Pular para o conteúdo principal

7 pecados da reunião pedagógica

1 Participação facultativa

O que acontece
A escola não obriga os professores a comparecer aos encontros de formação, pois:
- A rede não paga pelos horários de estudo coletivo.
- Os docentes trabalham em mais de uma escola.
- A prioridade é dada às tarefas individuais (como corrigir lição de casa), em detrimento das coletivas.

Por que é um erro
Se alguns docentes participam da formação e outros não, o ensino na escola não se desenvolve como um todo: os alunos dos professores que vão atrás da formação aprenderão, enquanto os outros, não. Também não há troca de experiências ou aperfeiçoamento de estratégias. "O trabalho pedagógico pede um esforço conjunto para o planejamento de maneiras eficazes a fim de que os alunos avancem. Caso contrário, há um empobrecimento do currículo e dos processos didáticos", diz Inês Assunção de Castro Teixeira, pesquisadora, socióloga e professora da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

Como corrigir
Se o problema é o não-pagamento das horas de formação, a categoria tem o direito de pedir a regulamentação junto à Secretaria de Educação. Até que haja mudanças, é preciso buscar alternativas, como montar um calendário que preveja encontros regulares do coordenador com os professores, agrupados por série, ciclo ou disciplina - que também resolvem o problema quando parte da equipe não cumpre jornada integral. Contudo, se os docentes são dispensados, os gestores precisam rever seus conceitos sobre a qualidade do ensino e procurar capacitação.

2 Ausência de regularidade das reuniões

O que acontece Às vezes, o problema da obrigatoriedade é solucionado, mas não existe periodicidade para os encontros porque:
- As reuniões não estão previstas no calendário.
- Os encontros, quando marcados, são cancelados.
- A equipe só se reúne quando há alguma urgência. 

Por que é um erro
É impossível desenvolver uma sequência formativa bem encadeada quando os encontros ocorrem de vez em quando. "Sem regularidade, o coordenador pedagógico não consegue acompanhar o uso das estratégias para ver se elas estão dando resultados e dar retorno para o grupo a tempo de fazer os ajustes necessários no planejamento", diz Marisa Garcia, professora do Instituto Superior de Educação Vera Cruz (Isevec), em São Paulo. 

Como corrigir
É imprescindível que o coordenador monte um cronograma prevendo a frequência do trabalho pedagógico coletivo e respeite-o. Encontros semanais ou quinzenais, com duração de mínima de duas horas, são o ideal.

3 Inexistência de plano anual de formação

O que acontece
Ainda que os encontros sejam frequentes, o deslize aparece quando os temas não têm progressão ou conexão uns com os outros ou tratam de assuntos sazonais, como Copa do Mundo ou gripe H1N1. Isso acontece porque:
- Falta formação para o coordenador ser formador.
- Os profissionais não têm tempo de planejamento e instala-se a cultura do improviso na escola.

Por que é um erro
O planejamento e o encadeamento dos encontros garantem o desenvolvimento progressivo dos conteúdos. Um tema só é bem trabalhado quando os professores estudam juntos, pesquisam, usam os novos conhecimentos em sala de aula, voltam com dúvidas para debater com o coordenador e os colegas e utilizam com os alunos, em várias oportunidades, as estratégias estudadas.

Como corrigir
O planejamento deve ser feito com base em dois pontos: o diagnóstico da aprendizagem dos alunos e o histórico da formação de professores realizada na escola. O primeiro aponta os conteúdos a serem estudados (aqueles em que os alunos apresentam dificuldade). Já o segundo mostra como o grupo pode avançar e que, de acordo com a rotatividade de professores, certos temas podem ser retomados ou tratados em orientações individuais. Nesse sentido, é fundamental que os encontros sejam registrados (confira como fazer uma avaliação diagnóstica em Matemática e em Língua Portuguesa)


4 Indefinição de pautas

O que acontece
O coordenador pedagógico pode até fazer um plano de formação, mas peca na condução dos encontros e se deixa atropelar por temas que não se relacionam com a prática de sala de aula. Isso geralmente ocorre quando ele:
- Esquece as necessidades de aprendizagem dos alunos ao organizar cada reunião.
- Detecta as necessidades, mas não estuda os conteúdos nem as didáticas específicas.
- Deixa que os docentes falem aleatoriamente sobre suas experiências sem relacioná-las às teorias.
- Tenta dar conta de muitos assuntos e não se aprofunda em nenhum deles.
- Fala sozinho durante todo o encontro, sem promover a interação entre os professores.
- Utiliza o tempo disponível para divulgar informes oficiais e administrativos.

Por que é um erro
Se a reunião não estiver organizada de forma a prever todos os momentos necessários à boa formação - como um tempo para leituras, apresentação e análise de casos à luz das teorias, debate entre os participantes e solução de dúvidas -, não será eficaz.

Como corrigir
O tempo da formação deve ser reservado apenas para os assuntos pedagógicos - temas administrativos podem ser tratados em reuniões específicas para esse fim ou por meio de bilhetes e e-mails. Cabe ao coordenador não deixar que a conversa durante a reunião perca o foco. É função do diretor assegurar que o coordenador tenha tempo para planejar adequadamente o HTPC.


5 Inadequação do espaço

O que acontece
Não basta ter pautas bem planejadas e relacionadas com a prática pedagógica se os encontros de formação são realizados em locais tumultuados, como a secretaria da escola, ou em salas inadequadas. Os problemas com o espaço em geral surgem quando:
- A escola é pequena e não há sala para reuniões.
- Não há planejamento para o uso dos ambientes escolares e, na hora da reunião, arranja-se um local qualquer, com mobiliário improvisado (mais uma vez, a cultura do improviso ditando as regras).

Por que é um erro
O espaço influencia o andamento e a progressão dos trabalhos. Sem um conforto mínimo, os professores certamente terão dificuldade em se concentrar e fazer registros.

Como corrigir
É certo que aparelhos como computador e data show auxiliam na explanação e exemplificação dos assuntos abordados. Mas uma sala tranquila, com mesas e cadeiras apropriadas, e um quadro negro, ou flip-chart, também resolvem. Pode ser a sala dos professores ou mesmo a biblioteca. O importante é criar um espaço que convide os professores a ler, estudar, escrever, pensar e discutir com os colegas. Uma bandeja com café e água também ajuda a acolher os participantes.



6 Uso de atividades de motivação

O que acontece
Às vezes, a gestão do tempo e do espaço é bem feita, mas os encontros são recheados com leituras para emocionar ou transmitir lições de moral; encenação de peças teatrais; apresentação de canções e propostas de pinturas e desenhos que nada têm a ver com a prática pedagógica; desabafos sobre fatos do dia a dia; palestras com profissionais que promovem a autoajuda; atividades em que os professores são desafiados a dar respostas certas e recebem prêmios; e uso de textos motivacionais. Isso ocorre porque:
- Os gestores não compreendem que tais atividades não melhoram de fato a prática pedagógica.
- Há confusão entre o que são questões pedagógicas e profissionais e o que são questões pessoais.

Por que é um erro
Atividades motivacionais podem divertir e aliviar a tensão, mas não se refletem na compreensão dos docentes sobre o que ensinar nem promovem benefícios concretos para os estudantes. "Não há reflexão produtiva sem considerar os conhecimentos prévios, didáticos e pedagógicos da equipe", diz Beatriz Gouveia.

Como corrigir
Os gestores devem refletir sobre como as atividades desenvolvidas no horário de trabalho pedagógico coletivo incidem no processo de ensino e aprendizagem: o professor aprendeu novos conteúdos? Tirou dúvidas sobre como ensinar? Trocou experiências sobre a prática? A ampliação do repertório cultural também deve ser considerada, não com a troca de mensagens motivacionais, mas com boas indicações de leituras e filmes e valorização da cultura local.


7 Dispensa de alunos

O que acontece
Ainda que os deslizes anteriores tenham sido evitados, na hora das reuniões os alunos não têm aulas - ou voltam para casa ou ficam soltos pela escola. Em geral, isso acontece porque:
- Os professores precisam participar da formação continuada no horário de aula, pois não recebem pelas horas de estudo.
- Não há professores auxiliares ou outros profissionais que desenvolvam alguma atividade ou projeto enquanto os docentes estudam.

Por que é um erro
O aluno tem direito a ter os 200 dias letivos de aulas por ano e qualquer subtração nesse total significa a perda de momentos importantes para a aprendizagem e o prejuízo no andamento do currículo. Quando os alunos permanecem na escola sem nenhuma proposta e supervisão, professores e gestores não encontram condições adequadas para estudar, já que muitas vezes são interrompidos pela bagunça ou para solucionar problemas entre as crianças e os adolescentes.

Como corrigir
Assim como a falta de obrigatoriedade, a dispensa de alunos pode estar relacionada à não-regulamentação da formação em serviço. Nesse caso, o ideal também é buscar a oficialização do horário. Como medida provisória, é possível pedir que professores auxiliares ou funcionários da escola fiquem com os estudantes durante a reunião. "Projetos de jogos ou leitura são educativos e, por isso, sempre bem-vindos. E toda a equipe pode receber capacitação para desenvolvê-los", sugere Beatriz Gouveia, do Instituto Avisa Lá.
Quer saber mais?
CONTATOS
Beatriz Gouveia

Inês Assunção de Castro Teixeira

Marisa Garcia

Telma Weisz


BIBLIOGRAFIA
Ensinar - Tarefa para Profissionais
, Beatriz Cardoso, Delia Lerner, Neide Nogueira e Tereza Perez (orgs.),
406 págs., Ed. Record, tel. (21) 2585 2000, 47,90 reais
Mediação Dialética na Educação Escolar - Teoria e Prática
, José Luiz Vieira de Almeida, Maria Eliza Brefere Arnoni e Edílson Moreira de Oliveira, 184 págs., Ed. Loyola, tel. (11) 2063-4275, 26,50 reais
Questões da Formação Continuada de Professores
, Paulo César Géglio, 104 págs., Ed. Alfa-Omega,
tel. (11) 3062- 6400, 46 reais
Teorias e Práticas na Formação de Professores
, Maria Antonia Granville (org.), 240 págs., Ed. Papirus,
tel. (19) 3272-4500 44,90 reais









Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

PLANO DE AULA: TEMA - VARIAÇÕES LINGUÍSTICAS

PLANO DE AULA: TEMA - VARIAÇÕES LINGUÍSTICAS Plano de aula Língua Portuguesa Tema: Variações Linguísticas Tempo: 12 aulas. OBEJETIVOS : - Refletir sobre as variações da língua no decorrer do tempo. - Valorizar as diferenças culturais e linguísticas. - Usar a linguagem com autonomia e sem preconceitos Materiais utilizados e disponíveis neste planejamento . Textos variados; Filme – Tapete Vermelho Exercícios variados Avaliação da aprendizagem 1ª Aula: (momento descontração ) Leitura dos seguintes textos .             I - Declaração Mineira de Amor aos Amigos ... Declaração Mineira de Amor aos Amigos... . Amo ocê ! . Ocê é o colírio du meu ôiu. É o chicrete garrado na minha carça dins. É a mairionese du meu pão. É o cisco nu meu ôiu (o ôtro oiu - tenho dois). O rechei du meu biscoito. A masstumate du meu macarrão. Nossinhora! Gosto dimais DA conta docê, uai. Ocê é tamém: O videperfume DA minha pintiadêra. O dentifriço DA minha iscovdidente.

PLANO DE AULA DO 6º AO 9º ANO

CADERNO DE: PLANOS DE AULA 01 Tema: DESENVOLVIMENTO DO GOSTO PELA LEITURA II OBJETIVOS Identificar o ritmo, a sonoridade, a musicalidade e expressividade presentes no texto. -desenvolver as habilidades de ler, ouvir e interpretar o texto III – Síntese dos procedimentos -Cantar com os professores -Interpretação escrita do texto. Leitura ora e do texto (música: E vamos à luta, de Gonzaguinha) pelos professores e pelos os alunos. -Ouvir com atenção a letra cantada. -Cantar com os professores. -Interpretação oral do texto. IV – Recursos -Professores -Alunos -Aparelho de som / Piloto / Som 02 Tema: PRODUÇÃO DE TEXTO (Quem Conta um Conto ) II - Objetivos -Criar oportunidades para que os alunos descubram a expressão escrita como forma de comunicação e de interlocução. -Despertar o interesse dos alunos para usar a escrita como uma maneira de ter uma visão de mundo mais abrangente e dinamizada. III – Síntese dos procedimentos -Discut

PLANEJAMENTO ANUAL – LÍNGUA PORTUGUESA 8º ano

PLANEJAMENTO ANUAL – LÍNGUA PORTUGUESA      8º ano Professor: Objetivos gerais: ·          Envolver os estudantes em atividades em que serão priorizadas a produção e interpretação de textos. ·          Trabalhar, sistematicamente, a leitura de textos de diferentes gêneros. ·          Construir interpretação crítica na leitura textual abordando tópicos que interessem a faixa etária, consoantes ao contexto sócio-cultural da comunidade intra e extra-classe. ·          Abordar o conteúdo gramatical com base na leitura e produção textual. Conteúdo geral: Ø   1º Bimestre: ·          O texto teatral ·          A crítica ·          Discurso direto e discurso indireto ·          Sujeito indeterminado ·          Oração sem sujeito ·          Conceito de verbo ·          Vozes do verbo ·          Imperativo negativo ·          Modo indicativo ·          Frase e oração ·          Intertextualidade ·          Tu/vós (variedade linguísticas) Ø   2º Bimestre: ·          Crônica ·          Deno