História/dinâmica
VENDO E COMPREENDEDON O TODO - ENXERGANDO O CONTEXTO
Mark, competente tradutor e professor universitário, inglês de nascimento e senso de humor, brasileiro de coração, conta a história mais ou menos assim.
Depois de alguns anos de desejo incontrolável, ele finalmente ganhou uma bicicleta no Natal. Em dezembro, faz muito frio na Inglaterra e, naquele ano, nevou bastante. Durante dois dias, ansiou pelo momento em que subiria na bicicleta e aprenderia a pedalar. Nada de sol no horizonte. Desolado, tocava os pneus novinhos, os pedais ainda enrolados em papel, o selim de couro macio. No terceiro dia, o avô apareceu inesperadamente no início da tarde. Diz ele que boa parte do que sabe, hoje, aprendeu com o avô, meio sábio, meio gênio, meio menino, meio louco. "Triste, não é?... olhar a bicicleta e não poder sair pelo campo, pela montanha, pelo mundo! Principalmente quando não se sabe pedalar. Mas eu vou ensinar uma coisa a você que nenhum outro garoto sabe fazer."
Sentou-se no tapete que ficava sobre o chão da varanda e, cuidadosa, pacientemente, desmontou com o neto a bicicleta inteirinha. Mostrou cada peça com entusiasmo, observando a posição, o encaixe, o parafuso e a função no veículo. Quando nada mais estava no lugar, os dois levantaram-se e foram tomar chá quente com bombons ao pé da lareira da sala.
Momentos depois, o pai de Mark chegou do trabalho e, pela janela do carro, deparou com a montanha de pedaços de metal e borracha espalhados pelo piso. Reconheceu, perplexo, a bicicleta que comprara com dificuldade antes do Natal; ao lado, viu o boné do filho e as luvas do sogro. A irritação substituiu a surpresa e ele ficou alguns minutos do lado de fora, decidindo que castigo daria ao menino e de que maneira exprimiria sua profunda indignação ao avô. Ao abrir a porta, viu-os bem juntos no sofá, conversando e rindo em voz baixa, tranqüilos, quase angelicais.
"Amanhã, na hora do almoço, sem desculpas, quero esta bicicleta completamente montada!", foi o que conseguiu dizer.
No dia seguinte, bem cedo, assim que os pais saíram para trabalhar, o menino ouviu o chamado do avô. "Vou ensinar outra coisa que ninguém saberia fazer."
Sentados no tapete da varanda, relembraram a função de cada peça e observaram o parafuso, o encaixe, a posição dela no veículo. Depois de algumas horas, encostaram a bicicleta montada na parede da casa e, com o malicioso olhar de quem conhece o poder da mente humana, olharam para o sol tímido que começava a aparecer.
"Agora, acho que você já pode aprender a pedalar.", disse o avô ao neto aliviado.
Mark costuma narrar a história, dando risadas, mas, não sei bem por quê, sempre escuto tudo meio comovida. (Martins, 2003)
O Ensino e a aprendizagem passam por passos simples, complexos, exigentes de reflexão e necessitados de análise de cada situação.
Desafio aos Grupos - Que relação você faz da história com interpretação de texto?
Aplicando a história a interpretação de texto...
Uma rápida olhada no texto é como esse pai que chega, vê as peças esparramadas, e não enxerga o contexto. Analisar o texto é desmanchá-lo peça por peça, observando, cuidadosamente a forma, o conceito e a função de cada peça para recompor o todo. Mais do que leitura, o texto exige intelecção (entendimento) para haver compreensão completa. Acho que Jesus fazia intelecção ao "ler" seus discípulos, alunos. A compreensão era completa. Ele faz isso com você e comigo.
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