"O Ideb não deve ser um rótulo na escola", diz presidenta do Inep
Cinthia Rodrigues
Clipping Educacional - IG Educação
Prestes
a passar por seu primeiro Enem a frente do órgão de avaliação do MEC,
Malvina Tuttman fala sobre o exame, o Ideb e a avaliação para
professores
A
presidenta do Instituto Nacional de Pesquisas Educacionais (Inep),
Malvina Tuttman, disse que a prova para ingresso de professores na
carreira, que começa a ser aplicada no ano que vem, buscará apaixonados
pela profissão. Ela mesma se declara uma. Em palestra no 4º Fórum
Nacional da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação
(Undime), disse às 905 secretárias presentes que aceitou o convite para o
atual cargo quando o ministro da Educação, Fernando Haddad, disse que
queria uma professora a frente do órgão.
Ao
iG, ela disse ainda que pretende voltar a dar aulas quando se
aposentar, mas defendeu também boa remuneração. "Não é um sacerdócio",
afirmou. A semanas de ser colocada à prova pelo primeiro Exame Nacional
de Ensino Médio (Enem) de sua gestão, ela falou ainda dos custos e das
mudanças para o teste que será feito por 5,4 milhões de candidatos e deu
sua opinião sobre o projeto de expor o Ideb em placas na porta da
escola.Leia íntegra:
iG: A sra. pediu às
dirigentes municipais que façam adesão à prova que será aplicada a
professores em fevereiro e março como forma de testar para a avaliação
de docentes para ingresso nas redes. O teste vai ter algum valor?
Malvina
Tuttman: Não vale nada. Apenas precisamos pré-testar os itens para que
eles façam parte do banco de itens. É como se a gente testasse as
perguntas de uma pesquisa, para ver se as respostas nos dizem o que
estávamos querendo saber. Se não tivermos nenhuma mudança no cronograma,
a primeira prova para valer vai ser aplicada em agosto. Neste sentido,
as secretarias agora estaria apenas ajudando, a adesão mesmo será depois
quando cada uma fará um edital para dizer se vai usar ou não o teste
para a contratação de pessoal.
"O Ideb não deve ser um rótulo na escola", diz Malvina Tuttman, presidente do Inep
Quais vão ser as novidades do Enem deste ano?
Malvina:
Fizemos um Termo de Ajuste de Conduta com o Ministério Público em que
nos comprometemos a mostrar o espelho (a correção) da prova. O acesso
vai ser tanto para a prova objetiva como para a redação, mas é em
caráter pedagógico. A própria Justiça considerou que os argumentos
apresentados pelo Inep sobre possibilidade de recursos são válidos (o
Inep alega que nenhum educacional aceita recurso por causar lentidão ao
processo). Sempre defendi que as pessoas têm o direito de ver a
correção, mais ainda, acho que pedagogicamente é fundamental.
Por que o Enem foi orçado 190% mais caro em 2012?
Malvina:
Não ficou mais caro. Foram ampliadas algumas questões para atender
melhor todos aqueles que desejam fazer, mas não ficou mais caro. O valor
por aluno, de R$ 45, é 50% menor do que os concursos vestibulares. Há
uma diferença em relação ao ano passado, por conta do investimento para
fazer um exame cada vez mais qualificado.
Ao apresentar a matriz de
referência com as habilidades desejadas nos professores a sra. falou
várias vezes em paixão. O governador do Ceará, Cid Gomes, disse que
professor tem que trabalhar por amor, não por dinheiro. A sra concorda?
Malvina:
Não vou analisar as palavras do governador, vou refletir sobre esta
situação a partir da minha própria fala. Tudo que fazemos tem que ter
paixão, tem que ter a nossa alma, tem que ter o nosso sangue. Se você
não gostar do que você faz, dificilmente fará com qualidade. Isso é uma
coisa, outra é um plano de carreira, uma remuneração digna para um
profissional de extrema importância no País. Nós não podemos misturar e
dizer que é um sacerdócio, não é. Acho mesmo que precisa ter paixão, eu
quero voltar à sala de aula quando me aposentar porque foi lá que
aprendi com meus alunos a ter paixão por ser professora, mas eu me
sustento e sustento minha família com o meu salário.
O que a sra. acha do Ideb na porta da escola?
Malvina:
Vou falar como professora, como pedagoga, como mestre e doutora em
Educação e também pela minha experiência em avaliação por conta da minha
prática cotidiana. O Ideb dá a possibilidade de se encaminhar ações
políticas para, se for o caso, transformar uma realidade e colocá-la no
rumo desejado. Sempre há um marco de referência e a avaliação nos
permite perceber a que distância estamos dele e a partir daí buscar o
ideal desejado. Na escola, isso fica posto no projeto pedagógico que
deve ser elaborado em parceria com a comunidade e com os profissionais
da escola. O Ideb é um indicador importante, mas é um recorte, ele não é
a totalidade da escola, a alma da escola, mas serve como parâmetro para
se perceber em muitos aspectos a que distância a escola está daquele
ideal de referência, mas isso é importante para a escola. Este Ideb deve
ser conhecido de todos, mas conhecido para que a escola possa rever seu
próprio projeto e avançar cada vez mais.
Não ficou claro, se a sra. é a favor ou contra as placas.
Malvina: Eu sou a favor de que o Ideb seja público, mas não que seja um rótulo da escola.
A Prova ABC, que avaliou 6 mil crianças de 8 anos, será ampliada?
Malvina:
Esse é um projeto com várias parcerias. O Inep tem contribuído no
sentido de oferecer itens para a porta. Quanto mais avaliações e
instrumentos de medidas tivermos, melhor. Se houver possibilidade de
ampliar para melhor podermos perceber a realidade dos estudantes, eu
apoio. Mas não há nenhum plano efetivo por parte do Inep de aumentar por
enquanto.
fonte: http://ultimosegundo.ig.com.br/
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