Paralisação dos professores deixa mais de um milhão sem aulas na BA
Professores da rede municipal e estadual aderem a paralisação nacional.
"É uma vergonha, toda semana eles param", opina mãe de alunos.
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Os professores das escolas da rede pública municipal e estadual
realizam paralisação de 48 horas, iniciadas nesta terça-feira (25), em
toda a Bahia. Mais de 1,2 milhão de estudantes precisam interromper as
atividades até quarta-feira (26). Do total, 1,1 milhão é da rede
estadual de ensino e 150 mil estudam em escolas municipais, conforme
informam as secretarias de educação.
Para a empregada doméstica Noêmia Miranda, mãe de dois alunos de
escolas estaduais no bairro da Tancredo Neves, em Salvador, a
interrupção das atividades letivas compromete o aprendizado, porque as
crianças não têm o mesmo ritmo de estudo quando estão em casa. "É uma
vergonha. Toda semana eles [professores] param dois ou três dias, mas na
verdade eu nem sei o que eles estão reivindicando. Meus filhos ficam em
casa, eu mando eles estudarem, mas dormem, enrolam, vão para a
televisão", argumenta.
A mãe acrescenta ainda que as paralisações interferem na programação
das férias das crianças. "Para compensar as aulas perdidas, às vezes tem
aulas aos sábados, além disso, toda criança fica na escola esperando
férias. Isso é motivo de aborrecimento. É justo que eles briguem por
salários, mas é melhor que façam uma longa paralisação, como os
bancários, só voltando depois que resolver", sugere. Um dos filhos, Eric
Miranda, de 12 anos, aluno da Escola Estadual Ignácio Lunelli, diz que o
único ponto positivo da suspensão de aulas é poder acordar mais tarde.
"Acho bom porque acordo mais tarde, mas é ruim porque já estou na 4ª
unidade e atrasa os assuntos para passar de ano e chegar as férias",
opina.
Mobilização
A categoria participa das manifestações da semana do servidor público,
cuja data é comemorada no dia 28 deste mês (sexta-feira). Um protesto
ocorre na manhã desta terça-feira (25), em frente ao Shopping Iguatemi,
na capital baiana.
Rui Oliveira, coordenador do Sindicato dos Trabalhadores em Educação do
estado (APLB), explica que a mobilização desta terça marca o dia da
“luta em defesa do serviço público” e pelo pagamento da correção
salarial chamada Unidade Real de Valor (URV), que está em negociação com
os governos estadual e federal.
“As escolas estão totalmente fechadas. Já amanhã vai ser o dia nacional
da luta em defesa da educação e pela garantia do PIB [Produto Interno
Bruto] para a educação, que vai reunir professores de todos os estados
em Brasília”, comenta Rui Oliveira. Ele acrescenta que cerca de 600
professores da rede pública estão saindo de Salvador em 12 ônibus para a
capital federal.
A Bahia tem 1.476 escolas administradas pelo estado e 421 pelo
município de Salvador, que juntos somam aproximadamente 46 mil
professores – 40 servidores vinculados ao estado e seis à capital.
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