Literatura do 6º ao 9º ano: ensine a teoria sem deixar de lado as práticas de leitura
Nos anos finais do Ensino Fundamental,
ler sobre os livros é tão importante quanto ler os livros. A turma
precisa começar a entender os diferentes estilos e recursos linguísticos
usados pelos autores, sem deixar de lado as práticas de leitura
Foto: Omar Paixão
Chegou a hora de (além de ler
para ampliar o repertório de obras e autores) começar a estudar a
literatura. Nos anos finais do Ensino Fundamental, o ideal é que a turma
analise os recursos linguísticos, os detalhes das histórias e as
diferentes características dos textos literários sem se esquecer do
hábito de ler (aquilo que os especialistas chamam de práticas sociais de
leitura). É importante apresentar textos mais complexos aos alunos e
lançar mão de conhecimentos teóricos para entendê-los melhor.
Por que ler e ensinar literatura
Para ir além do simples hábito
de ler. Quando lemos um livro de poesias, elas nos emocionam e nos fazem
refletir, buscar interpretações possíveis e tirar conclusões. E se
alguém contar que essa obra foi escrita durante uma guerra, por exemplo,
quando todos os escritores eram perseguidos? Ou chamar a nossa atenção
para a estrutura do poema e nos fizer pensar por que o autor usa cada
palavra, cada figura de linguagem? Com certeza, nossa visão sobre a obra
vai mudar e vamos entender melhor aquele conjunto de versos. É isso que
acontece quando você alia o ensino da literatura às práticas de
leitura. Os alunos aproveitam a teoria para ampliar o olhar sobre os
livros.
Quem lê
Nessa etapa da escolarização, o
jovem precisa se acostumar à leitura autônoma. Mas algumas atividades
coletivas podem ser mantidas (um bom exemplo é a leitura, pelo
professor, de um texto de difícil compreensão, com o objetivo de ajudar
na interpretação). Seu papel passa a ser o de orientador, que apresenta
novidades e levanta questões para o desenvolvimento do senso crítico,
sempre valorizando a opinião de todos. As atividades individuais de
leitura são essenciais para criar uma relação pessoal com os livros, que
se mantém pelo resto da vida.
Como ler
"Um segredo para formar leitores
é misturar os momentos de leitura íntima, silenciosa e pessoal com
outros de troca sobre como cada aluno se relaciona com o que leu",
escreveu recentemente num artigo a argentina Nora Solari, especialista
em Didática da Língua e da Literatura. Levar os jovens a falar sobre
textos literários com os colegas é uma boa maneira de manter e ampliar
seus hábitos leitores. Ao fazer com que os estudantes se aproximem de um
livro que querem ler, você os coloca diante de um desafio. A turma terá
de discutir e confrontar ideias para construir significados em relação à
obra, terá de procurar as respostas escondidas nas entrelinhas (e esse
prazer de entender melhor os livros é um dos grandes baratos da
literatura).
Quando ler
A leitura continua sendo uma
atividade permanente do 6º ao 9º ano. Cabe a você organizar o
planejamento para incluir tanto as obras obrigatórias, estudadas nas
aulas de teoria literária, como os textos escolhidos livremente pelos
alunos.
Onde ler
A exemplo do que já foi dito em
relação aos anos iniciais do Ensino Fundamental, não há espaços
específicos para ler. O aluno que tem o hábito da leitura busca os
próprios cantos.
O que ler
Na hora de ajudar a turma a
escolher os livros, é importante conhecer o repertório e os interesses
dos estudantes (coisas que cada um curte fazer nos fins de semana,
assuntos que lhes interessam). Com base nisso, fica mais fácil sugerir
leituras que farão sucesso. Segundo Rildo Cosson, autor de Letramento
Literário: Teoria e Prática, indicar uma obra que dialogue com um jogo
de videogame é um meio poderoso de atrair a garotada para a história.
Além disso, a consolidação dos hábitos de leitura permite explorar
textos mais difíceis e desafiadores, bem como conhecer novos autores e
estilos (confira no quadro abaixo algumas indicações para os estudantes
do 6º ao 9º ano).
Foto: Omar Paixão
Os erros mais comuns
- Analisar só os aspectos
gramaticais. Deixar de lado as interpretações de um livro está muito
longe de ser uma boa forma de desenvolver comportamentos leitores na
turma.
- Separar forma e conteúdo.
Colocar em discussão apenas os temas tratados no livro e deixar de lado a
forma é um problema recorrente nas aulas de Língua Portuguesa. A
interpretação completa de uma obra depende não só do que é dito, mas de
como é dito. Até porque todo mundo sabe que um poema é diferente de uma
crônica ou conto.
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