Leitura
Televisão, DVD, computador, internet e jogos eletrônicos. Esses têm sido
os passatempos preferidos da garotada nos dias de hoje. Não é à toa que
hoje temos jovens que escrevem mal, encontram dificuldades em redação e
interpretação de texto e possuem pouco senso crítico diante das
informações que recebem. A raiz do problema pode ter várias
ramificações, mas uma delas, a mais importante, é a falta do hábito da
leitura. Nas páginas de um livro, a criança descobre muito mais do que
um mundo de imaginação. Se cultivada desde a mais tenra idade, a leitura
pode ser uma excelente maneira de trabalhar vocabulário, imaginação,
criatividade, escrita e sensibilidade. Ou seja: mais do que um prazer,
ela também é fonte de aprendizado e conhecimento.
Descoberta
É nos primeiros anos de vida que se deve incentivar a paixão pelos
livros. Crianças pequenas adoram ouvir histórias, ainda mais se elas
forem contadas de forma animada e divertida. Até o segundo ano de vida,
os livros devem ser ricamente ilustrados, de preferência com gravuras
que façam parte do universo infantil. Num livro infantil, a ilustração é
muito importante. Ela é o primeiro convite para o livro. Por meio dela,
as crianças começam a aprender algumas palavras, a associar as figuras a
determinados objetos.
Nesta fase da vida, os pais devem se encarregar de contar as histórias e
também de apresentar os livros às crianças, ajudando-as a manuseá-los e
mostrando a elas as ilustrações. Na hora de contar a história, vale
usar entonações diferentes de voz, fazer com que a criança participe da
história e, se necessário, usar bonecos para prender a atenção. Quando
os pais lêem para os filhos, estabelecem um vínculo afetivo importante,
que vai ajudar no desenvolvimento emocional da criança.
Dos dois anos até a idade de alfabetização, a criança ainda não tem
muita concentração. Por isso, os livros indicados para essa faixa etária
possuem histórias curtas. O gênero predileto é o conto de fadas, que
trabalha bastante a imaginação infantil, de modo que as crianças se
envolvem diretamente com a história. Tanto que não é incomum que elas
peçam aos pais que leiam várias vezes a mesma historinha, de tanto que
se identificam com as personagens. Outra característica interessante dos
livros voltados a essa faixa etária aparece naqueles dirigidos a
crianças que estão passando pela alfabetização: o texto tem frases
breves e fonemas fáceis para o entendimento das crianças, o que as
incentiva a começar a ler sozinhas.
A partir dos sete anos de idade, inicia-se uma nova fase. As primeiras
dificuldades de leitura ficam para trás, o pensamento lógico se
desenvolve de forma a permitir que a criança comece a lidar com idéias
abstratas e os livros começam a ficar mais complexos. Ao invés de
histórias curtas, as crianças dão preferência a enredos maiores,
divididos em capítulos. “Quando estão na 1ª e 2ª séries, elas apreciam
contos folclóricos e fábulas curtas. Os contos bíblicos entram lá pela
3ª série. Na 4ª série, apreciam as sátiras aos contos de fadas. Na 5ª e
6ª séries, apreciam personagens que fizeram algo pela humanidade, ou
seja, heróis e heroínas. A partir da 7ª série, estão prontos para a
história do mundo.
A interpretação das ilustrações também ganha novos contornos. As figuras
proporcionam à criança múltiplos olhares sobre um mesmo tema. Livros
que são ilustrados por vários artistas, por exemplo, proporcionam isso.
Quanto mais você alimentar o imaginário da criança, mesmo que seja
através da figura, melhor. Na adolescência, o gosto literário se torna
mais variado. Porém, independentemente do tema, o jovem lê tramas mais
bem-elaboradas e coerentes, começando a moldar suas preferências para a
idade adulta.
O poder dos contos de fada
É no contato com histórias repletas de personagens de fantasia que as
crianças desenvolvem seus primeiros conceitos sobre o mundo. Diante de
conceitos como bom e mau, feio e bonito, defeitos e virtudes, a criança
começa a trabalhar suas próprias crenças e a demonstrar seus sentimentos
diante de determinadas situações: medo, raiva, frustração, revolta,
alegria. Isso acontece porque, de alguma forma, ela tende a se
identificar com algumas histórias, de acordo com o momento que está
vivendo. Histórias falam de amor, rejeição, medo de abandono,
competição, diferenças. A criança se transporta para o mundo do
personagem e encontra ali alguns de seus problemas e desejos. É por isso
que elas apreciam muito esse tipo de história, porque vêem nelas uma
maneira de interpretar o mundo.
Desenvolvimento
São inúmeros os benefícios do incentivo à leitura desde cedo. Com os
livros, a criança desenvolve o vocabulário, aumenta o repertório de
palavras, aprende a escrever melhor, trabalha a criatividade, a
imaginação e a reflexão.A leitura é importantíssima para o
desenvolvimento cognitivo da criança. Quando ela adquire o hábito de
ler, seu inconsciente é liberado para o fato mais relevante da leitura,
que é a interpretação. Existem alunos que têm dificuldades em várias
disciplinas porque não conseguem interpretarem o que lêem.
O papel dos pais
Como em todas as outras áreas da vida, o exemplo dos pais também conta
muito quando o assunto é literatura. Crianças cujos pais lêem bastante e
se mostram apaixonados pela atividade têm muito mais chance de se
interessarem por ela. Os pais devem dar o exemplo. Se gostam de ler, se
estão sempre com um livro na mão, a criança também vai querer fazer
isso. Levar a livrarias, rodas de leitura, eventos literários e centros
culturais também ajudam muito, pois despertam a curiosidade e incentivam
a intimidade da criança com os livros. Pais que não lêem e não
incentivam a leitura, por tanto, não podem reclamar da falta de
interesse dos filhos.
O papel da escola
Assim como os pais, a escola também tem papel fundamental no incentivo à
leitura. A realidade brasileira nos mostra que o acesso de grande parte
da população aos livros é muito restrito. Há muitas crianças cujas
famílias mal têm dinheiro para se sustentar, então é claro que não terão
recursos para adquirir livros. Então, cabe à escola surprir esse falta,
oferecendo bibliotecas e salas de leitura.
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