Trabalho em equipe: é possível fazê-lo nas escolas?
Compreendo
essas indagações, pois, de fato, pouco se verifica um trabalho
integrado entre professores e suas disciplinas (salvo casos - isolados -
de sucesso, que aparecem em reportagens). Ainda mais porque, na minha
opinião, nas semanas de planejamento feitas pelas escolas, seja no
início ou no meio do ano, pouco se aborda a questão didática e de
desenvolvimento de projetos.
Há
alguns anos, a convite da diretora de uma escola pública, ministrei uma
palestra sobre a importância da leitura e como os professores podem
incentivá-la em sala de aula. Percebi olhares de professores de
matemática, história, artes etc. que me "diziam": isso não é comigo, é
com os professores de português. E, embora tenha procurado trazer
exemplos de todas as disciplinas, não senti que havia os convencido. A
boa notícia (acho) é que essa palestra ocorreu há uns 7 anos e espero
que a realidade desta (e de outras tantas) escolas tenha mudado.
Assim,
uma primeira ação que deve ser feita, nas escolas, é a elaboração de
uma semana de planejamento que realmente foque na criação de projetos
inter e transdisciplinares, com a maior integração entre os professores,
as disciplinas e os conteúdos.
Outra
ação que renderia bons frutos é emprestar do meio corporativo as
práticas e dinâmicas de trabalho em equipe, para mostrar quão importante
é compartilhar experiências (boas ou não), agir em conjunto e integrar
os saberes/ as habilidades em foco. Claro que, ao menos inicialmente,
cabe à direção da escola conduzir esse tipo de tarefa de sensibilização,
usando exercícios vivenciais para estimular a troca entre os
professores.
Além
dessa mudança de atitude, é preciso uma outra: o professor não pode se
sentir "dono" do saber de sua disciplina. Não que todos sejam assim, mas
há relatos de que o título do livro "quem mexeu no meu queijo" ainda
representa a realidade em escolas. Só dessa forma, haverá maior
liberdade entre os professores de diferentes disciplinas para trabalhar
em conjunto.
E,
claro, de nada adianta falar sobre projetos sem colocá-los em prática.
Sem dúvida, "dá mais trabalho", "é preciso tempo", mas é realmente
gratificante criar um projeto, colocá-lo em prática e ver os alunos mais
motivados, desenvolvendo suas competências, em vez de ministrar as
mesmas aulas, da mesma forma, há anos.
Portanto,
trabalhar com projetos inter e transdisciplinares não é tarefa das mais
fáceis, por depender de muitas mudanças de ações e atitudes, como tudo
que se refere a educação neste país. Mas se cada professor fizer a sua
parte, algo poderá mudar, para melhor, na formação de nossos alunos/
futuros cidadãos.
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