gitã, parte do Mahabarata, que seria a “bíblia” da religião hindu de Krishna. No texto um guerreiro, Arjuna, interroga Krishna sobre o seu significado (de Krishna). Krishna responde com frases como: “Entre as estrelas sou a lua… entre os animais selvagens sou o leão… dos peixes eu sou o tubarão…. de todas as criações eu sou o início e também o fim e também o meio… das letras eu sou a letra A… eu sou a morte que tudo devora e o gerador de todas as coisas ainda por existir… sou o jogo de azar dos enganadores…” em que obviamente se basearam os versos de Gita. ..
A doutrina da religião hinduísta é baseada no panteísmo. O panteísmo é a crença em que Deus está em todas coisas da natureza, não está em um só lugar e não é um determinado ser ou pessoa; deus para os hinduístas é a própria natureza. É isso o que diz a música toda: “Eu sou a luz das estrelas, Eu sou a cor do luar, Eu sou as coisas da vida, Eu sou o medo de amar”; “Por que você me pergunta, perguntas não vão lhe mostrar que Eu sou feito da terra, do fogo, da água e do ar…”.
A música foi inspirada do livro Bhagavad Gita, um livro indiano que na verdade, ninguém sabe quem realmente escreveu, é um dos livros mais antigos para os indianos como é a Bíblia para os cristãos.
Esse livro fala da história da revelação do Todo, do absoluto, do que é a vida, do que é DEUS, o que seria a revelação da grande resposta.
Quando a música Gita, do Raul Seixas, diz: Eu sou isso, eu sou aquilo, não está falando do Raul Seixas, de maneira nenhuma, está falando de cada um de nós. Ou seja, do nosso espírito, cada um é a sua própria estrela, luz ou treva, céu ou abismo.
Por mais que a parte exterior do ser humano possa brilhar como uma estrela do céu, o seu interior apesar de está para muitos invisíveis, essa parte que é o nosso espírito, é como a lua que querendo agente ou não, jamais deixará de vê-la em uma linda noite de lua cheia estando a lua bem no centro do céu.
ATIVIDADES:

1. Elaboração de um breve texto em casa sobre o tema da primeira aula de no máximo 15
linhas, com o objetivo de propiciar uma reflexão e material para análise posterior.
2. Participação nas aulas, por meio de perguntas realizadas pelos alunos, de respostas frente
à perguntas propostas pela professora, com o objetivo de exercitar a auto observação da fala, do pensamento, de propiciar desenvolvimento da fala, da defesa de idéias, do raciocínio, da autonomia do pensamento, da interpretação da fala e do texto escrito, do exercício do diálogo, da tolerância com as diferenças, da reflexão sobre as responsabilidades sócias.
3. Aplicação de um questionário para ser respondido:
A. O que é a Filosofia?
B. Qual é a importância, para você, do ensino de Filosofia?
C. Fazer uma análise do poema “GITA” com base no texto “Os pré Socráticos”, destacando a máxima de Protágoras “O Homem é a medida de todas as coisas”.


253- Metamorfose ambulante -  Raul Seixas
Prefiro ser
Essa metamorfose ambulante
Eu prefiro ser
Essa metamorfose ambulante

Do que ter aquela velha opinião
Formada sobre tudo
Do que ter aquela velha opinião
Formada sobre tudo

Eu quero dizer
Agora, o oposto do que eu disse antes
Eu prefiro ser
Essa metamorfose ambulante

Do que ter aquela velha opinião
Formada sobre tudo
Do que ter aquela velha opinião
Formada sobre tudo

Sobre o que é o amor
Sobre o que eu nem sei quem sou

Se hoje eu sou estrela
Amanhã já se apagou
Se hoje eu te odeio
Amanhã lhe tenho amor

Lhe tenho amor
Lhe tenho horror
Lhe faço amor
Eu sou um ator

É chato chegar
A um objetivo num instante
Eu quero viver
Nessa metamorfose ambulante

Do que ter aquela velha opinião
Formada sobre tudo
Do que ter aquela velha opinião
Formada sobre tudo

Sobre o que é o amor
Sobre o que eu nem sei quem sou

Se hoje eu sou estrela
Amanhã já se apagou
Se hoje eu te odeio
Amanhã lhe tenho amor

Lhe tenho amor
Lhe tenho horror
Lhe faço amor
Eu sou um ator

Eu vou lhe desdizer
Aquilo tudo que eu lhe disse antes
Eu prefiro ser
Essa metamorfose ambulante
Do que ter aquela velha opinião
Formada sobre tudo
Do que ter aquela velha opinião
Formada sobre tudo
Eu devia estar contente
Porque eu tenho um emprego
Sou um dito cidadão respeitável
E ganho quatro mil cruzeiros
Por mês...

Eu devia agradecer ao Senhor
Por ter tido sucesso
Na vida como artista
Eu devia estar feliz
Porque consegui comprar
Um Corcel 73...

Eu devia estar alegre
E satisfeito
Por morar em Ipanema
Depois de ter passado
Fome por dois anos
Aqui na Cidade Maravilhosa...

Ah!
Eu devia estar sorrindo
E orgulhoso
Por ter finalmente vencido na vida
Mas eu acho isso uma grande piada
E um tanto quanto perigosa...


254- Ouro de tolo  -  Raul Seixas

Eu devia estar contente
Por ter conseguido
Tudo o que eu quis
Mas confesso abestalhado
Que eu estou decepcionado...
Porque foi tão fácil conseguir
E agora eu me pergunto "e daí?"
Eu tenho uma porção
De coisas grandes prá conquistar
E eu não posso ficar aí parado...

Eu devia estar feliz pelo Senhor
Ter me concedido o domingo
Prá ir com a família
No Jardim Zoológico
Dar pipoca aos macacos...

Ah!
Mas que sujeito chato sou eu
Que não acha nada engraçado
Macaco, praia, carro
Jornal, tobogã
Eu acho tudo isso um saco...

É você olhar no espelho
Se sentir
Um grandessíssimo idiota
Saber que é humano
Ridículo, limitado
Que só usa dez por cento
De sua cabeça animal...

E você ainda acredita
Que é um doutor
Padre ou policial
Que está contribuindo
Com sua parte
Para o nosso belo
Quadro social...

Eu que não me sento
No trono de um apartamento
Com a boca escancarada
Cheia de dentes
Esperando a morte chegar...

Porque longe das cercas
Embandeiradas
Que separam quintais
No cume calmo
Do meu olho que vê
Assenta a sombra sonora
De um disco voador...

Ah!
Eu que não me sento
No trono de um apartamento
Com a boca escancarada
Cheia de dentes
Esperando a morte chegar...

Porque longe das cercas
Embandeiradas
Que separam quintais
No cume calmo
Do meu olho que vê
Assenta a sombra sonora
De um disco voador...


255- Desigualdade social - Ham Cheese

Eles prometem:
Democracia, liberdade
Educação, dignidade
Mais so recebemos:
Miseria, falsidade
Corrupção e desigualdade
Cade a nossa igualdade?

Igualdade social, igualdade social
Queremos apenas ser iguais,
igualdade nessa nação
Desigualdade social,
desigualdade social
Agora nao queremos mais,
pois somos todos cidadão

Poucos ganham muito
E muitos ganham pouco
Deveria ser ao contrario
Ou só estou louco
Enquanto uns andam de limosine
Outros andam de carroça
Enquanto uns comem mais do que pode
Outros morrem de fome

Igualdade social, igualdade social
Queremos apenas ser iguais,
igualdade nessa nação
Desigualdade social,
desigualdade social
Agora nao queremos mais,
pois somos todos cidadão

Enquanto uns tem conta na Suiça
Outros ainda desconhecem o dinheiro
Enquantos uns vivem em mansão
Outros dormem em chiqueiro
Enquanto uns vivem no luxo e sussegados
Outros passam frio
de tanto estarem rasgados
Enquanto uns veem a luz do sol brilhar
Outros veem a luz da noite
por nao ter onde morar.

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