D18 – Reconhecer o efeito de sentido decorrente da escolha
de uma determinada palavra ou expressão.
Por meio deste descritor, pode-se avaliar a habilidade do
aluno em reconhecer a alteração de significado decorrente da escolha de uma
determinada palavra ou expressão, dependendo da intenção do autor, a qual pode
assumir sentidos diferentes do seu sentido literal.
Essa habilidade é avaliada por meio de um texto no qual o
aluno é solicitado a perceber os efeitos de sentido que o autor quis imprimir
ao texto a partir da escolha de uma linguagem figurada ou da ordem das
palavras, do vocabulário, entre outros.
Exemplo de item do descritor D18:
“Chatear” e “encher”
Um amigo meu me ensina a diferença entre “chatear” e
“encher”. Chatear é assim: você telefona para um escritório qualquer da cidade.
— Alô! Quer me chamar por favor o Valdemar?
— Aqui não tem nenhum Valdemar.
Daí a alguns minutos você liga de novo:
— O Valdemar, por obséquio.
— Cavalheiro, aqui não trabalha nenhum Valdemar.
— Mas não é do número tal?
— É, mas aqui nunca teve nenhum Valdemar.
Mais cinco minutos, você liga o mesmo número:
— Por favor, o Valdemar chegou?
— Vê se te manca, palhaço. Já não lhe disse que o diabo
desse Valdemar nunca trabalhou aqui?
— Mas ele mesmo me disse que trabalhava aí.
— Não chateia.
Daí a dez minutos, liga de novo.
— Escute uma coisa! O Valdemar não deixou pelo menos um
recado? O outro desta vez
a presença da
datilógrafa e diz coisas impublicáveis.
Até aqui é chatear. Para encher, espere passar mais dez
minutos, faça nova ligação:
— Alô! Quem fala? Quem fala aqui é o Valdemar. Alguém
telefonou para mim?
CAMPOS, Paulo Mendes. Para gostar de ler. São
Paulo: Ática, v.2, p. 35.
No trecho
“Cavalheiro, aqui não trabalha nenhum Valdemar” (l. 7), o emprego do termo sublinhado
sugere que o personagem, no contexto,
(A) era gentil.
(B) era curioso.
(C) desconhecia a outra
pessoa.
(D) revelava
impaciência.
D19 – Reconhecer o efeito de sentido decorrente da
exploração de recursos ortográficos e/ou morfossintáticos.
A habilidade que pode ser avaliada por meio deste
descritor, refere-se à identificação pelo aluno do sentido que um recurso
ortográfico, como, por exemplo, diminutivo ou, aumentativo de uma palavra,
entre outros, e/ou os recursos morfossintáticos (forma que as palavras se
apresentam), provocam no leitor, conforme o que o autor deseja expressar no
texto.
Essa habilidade é avaliada por meio de um texto no qual
se requer que o aluno identifique as mudanças de sentido decorrentes das
variações nos padrões gramaticais da língua (ortografia, concordância,
estrutura de frase, entre outros). no texto.
Exemplo de item do descritor D19:,
A CHUVA
A chuva derrubou as pontes. A chuva transbordou os rios.
A chuva molhou os transeuntes. A chuva encharcou as praças. A chuva enferrujou
as máquinas. A chuva enfureceu as marés. A chuva e seu cheiro de terra. A chuva
com sua cabeleira. A chuva esburacou as pedras. A chuva alagou a favela. A
chuva de canivetes. A chuva enxugou a sede. A chuva anoiteceu de tarde. A chuva
e seu brilho prateado. A chuva de retas paralelas sobre a terra curva. A chuva
destroçou os guarda-chuvas. A chuva durou muitos dias. A chuva apagou o
incêndio. A chuva caiu. A chuva derramou-se. A chuva murmurou meu nome. A chuva
ligou o párabrisa.
A chuva acendeu os faróis. A chuva tocou a sirene. A
chuva com a sua crina.
A chuva encheu a piscina. A chuva com as gotas grossas. A
chuva de pingos pretos.
A chuva açoitando as plantas. A chuva senhora da lama. A
chuva sem pena. A chuva apenas. A chuva empenou os móveis. A chuva amarelou os
livros. A chuva corroeu as cercas. A chuva e seu baque seco. A chuva e seu
ruído de vidro. A chuva inchou o brejo. A chuva pingou pelo teto. A chuva
multiplicando insetos. A chuva sobre os varais. A chuva derrubando raios. A
chuva acabou a luz. A chuva molhou os cigarros. A chuva mijou no telhado. A
chuva regou o gramado. A chuva arrepiou os poros. A chuva fez muitas poças. A
chuva secou ao sol.
ANTUNES, Arnaldo. As coisas. São Paulo:
Iluminuras, 1996.
Todas as frases do texto começam com "a chuva".
Esse recurso é
utilizado para
(A) provocar a percepção
do ritmo e da sonoridade.
(B) provocar uma sensação
de relaxamento dos sentidos.
(C) reproduzir exatamente
os sons repetitivos da chuva.
(D) sugerir
a intensidade e a continuidade da chuva.
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