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Língua Portuguesa
Analisando a crônica como gênero literário
Objetivos
1) Analisar e identificar o gênero crônica;
2) Interpretar e verificar os vários recursos utilizados por autores brasileiros;
3) Identificar aspectos e características do gênero;
4) Caracterizar o narrador da crônica.
Ponto de partida
Numa de suas crônicas, Ivan Ângelo comenta como seus leitores se referem a seus escritos: "reportagens", "contos", "comentários", "críticas", "coluna". Estariam errados?
O escritor Fernando Sabino chega a concluir que "crônica é tudo que o autor chama de crônica". O crítico Antônio Cândido, por sua vez, afirma que "a crônica está sempre ajudando a estabelecer ou restabelecer a dimensão das coisas e das pessoas". Algumas características, no entanto, permitem identificar a crônica como gênero literário.
Estratégias
1) Dividir a classe em grupos e selecionar com os alunos um conjunto de crônicas em jornais e revistas;
2) Cada grupo deve escolher uma crônica para discussão e análise. Serão propostos os seguintes tópicos para discussão:
  A crônica narra de forma artística e pessoal fatos do cotidiano, geralmente colhidos no noticiário jornalístico. Que fatos estão enfatizados nesta crônica?
  A crônica geralmente é um texto curto e leve, escrito com objetivo de divertir o leitor e /ou levá-lo a refletir criticamente sobre a vida e o comportamento humano. Como estes dois objetivos estão presentes na crônica escolhida?
  O narrador presente na crônica pode ser do tipo observador ou personagem. Como é o narrador da crônica analisada?
  A crônica emprega geralmente a variedade padrão informal em linguagem curta e direta, próxima do leitor. Analise a linguagem empregada na crônica.
Sugestão de atividades
Os alunos podem partir de situações do cotidiano para a produção de textos. Reunidos em pequenos grupos, podem identificar episódios do cotidiano escolar e comentá-los em forma de pequenas crônicas. Essa atividade ganha maior interesse se for desenvolvida nos últimos anos do Ensino Fundamental.
Sugestões de leitura
  "Comédia para se Ler na Escola", Luiz Fernando Veríssimo, Editora Objetiva.
  "Para Gostar de Ler: Crônicas", Vários autores (volumes 5 e 7), Editora Ática.
  "Sobre a Crônica", Ivan Ângelo, Revista Veja São Paulo, 25 de abril de 2007.

Linguagem jornalística: editorial
Ponto de partida
O editorial é o texto jornalístico que expressa a opinião do meio de comunicação diante de um ou mais fatos contidos numa edição.
Para a atividade, selecione jornais e revistas e peça aos alunos que descubram em que lugar fica o editorial.
Objetivos
1) Identificar e analisar o editorial, seus aspectos e características;
2) Motivar os alunos para a leitura crítica da opinião contida nos editoriais;
3) Desenvolver técnicas de argumentação escrita;
4) Intensificar a precisão semântica;
5) Conhecer e exercitar a coerência e a coesão textuais.
Estratégias
1) Selecione com os alunos vários textos jornalísticos para identificar o editorial;
2) Tente conseguir editoriais históricos (como no tempo da ditadura militar) em que a opinião seria colocada, mas não explicitada;
3) Promova a discussão e estimule a turma a argumentar sobre o assunto;
4) Reúna os alunos em pequenos grupos e peça para criarem seus próprios editoriais;
5) Mostre a impessoalidade do editorial - que traz comentários quase sempre em função de um veículo de comunicação - e faça uma comparação com o texto dissertativo. Você pode mostrar a diferença entre textos dissertativos e argumentativos.
Estudo da linguagem jornalística - reportagem
Ponto de partida
A partir de reportagens tiradas de grandes jornais, mostrar aos alunos o gênero e a linguagem empregada.
Objetivos
1) Analisar e identificar a reportagem, seus aspectos e características;
2) Motivar os alunos para o estudo deste gênero;
3) Desenvolver técnicas de narração;
4) Conhecer e exercitar a capacidade de sintetizar os fatos e de utilizar o tempo verbal correto.
Estratégias
1) Peça aos alunos que tragam reportagens para a sala de aula;
2) Ajude-os a identificar o gênero e suas características distinguindo-os de outros textos jornalísticos como os editoriais e os artigos;
3) Peça que os alunos indiquem as reportagens que consideram bem escritas e que expliquem quais são as qualidades dos textos escolhidos;
4) Aproveite a oportunidade para debater temas polêmicos que estejam presentes nas reportagens;
5) Reforce a necessidade de ler jornais e revistas para manter-se atualizado;
6) Pesquise charges para motivar o desenvolvimento do tema estudado;
7) Reúna os alunos em pequenos grupos e proponha que criem suas próprias reportagens sobre acontecimentos da escola. Enfatize que eles devem levar em conta as mesmas características dos textos que selecionaram.

Plano de Aula sobre Crônicas e Notícia de Jornal:

1) Objetivos:
            Passar aos alunos pela prática da leitura e escrita como  identificar os elementos estruturais e literários de uma crônica e notícia de jornal. E estudo de conteúdos de gramática a partir desses gêneros textuais.
            Se houver recursos na escola pode-se apresentar uma pintura ou vídeo de uma cena qualquer do cotidiano e pedir que os alunos componham a descrição e narração do fato em forma de crônica e em forma de notícia (texto jornalístico). E houver uma eleição das melhores a serem colocadas no mural da escola, e a que for mais votada receber um brinde, uma revista em quadrinhos ou medalha.
            Assistir vídeos que mostrem como funciona um jornal e um telejornal, e o que faz cada um de seus funcionários: redator, noticiarista, repórter, apresentador, arquivista-pesquisador, revisor, repórter-fotográfico, repórter-cinematográfico, diagramador; a diferença entre notícia, noticiário e reportagem, o que seja matéria editorial, manchete, manchetinha, ... E se possível visitar em excursão um jornal e um telejornal, pois: "é lento ensinar por teorias, mas breve e eficaz fazê-lo pelo exemplo" - Sêneca, filósofo romano do século I.

2) Metodologia:
            Inicialmente apresentar um texto curto de notícia e outro de crônica em cartaz letras grandes na lousa referindo-se a um mesmo acontecimento e mesmos personagens envolvidos.
            Informar as características de cada gênero e pedir que convertam a notícia em crônica e a crônica em notícia. Como tarefa para casa cada aluno recortar de jornal duas notícias e identificar as suas partes e as perguntas, elementos e respostas. Formarem grupos de cinco, escolherem uma crônica de autor consagrado da literatura brasileira para lerem em forma de jogral à frente da sala de aula.
 *
a) notícia1 (do inglês NEWS - North, East, West, South - as letras iniciais dos 4 pontos cardeais): é a comunicação ou informação de um fato, em geral fora da rotina costumeira de uma coletividade, empregando para buscá-lo e compô-la a técnica jornalística; o repórter caçando fatos interessantes e vendáveis do cotidiano procura responder a sete perguntas:
PERGUNTAS
ELEMENTOS
RESPOSTAS (DADOS)
QUEM?
Personagens
José da Silva e Ana, e o Arnaldo
QUÊ?
Fato
Suicidou-se o José da Silva, esposo de Ana
QUANDO?
Data
Ontem às 19:36 h, um dia frio, nublado, e triste
ONDE?
Local
Rua dos Desiludidos, 46 - Vila dos Cornos e Abandonados
COMO?
Modo
Um tiro no ouvido, bem ao segundo em que constatou a perfídia
POR QUÊ?
Motivo
Desconfiança de traição confirmada
PARA QUÊ?
Objetivo
Fugir da vergonha e da dor pela perda da amada infiel

            Para atrair a atenção do leitor a notícia deve apresentar certas qualidades: ser nova (o novo atrai mais a atenção), verdadeira (falsa notícia diminui a credibilidade, desacredita o noticiante perante o leitor), interessante (quando atrai o maior número possível de leitores), importante (quando agrada ou influi no comportamento de uma coletividade ou grupo de leitores).
            Tendo obtido os dados o jornalista compõe o texto da notícia em três partes:
            i) um título: este é o anúncio da notícia, resumidamente apresenta o principal do acontecimento a ser noticiado: SUICIDOU-SE ONTEM O COMERCIANTE JOSÉ AO VER A ESPOSA NOS BRAÇOS DE OUTRO.
            ii) cabeça ou lead: sumário do fato e o clímax da ocorrência não importando a ordem cronológica, pode escolher a resposta ao fato que lhe parecer melhor para a veiculação do comunicado noticioso:
            "Desconfiando que sua mulher, Ana Rosinha, o traía com um vizinho (o Arnaldão), José da Silvia, residente na Rua dos Desiludidos, 46, suicidou-se, ontem, com um tiro no ouvido."
            iii) corpo: é o desenvolvimento da cabeça ou lead esmiuçando os detalhes em ordem cronológica crescente, descrescente, ou em forma mista. Tanto aqui como na lead pode-se usar de veracidades sóbrias e claramente expressas ou de hipérboles ou exageros em relação ao fato e emoções relativas a ele de modo a transformar a mensagem límpida e objetiva num subjetivismo interpretativo sensacionalista. Ou seja, se reportagem expositiva limita-se à narração simples e objetiva do fato. Sendo interpretativa inclui maiores esclarecimentos para a melhor compreensão do assunto. E se for opinativa além de expor a notícia e interpretá-la nas suas características procurará subjetivamente opinar, orientar e dirigir a opinião do leitor ou do público, neste caso poderá descambar ao sensacionalismo ou adredemente movimentando a massa para uma idéia ou convicção ideológica.
            Exemplo: "Chegando em casa, estafado do seu dia operoso de trabalho, eram 18 horas e 26 minutos de ontem, o senhor José da Silva, segurança de uma fábrica de peças íntimas femininas, encontrou a esposa já banhada, perfumada e apressada a sair para o culto religioso. Disse-lhe que a janta estava nas panelas para ser requentada no microondas e saiu dando-lhe um beijo ligeiro na face. José custou a crer na possibilidade da sua senhora estar-lhe sendo infiel, e chegou a pensar que a animação de Ana se devia ao fervor religioso e às amizades do grupo onde se reuniam. Porém, alguns bilhetes anônimos inculcavam a sua mente, resolveu apenas tomar um copo de leite e uns três biscoitos e foi-se ao encontro dela igualmente a assistir ao culto daquela noite, ontem, que se iniciaria às 19:30 horas numa travessa da rua de sua casa à altura do número 1259. Aproximando-se viu que ela e o vizinho conhecido como Arnaldão fugiam furtivamente do culto e se dirigiram para a rua dos Apaixonados onde havia a pouco tempo ali se instalado um motel para encontros fortuitos de enamorados. Seguiu-os, e antes que entrassem adentro ao prédio vermelho ilumado presenciou a cena que aos seus olhos em desespero marcou e quebrou algo como num estalo dentro de si. Em choque, transtornado, envergonhado do que diziam os vizinhos já a algum tempo de si, em dor pela perda de sua esposa que estava grávida de dois meses e não sabia mais se o filho era seu ou daquela relação pérfida, vendo-os beijarem-se em sorrisos de fogo de paixão e conversas de abrasamento pela antecipação do conluio copular e orgasmos mútuos, talvez até piadas de cornos estariam a contar entre si e sobre a sua pessoa achincalhada, resolveu, ali mesmo debochar da vida, sacou a arma metida à cintura, apontou ao ouvido direito, disparou. Ambos a não muita distância ouviram e correram ao ajuntamento de curiosos em torno ao cadáver caído àquela noite sem estrelas, nublada, e fria. Notaram satisfeitos o ocorrido. Com um sorriso leve despediram-se e já sonhavam com o casório em breve para uni-los a toda aquela vida. Todavia, com um dom de atriz fingiu-se de aflita, segundo uma testemunha ocular autora dos bilhetes anônimos, e encontrou lágrimas para persuasão oportuna e realização de projetos em a muito agasalhados e somente possíveis após livrar-se do incômodo marido por demais manso e sem ambições."

b) crônica2: segundo o volume 1 Para Gostar de Ler - Crônicas, editora Ática, "é um escrito de jornal que procura contar ou comentar histórias da vida de hoje. Histórias que podem ter acontecido com todo mundo: até com você mesmo, com pessoas de sua família ou com seus amigos. Mas uma coisa é acontecer, outra coisa é escrever aquilo que aconteceu. Então você notará, ao ler a narração do fato, como ele ganha um interesse especial, produzido pela escolha e pela arrumação das palavras. E aí começa a alegria da leitura". Entre os autores escolhidos, Fernando Sabino, Paulo Mendes Campos, Rubem Braga e Carlos Drummond de Andrade. Este, abaixo vai uma sua crônica literariamente jocosa transmitindo emoções no jogo das palavras e diálogos:

Depois do jantar

                                                                                  Carlos Drummond de Andrade

            Também, que idéia a sua: andar a pé, margeando a Lagoa Rodrigo de Freitas, depois do jantar.
            O vulto caminhava em sua direção, chegou bem perto, estacou à sua frente. Decerto ia pedir-lhe um auxílio.
            — Não tenho trocado. Mas tenho cigarros. Quer um?
            — Não fumo, respondeu o outro.
            Então ele queria é saber as horas. Levantou o antebraço esquerdo, consultou o relógio:
            — 9 e 17... 9 e 20, talvez. Andaram mexendo nele lá em casa.
            — Não estou querendo saber quantas horas são. Prefiro o relógio.
            — Como?
            — Já disse. Vai passando o relógio.
            — Mas ...
            — Quer que eu mesmo tire? Pode machucar.
            — Não. Eu tiro sozinho. Quer dizer... Estou meio sem jeito. Essa fivelinha enguiça quando menos se espera. Por favor, me ajude.
            O outro ajudou, a pulseira não era mesmo fácil de desatar. Afinal, o relógio mudou de dono.
            — Agora posso continuar?
            — Continuar o quê?
            — O passeio. Eu estava passeando, não viu?
            — Vi, sim. Espera um pouco.
            — Esperar o quê?
            — Passa a carteira.
            — Mas...
            — Quer que eu também ajude a tirar? Você não faz nada sozinho, nessa idade?
            — Não é isso. Eu pensava que o relógio fosse bastante. Não é um relógio qualquer, veja bem. Coisa fina.
Ainda não acabei de pagar...
            — E eu com isso? Então vou deixar o serviço pela metade?
            — Bom, eu tiro a carteira. Mas vamos fazer um trato.
            — Diga.
            — Tou com dois mil cruzeiros. Lhe dou mil e fico com mil.
            — Engraçadinho, hem? Desde quando o assaltante reparte com o assaltado o produto do assalto?
            — Mas você não se identificou como assaltante. Como é que eu podia saber?
            — É que eu não gosto de assustar. Sou contra isso de encostar o metal na testa do cara. Sou civilizado,
manja?
            — Por isso mesmo que é civilizado, você podia rachar comigo o dinheiro. Ele me faz falta, palavra de honra.
            — Pera aí. Se você acha que é preciso mostrar revólver, eu mostro.
            — Não precisa, não precisa.
            — Essa de rachar o legume... Pensa um pouco, amizade. Você está querendo me assaltar, e diz isso com a maior cara-de-pau.
            — Eu, assaltar?! Se o dinheiro é meu, então estou assaltando a mim mesmo.
            — Calma. Não baralha mais as coisas. Sou eu o assaltante, não sou?
            — Claro.
            — Você, o assaltado. Certo?
            — Confere.
            — Então deixa de poesia e passa pra cá os dois mil. Se é que são só dois mil.
            — Acha que eu minto? Olha aqui as quatro notas de quinhentos. Veja se tem mais dinheiro na carteira. Se achar uma nota de 10, de cinco cruzeiros, de um, tudo é seu. Quando eu confundi você com um, mendigo (desculpe, não reparei bem) e disse que não tinha trocado, é porque não tinha trocado mesmo.
            — Tá bom, não se discute.
            — Vamos, procure nos... nos escaninhos.
            — Sei lá o que é isso. Também não gosto de mexer nos guardados dos outros. Você me passa a carteira, ela fica sendo minha, aí eu mexo nela à vontade.
            — Deixe ao menos tirar os documentos?
            — Deixo. Pode até ficar com a carteira. Eu não coleciono. Mas rachar com você, isso de jeito nenhum. É contra as regras.
              Nem uma de quinhentos? Uma só.
              Nada. O mais que eu posso fazer é dar dinheiro pro ônibus. Mas nem isso você precisa. Pela pinta se vê que mora perto.
              Nem eu ia aceitar dinheiro de você.
            — Orgulhoso, hem? Fique sabendo que tenho ajudado muita gente neste mundo. Bom, tudo legal. Até outra vez. Mas antes, uma lembrancinha.
            Sacou da arma e deu-lhe um tiro no pé.
(Texto extraído do livro "Os dias lindos", Livraria José Olympio Editora — Rio de Janeiro, 1977, pág. 54.)


            Critérios de seleção do conteúdo ou textos: validade (de confiança, representativos, atualizados), utilidade ou intenção pragmática (aluno puder usá-lo no ambiente onde vive), significação (relacionado às experiências do aluno de modo a interessá-lo), viabilidade (dentro das limitações de tempo, recurso, e nível de compreensão da classe), possibilidade de elaboração pessoal (o próprio aluno ser capaz de avaliar e criticar o conteúdo), flexibilidade (estar sujeito a alterações conjunturais - de momento pedagógico).
            Organização do conteúdo: Um critério é mobilizar as melhores cabeças sobre a disciplina e começar pelos princípios básicos, as idéias fundamentais da matéria a ser ensinada e despertar interesse, mostrar que o assunto é valioso, utilizável pelo aluno em outras situações além da escola. Por esse critério, lógico, baseado na estrutura da própria matéria, selecionar e organizar o conteúdo seria função de um especialista e não de um professor, principalmente um iniciante, porém, o mestre lendo e estudando em várias fontes sobre o conteúdo a ensinar é de pensar-se que adquira essa capacidade de instrumentalizar-se para a seleção e organização do conteúdo a ser ministrado em sala de aula. Pois se tiver comunicação e desenvoltura à frente de alunos e não ter conteúdo ou material preparado, roteirizado a passar, será tão-só um artista fazendo um show teatral de representação professoral (em brincando de ensinar) e bem humorada oratória oca para divertir e manter a atenção de uma platéia a pensar que está aprendendo.
            Pelo critério psicológico o conteúdo seria disposto segundo o "nível de desenvolvimento intelectual ou cognitivo do aluno [Piaget, Freud, Vygotsky, Bandura] (...) e na ordem em que se realiza a experiência da criança"; primeiro [nível mais concreto-manipulativo, sensório-motor] aprende a fazer coisas, succionar o leite, caminhar, falar, comer com colher, brincar; segundo [pré-operatório, operatório-concreto], observando experiências alheias, por informação atrelada à sua atividade geral; terceiro [operatório-formal; aqui neste ponto aplicando o critério lógico de organização de conteúdos, acima nocionado, ensinagem mais racionalizada, sistemática], por enriquecimento e aprofundamento de conhecimentos já adquiridos".
            O desenvolvimento cognitivo de um jovem da 6a. série ou acima já está suficientmente maturado para o uso de critério lógico de organização de conteúdos, suavemente introduzido e indo a complexando (já encontra-se em nível abstrato-conceitual).
            Para Claudino Piletti, Didática Geral, Ática: primeiro "é preciso selecionar as informações e saber como e onde adquirir novas informações quando estas forem necessárias", e o "tipo de conteúdo, ou seja, o que é mais importante que o aluno conheça". (...) "Os objetivos é que devem dar uma direção aos conteúdos". (...) "Conteúdo não abrange apenas a organização do conhecimento [dados, fatos, conceitos, princípios, ...], mas também as experiências educativas no campo desse conhecimento [experiências que o aluno vivenciará na ensinagem].

3) Desenvolvimento ou roteiro de aula:
            (a ser desenvolvido pela mestra ou mestre conforme critérios e experiências pessoais)

I) conteúdos conceituais (“o que se deve saber?”): diferençar crônica de notícia de jornal.
 *
II) conteúdos procedimentais (“O que se deve saber fazer?” ): compor uma crônica ou uma notícia de jornal a partir de um fato presenciado inusitado e interessante ou que possa ser transformado literariamente como uma narração interessante. Por exemplo, o aluno viu o cachorro da escola pegar a bola que lhe veio à boca e correr. E então escreveu a seguinte pequena crônica:
            Olá a todos! Hoje vi algo muito interessante, e vou contar a vocês...
            Rex é o cão da escola. Estava deitado no cimentado sossegado. Na quadra um garoto chutou a bola e ela desviou torta e veio parar junto... ao... Au-au. Rex é um canzarrão manso mas pelo tamanho é de se temer. Pegou a bola. Os meninos vinham em sua direção. Rex correu. Eles correram atrás de Rex.
            - Vem Rex!
            Rex é bem grande. Quem pega Rex?
            Quem tira a bola da boca do Rex?
 *
III) conteúdos atitudinais ( “Como se deve ser?”): liberdade de expressão e interpretação, respeito aos pontos de vista diferentes quando reunidos em grupos para preparação de apresentação oral de jograis construídos a partir de textos escolhidos. Respeito aos colegas que proferem a leitura da crônica escolhida.

4) Conclusão: Em quatro horas de aula intensiva e em duas aulas espera-se que os alunos suem bastante e absorvam sobre o que seja crônica e o que seja notícia de jornal ou texto jornalístico.

Bibliografia:

1. NORBERTO, Natalício. "Jornalismo para principiantes". Rio de Janeiro, Ediouro - Ed. Tecnoprint, 1978.
2. TAKAHASHI, Jiro. "Para gostar de ler, volumes 1-2-3-4 - Crônicas de Carlos Drummond de Andrade, Fernando Sabino, Paulo Mendes Campos e Rubem Braga. São Paulo, Ática, 198

Plano de Aula


1) Informe preliminar referente a Seleção e Organização de Conteúdos:

            Quem aprende, aprende alguma coisa: o conteúdo.

            Factual (fatos e dados concretos), conceitual (é abstracional: idéias, fatos ou objetos ou símbolos com características comuns; mudanças situacionais e em fatos e objetos), procedimental (o que e como fazer as atividades, tarefas), atitudinal (participação nas atividades propostas; esforço e dedicação pessoal às tarefas; envolver-se no trabalho de equipe, em grupo; solidariedade, cooperação, respeito ao outro e ao meio ambiente, ajudar os colegas, ...).

            Para Claudino Piletti, Didática Geral, Ática: primeiro "é preciso selecionar as informações e saber como e onde adquirir novas informações quando estas forem necessárias", e o "tipo de conteúdo, ou seja, o que é mais importante que o aluno conheça". (...) "Os objetivos é que devem dar uma direção aos conteúdos". (...) "Conteúdo não abrange apenas a organização do conhecimento [dados, fatos, conceitos, princípios, ...], mas também as experiências educativas no campo desse conhecimento [experiências que o aluno vivenciará na ensinagem].
            Que gênero ou tipo de texto ou textos selecionaremos então para um trabalho em sala de aula, 7ºano, Língua Portuguesa?

            Critérios de seleção: validade (de confiança, representativos, atualizados), utilidade (aluno puder usá-lo no ambiente onde vive), significação (relacionado às experiências do aluno de modo a interessá-lo), viabilidade (dentro das limitações de tempo, recurso, e nível de compreensão da classe), possibilidade de elaboração pessoal (o próprio aluno ser capaz de avaliar e criticar o conteúdo), flexibilidade (esar sujeito a alterações conjunturais).

            Organização do conteúdo: Um critério é mobilizar as melhores cabeças sobre a disciplina e começar pelos princípios básicos, as idéias fundamentais da matéria a ser ensinada e despertar interesse, mostrar que o assunto é valioso, utilizável pelo aluno em outras situações além da escola. Por esse critério, lógico, baseado na estrutura da própria matéria, selecionar e organizar o conteúdo seria função de um especialista e não de um professor, principalmente um iniciante.
            Pelo critério psicológico o conteúdo seria disposto segundo o "nível de desenvolvimento intelectual ou cognitivo do aluno [Piaget, Freud, Vygotsky, Bandura] (...) e na ordem em que se realiza a experiência da criança"; primeiro [nível mais concreto-manipulativo, sensório-motor] aprende a fazer coisas, succionar o leite, caminhar, falar, comer com colher, brincar; segundo [pré-operatório, operatório-concreto], observando experiências alheias, por informação atrelada à sua atividade geral; terceiro [operatório-formal; aqui neste ponto aplicando o critério lógico dorganização de conteúdos, acima nocionado, ensinagem mais racionalizada, sistemática], por enriquecimento e aprofundamento de conhecimentos já adquiridos".
            O desenvolvimento cognitivo de um jovem da 6a. série já está suficientmente maturado para o uso de critério lógico de organização de conteúdos, suavemente introduzido e indo a complexando (já encontra-se em nível abstrato-conceitual). Assim, tomemos alguns tipos de contos para compará-los e extrairmos lições gramaticais e formais de algumas espécimes de narrativas:

a) Título da Aula: Algumas aventuras pela terra dos contos.
b) série: Ensino Fundamental, Ciclo II, 7º ano.
c) Tempo necessário: duas ou três aulas.
d) Objetivo: familiarizar o discente com características formais de contos e narrativas, extraindo lições de classes gramaticais, acentuação, ortografia, formação de palavras, pontuação, figuras literárias, e o que mais vier à prática aula por iniciativa dos alunacentes ou insights da docência.
e) Habilidades (que operações de pensamento serão ativadas): formação de idéias, imagens-mentais, conceitos, das informações sobre o assunto; comparações; raciocínios (juízos de existência, de valor, referentes ao tema conto, narração).
f) Conteúdo: abordará a aula sobre o assunto Conto e textos narrativos, o que é, a sua estrutura e características.
            - factual-conceitual: identificar as características de um conto e as partes constituintes de um texto narrativo (espaço, tempo, personagens, ação, narrador). Exemplificar alguns modelos formais narrativos: o gênero conto, as espécies apólogo, fábula, parábola, em balada (poemático), como um soneto e em poemas diversos, policial, jornalístico, romântico, de suspense, conto de fadas.
 *
            - procedimental, sequenciamento de atividades propostas:
Aula_1:
            i) distribuir aos alunos exemplares de contos e pedir que leiam em casa e analisem, comparem, cheguem às suas conclusões para a próxima aula.
            ii) em seguida explicar a história de como surgiu o conto: homens a muito tempo em torno de uma fogueira narravam as suas aventuras, reais ou fictícias, casos narravam, de oitiva ou mentiras em fundo de verdade que um contava outro queria a contar a maior, lendas se formavam... Foi lá na Índia que os maravilhos contos vieram de a nascer cá a Europa..., etc.
            iii) explicar sobre as características de um conto, os tipos de conto, e os elementos de um texto narrativo.
Aula_2:
            i) pedir que formem os alunos grupos de 4 ou 5.
            ii) identifiquem as características narrativas de cada conto, troquem idéias e opiniões, e apresentem numa folha com os nomes e números dos componentes do grupo.
            iii) para finalizar os membros de cada grupo escreverão um conto participativo, de curta extensão, sortearão em par ou ímpar ou papeizitos aquele que dará início ao jogo contual que escreverá o primeiro trecho da história que será continuada em outro trecho pelo segundo aluno tirado em sorteio, até chegar ao último de grupo o qual fará o desfecho do conto.
            iv) apresentação oral-grupal do conto criado por cada grupo.
Aula_3:
            i ) ainda sobre os contos, extraindo deles exemplos para análise gramatical a ser feita individual por cada aluno.
 *
            - atitudinal: a participação individual e grupal dos alunos; dedicação pessoal à tarefa dada para casa; envolvimento no trabalho em equipe; convivência, a cooperação e respeito mútuo.
 *
g) Organização da sala: trabalho individual e em grupo de 4 ou 5 (arrumação das carteiras à vontade dos componentes).
h) Materiais ou recursos didáticos: lousa e giz ou se possível um meio eletrônico de retroprojeção, distribuição de folhas com exemplares de contos, materiais dos alunos.
i) Estratégia didática (aqui optei por entender por distribuição ou alocação dos recursos; estratégia segundo Claudino Piletti é um termo militar que significaria descrição dos meios disponíveis para atingir o objetivo, o que englobaria também o item anterior, entretanto, aqui foram separados) e desenvolvimento da aula: distribuição dos alunos em grupos de 4 ou 5 para estudo dos contos e criação de um conto participativo inédito.
j) avaliação: pontuação pelo trabalho em grupo, pelos exercícios gramaticais, e uma prova tipo teste de dez questões com duas ou três dissertativas.
k) Exemplo de exemplares de contos e textos narrativos:

            k.0) (Recebi, achei legal, estou passando...):

Dia Feliz na rede mundial, o sol brilha e tudo vai de bem a melhor!

            O nome dele era Fleming e era um pobre fazendeiro escocês. Um dia, enquanto trabalhava para ganhar a vida e o sustento para sua família, ele ouviu um pedido desesperado de socorro vindo de um pântano nas proximidades. Largou suas ferramentas e correu para o local. Lá chegando, enlameado até a cintura de uma lama negra, encontrou um menino gritando e tentando se safar da morte. O fazendeiro Fleming salvou o rapaz de uma morte lenta e terrível. No dia seguinte, uma carruagem riquíssima chega a humilde casa do escocês. Um nobre elegantemente vestido sai e se apresenta como o pai do menino que o fazendeiro Fleming tinha salvado.
            - Eu quero recompensá-lo, disse o nobre. Você salvou a vida do meu filho.
            - Não, eu não posso aceitar pagamento para o que eu fiz, responde o fazendeiro escocês, recusando a oferta.
            Naquele momento, o filho do fazendeiro veio a porta do casebre.
            - É seu filho? - perguntou o nobre.
            - Sim. - o fazendeiro respondeu orgulhosamente.
            - Eu lhe farei uma proposta. Deixe-me levá-lo e dar-lhe uma boa educação. Se o rapaz for como seu pai, ele crescerá e será um homem do qual você terá muito orgulho.
            E foi o que ele fez. Tempo depois, o filho do fazendeiro Fleming se formou no St. Mary's Hospital Medical School de Londres, ficou conhecido no mundo como o notável Senhor Alexander Fleming, o descobridor da Penicilina. Anos depois, o filho do nobre estava doente com pneumonia. O que o salvou? Penicilina. O nome do nobre? Senhor Randolph Churchill. O nome do filho dele? Senhor Winston Churchill. Alguém disse uma vez que a gente colhe o que a gente planta. Trabalhe como se você não precisasse do dinheiro. Ame como se você nunca tivesse tido uma decepção. Dance como se ninguém estivesse te assistindo. És mais um na rede da Família Internacional de Amizades. Envie isto a todo o mundo que você considera um AMIGO. Passe isto, e clareie o dia de alguém. Nada acontecerá se você decidir não passar isto adiante. A única coisa que acontecerá, se você passar isto, é que você poderá deixar alguém feliz por saber que tem um amigo.

            k.1) soneto narrativo:

                        “Sete anos de pastor Jacó servia
                         Labão, pai de Raquel, serrana bela;
                         Mas não servia ao pai, servia a ela,
                         E a ela só por prêmio pretendia.

                         Os dias, na esperança de um só dia,
                         Passava, contentando-se com vê-la;
                         Porém o pai, usando de cautela,
                         Em lugar de Raquel lhe dava Lia.

                         Vendo o triste pastor que com enganos
                         Lhe fora assim negada a sua pastora,
                         Como se a não tivera merecida,

                         Começa de servir outros sete anos,
                         Dizendo: - Mais servira, se não fora
                         Para tão longo amor tão curta a vida!”  (Camões)


            “De Raimundo Correia, A CAVALGADA:

                        A lua banha a solitária estrada...
                        Silêncio!... Mas além, confuso e brando,
                        O som longínquo vem-se aproximando
                        Do galopar de estranha cavalgada.

                        São fidalgos que voltam da caçada;
                        Vêm alegres, vêm rindo, vêm cantando.
                        E as trompas a soar vão agitando
                        O remanso da noite embalsamada...

                        E o bosque estala, move-se, estremece...
                        Da cavalgada o estrépito que aumenta
                        Perde-se após no centro da montanha...

                        E o silêncio outra vez soturno desce...
                        E límpida sem mácula, alvacenta,
                        A lua a estrada solitária banha...”

            k.2) balada: No Romanceiro garrettiano, há o seguinte exemplo de lirismo tradicional portuguës em fôrma de balada: “A Nau Catrineta”.

                                   Lá vem a nau Catrineta
                                   Que tem muito que contar!
                                   Ouvide, agora, senhores,
                                   Uma história de pasmar.

                                   Passava mais de ano e dia
                                   Que iam na volta do mar,
                                   Já não tinham que comer,
                                   Já não tinham que manjar.
                                   Deitaram sola de molho
                                   Para o outro dia jantar;
                                   Mas a sola era tão rija,
                                   Que a não puderam tragar.
                                   Deitaram sortes à ventura
                                   Qual se havia de matar;
                                   Logo foi cair a sorte
                                   No capitão general.

                                   - Sobe, sobe, marujinho,
                                   Àquele mastro real,
                                   Vê se vês terras de Espanha,
                                   As praias de Portugal,
                                   “Não vejo terras de Espanha,
                                   Nem praias de Portugal,
                                   Vejo sete espadas nuas
                                   Que estão para te matar.”
                                   - Acima, acima gajeiro,
                                   Acima, ao tope real!
                                   Olha se enxergas Espanha,
                                   Areias de Portugal.
                                   “Alvíssaras, capitão,
                                   Meu capitão general!

                                   Já vejo terras de Espanha,
                                   Areias de Portugal.
                                   Mais enxergo três meninas
                                   Debaixo de um laranjal
                                   Uma sentada a coser,
                                   Outra na roca a fiar,
                                   A mais formosa de todas
                                   Está no meio a chorar.”
                                   - Todas três são minhas filhas,
                                   Oh! quem mas dera abraçar!
                                   A mais formosa de todas
                                   Contigo a hei de casar.
                                   “A vossa filha não quero.
                                   Que vos custou a criar.”
                                   - Dar-te-ei tanto dinheiro
                                   Que o não possas contar.
                                   “Não quero o vosso dinheiro,
                                   Pois vos custou a ganhar.”
                                   - Dou-te o meu cavalo branco,
                                   Que nunca houve outro igual.
                                   “Guardai o vosso cavalo,
                                   Que vos custou a ensinar.”
                                   - Dar-te-ei a nau Catrineta,
                                   Para nela navegar.
                                   “Não quero a nau Catrineta,
                                   Que a não sei governar.”
                                   - Que queres tu, meu gajeiro,
                                   Que alvíssaras te hei de dar?
                                   “Capitão, quero a tua alma
                                   Para comigo a levar.”

                                   - Renego de ti, demônio.
                                   Que me estavas a tentar!
                                   A minha alma é só de Deus;
                                   O corpo dou eu ao mar.

                                   Tomou-o um anjo nos braços,
                                   Não no deixou afogar.
                                   Deu um estouro o demônio,
                                   Acalmaram o vento e mar;
                                   E à noite a nau Catrineta
                                   Estava em terra a varar.

            Exemplo de balada erudita: De Guilherme de Almeida, “Balada do Solitário”, em sua forma mais comum (três oitavas e um quarteto, rimas entrecruzadas e repetição no último verso das estrofes de algum conceito ou último verso da primeira estrofe mais ou menos alterado (um paralelismo, a base do pensar do poeta em torno de uma idéia)):

                                   “Edifiquei certo castelo
                                   por uma esplêndida manhã:
                                   brincava o sol, quente e amarelo,
                                   numa alegria incauta e sã.
                                   E eu quis fazer, ó louco anelo!
                                   desse palácio encantador
                                   o ninho rico, mas singelo,
                                   do teu, do meu, do nosso amor.

                                   Por isso, em vez do som do duelo
                                   tinindo em luta heróica e vã,
                                   fiz soluçar um “ritornello”
                                   em cada ameia ou barbacã...
                                   Depois, tomando o camartelo,
                                   alto esculpi, dominador,
                                   esse brasão suntuoso e belo
                                               do teu, do meu, do nosso amor.

                                   De que serviu? se elo por elo
                                   dessa paixão de alma pagã
                                   rompeste a golpes de cutelo,
                                   ó minha loira castelã?
                                   Hoje estou só, sozinho, e velo
                                   por este imenso corredor
                                   que corre, corre paralelo
                                               ao teu, ao meu, ao nosso amor.

                                   Ofertório:        A ti, Princesa, eu te revelo
                                                           esta canção, que um trovador
                                                           virá cantar pelo castelo
                                                           do teu, do meu, do nosso amor!”
                                   (apud Massaud Moisés – Criação Literária - Poesia)

            Outro exemplo de Balada Erudita ou clássica, de Olavo Bilac:

                        “Vi-te pequena: ias rezando
                        Para a primeira comunhão:
                        Toda de branco, murmurando,
                        Na fronte o véu, rosas na mão.
                        Não ias só: grande era o bando...
                        Mas entre todas te escolhi:
                        Minh’alma foi-te acompanhando,
                                   A vez primeira em que te vi.

                        Tão branca e moça! o olhar tão brando!
                        Tão inocente o coração!
                        Toda de branco, fulgurando,
                        Mulher em flor! flor em botão!
                        Inda, ao lembrá-lo, a mágoa abrando.
                        Esqueço o mal que vem em ti,
                        E, o meu rancor estrangulando,
                                   Bendigo o dia em que te vi.

                        Rosas na mão, brancas... E, quando
                        Te vi passar, branca visão,
                        Vi, com espanto, palpitando
                        Dentro de mim, esta paixão...
                        O coração pus ao teu mando...
                        E, porque escravo me rendi,
                        Ando gemendo, aos gritos ando,
                                   - Porque te amei! Porque te vi!

                        Depois fugiste... E, ainda te amando,
                        Nem te odiei, nem te esqueci:
                        - Toda de branco... ias rezando...
                                   Maldito o dia em que te vi!”

            Brant-Horta exemplifica um tipo mais singelo com duas oitavas e um refrão após cada estrofe. Ocorre paralelismo entre um verso da estança e seu estribilho. Emprega o verso popular, heptassílabo. O que caracteriza a balada está presente: uma história curta, de um só episódio, que começa e termina rapidamente (Amanhecendo, do amanhecer marítimo a uma chuva como lágrimas sobre o mar):

                                   Caí, ó pérolas soltas,
                                   Pálidos astros, no mar.
                                   Esplendem nuvens revoltas
                                   À última luz do luar.
                                   Do levante claro e esplêndido
                                   Vem, ó vento, e agita as asas
                                   Sobre a vaga a cintilar.

                                   Caí como extintas brasas
                                   Pálidos astros, no mar!

                                   Mergulhai-vos nas espumas
                                   Das ondas do eterno mar;
                                   Dos montes somem-se as brumas
                                   À luz da aurora, a brilhar,
                                   Nos bosques, de orvalho, róridos.
                                   Sobem mil vozes confusas
                                   Que pairam trêmulas no ar.

                                   Caí, lágrimas profusas,
                                   Nas ondas do eterno mar.

            Outro exemplo é a “Balada No. 7” de Moacir Franco, apud “Comunicação em
língua nacional”, J. Milton Benemann e Luís A. Cadore, 8a. série, Editora Ática:

                        Sua ilusão entra em campo
                        No estádio vazio
                        Uma torcida de sonhos
                        Aplausos talvez
                        O velho atleta recorda
                        As jogadas felizes, mata a saudade no peito
                        Driblando a emoção

                                   Hoje outros craques repetem
                                   As suas jogadas
                                   Ainda na rede balança
                                   Seu último Gol
                                   Mas pela vida impedido parou
                                   E para sempre o jogo acabou
                                   Suas pernas cansadas, correram pro nada
                                   E o time do tempo ganhou
                                   Cadê você
                                   Cadê você
                                   Você passou

                        O que era doce e o que não era
                        Se acabou
                        Cadê você
                        Você passou
                        No vídeo-tape do sonho
                        A história gravou
                        Ergue seus braços e corre
                        Outra vez no gramado
                        Vai tabelando seu sonho
                        E lembrando o passado
                        No campeonato da recordação
                        Faz distintivo no seu coração
                        E as jornadas da vida
                        São bolas de sonho
                        Que o craque do tempo chutou
                        Cadê você
                        Cadê você
                        Você passou

            k.3) fábula: uma história alegórica em forma de poema versificado ou conto em prosa onde há personificação de animais e insetos. Estes falam, agem e pensam como homens. Quase sempre procura educar e amenizar costumes contrários à boa convivência conscientizando aspectos de moralidade e bem-viver. Um primeiro exemplo seria “O Falcão e o Rouxinol”de Hesíodo (grego do século VIII a. C.). Os mais conhecidos cultores foram Fedro (romano), Esopo (grego) e o francês La Fontaine. Exemplo:

                                   O COELHO E O PERIQUITO

                        Um pobre coelho cai de uma fera na garra.
                        - “Que fizeste dos pés?” – pergunta um periquito.
                        Eis um gavião que passa e o passarinho agarra.
                        - “Das asas que fizeste?” – indaga-lhe o coelhito.” (João Ribeiro)

O LOBO E O CORDEIRO


            O Lobo e o Cordeiro, de Esopo, apud Fábulas de Esopo, editora Paulus, página 12:

            “Aquele verão estava muito quente e um lobo dirigiu-se a um riachinho, disposto a arefrescar-se um pouco. Quando se preparava para mergulhar o focinho na água, ouviu um leve rumor e viu a grama se mexendo. Ao olhar em direção ao barulho, avistou, logo adiante, um cordeirinho, que bebia tranqüilamente.
            - Que sorte! – pensou o lobo. – Vim para beber água e encontro comida também...
            Pôs um tom severo na voz e chamou:
            - Ei, você aí!
            - É comigo que o senhor está falando? – surpreendeu-se o cordeirinho. – Que
deseja?
            - O que é que eu desejo?! Ora, seu mal-educado! Não vê que, ao beber; você suja a minha água? Nunca ninguém ensinou você a respeitar os mais velhos?
            - Senhor... Como pode dizer isso? Olhe como bebo com a ponta da língua... Além
do mais, com sua licença, eu estou mais abaixo, e o senhor mais acima... A água passa
primeiro pelo senhor e só depois por mim. Não é possível que eu o incomode! – respondeu o cordeirinho, com voz trêmula.
            - Ora essa! Com a sua idade já quer me ensinar para que lado corre a água?
            - Não, de jeito nenhum, não é isso... Só queria que reparasse...
            - Que reparar que nada! Você não me engana! Pensa que escapará, como no ano
passado, quando andava por aí, falando mal da minha família? “Os lobos são assim, os
lobos são assado!” Você teve muita sorte, por nunca termos nos encontrado, senão eu já
teria mostrado a você como são os lobos!
            - Nem imagino quem lhe contou isso, senhor, mas é mentira. A prova é que, no ano passado, eu ainda nem tinha nascido...
            - Pois, se não foi você, foi o seu pai! – rosnou o lobo, saltando em cima do pobre
inocente e devorando-o.
  Moral da história:
            Quando uma pessoa está decidida a fazer o mal, qualquer razão lhe  serve, inclusive uma mentira.

                                   O LEÃO E O RATINHO

            Um ratinho, saindo de sua toca, foi passear na floresta. De repente, viu-se preso
entre duas enormes patas. Eram as patas de um leão! Este estava prestes a comê-lo, quando
o ratinho implorou:
            - Pelo amor de Deus, deixe-me ir! Sou tão pequeno que não matarei sua fome!
Algum dia poderei ajudá-lo...
            O leão riu com gosto e perguntou:
            - Como poderá ajudar o rei dos animais?
            - Solte-me e verá que ainda lhe serei útil!
            Compadecido, o leão o deixou partir.
            Uma semana depois, o ratinho divertia-se despreocupadamente quando ouviu fortes
rugidos. Correndo para ver o que se passava, deparou com seu amigo a debater-se nas
cordas de uma armadilha. Então exclamou:
            - Agora, sim, vou pagar o favor que me prestou!
            Em seguida, pôs-se pacientemente a roer as cordas. Roeu, roeu, até que elas se
romperam. Libertando-se, o leão disse:
            - Muito obrigado, amigo!
-          Não tem nada a agradecer – respondeu o ratinho. – Amor com amor se paga.”
(livro Brasília, professora Daisy Bréscia, 1960, p. 25)




                                   O CORVO E O JARRO

            Marina estava muito triste porque tivera notas baixas na escola. Isso acontecia todos os meses. Então tomava a resolução de aplicar-se nos estudos mas desanimava ante a primeira dificuldade.
            - Por que não consigo ser boa aluna, mamãe?
            Sorrindo, ela respondeu:
            - Você o será se tiver perseverança. Vou lhe contar uma história.
            “Era uma vez um corvo que estava com muita sede. Vendo um velho jarro no fundo de um quintal, reparou que ele continha água. Tentou bebê-la mas não conseguiu
alcançá-la, pois o vaso era muito alto. – E agora? – resmungou. – Que devo fazer?
– Pensou... pensou... e de repente teve uma grande idéia. Como houvesse pedregulhos ali por perto pegou um deles e o jogou dentro do jarro. Depois fez a mesma coisa com outro e mais outro. Quanto mais pedregulhos jogava, mais a água subia. Quando ela ficou ao alcance de seu bico, matou a sede”.
            Abraçando a mãe, Marina lhe disse:
            - Agora compreendo. A gente não deve desistir diante das dificuldades.
            - Isso mesmo, minha filha. Na vida, com inteligência e perseverança, tudo se
alcança.” (livro Brasília, professora Daisy Bréscia, 1960, p. 31)

                                   TEORIA E PRÁTICA

            Entre o dizer as coisas e o fazer as coisas há uma grande distância.
            A propósito disso, aí vai a história dos ratos e do gato.
            Como a casa andasse infestada de ratos, que roíam quanto achassem, resolveu o
dono procurar um gato para dar caça aos indesejáveis. Entrou, então, em casa, um gatão
amarelo, de olhos verdes, fartos bigodes e experimentado na caça dos intrusos. Era um
verdadeiro raticida. Quando os ratos souberam da coisa, entraram a pensar na triste sorte
que os esperava. Morrer de fome ou perecer nas garras do bichano.
            Reunidos um dia em lugar secreto, puseram-se em assembléia, a discutir o melhor meio de romper o cerco do gatão amarelo, e de anular a sua vigilância.
            Falou um rato velho e experiente, que expôs a sua idéia. Todos bateram palmas mas o plano era muito arrojado.
            Falou um ratinho ladino, mestre na arte de enganar gatos, mas também não
conseguiu convencer a turma com a sua sugestão.
            E a reunião continuava com discursos, apartes e ovações. Mas idéia aproveitável, nada!
            Por fim, uma ratazana de pêlo ruço, pausadamente, considerou que a melhor
maneira de combater a ação do inimigo era amarrar-lhe um guizo no pescoço. Quando ele se aproximasse, na sua ronda, a rataria saberia que o perigo estava iminente.
            Fartos aplausos coroaram a idéia, aliás a melhor de todas.
            - Pois agora, disse o presidente da assembléia, é só passar da teoria à prática. Vamos ver quem será capaz de amarrar o guizo no pescoço do gato.
            Aqui murcharam os participantes da reunião. Emudeceram. E a idéia morreu por si mesma.”  (do livro Alvorada, 3a. série, Antônio D’Ávila, p. 18.)


            k.4) apólogo: semelhante à fábula, com a diferença de atuarem personificados
objetos inanimados artificiais ou da natureza tais como a mesa e a cadeira, a pedra e o
riacho, etc. Exemplo:

                                             O VENTO E A POEIRA

                                               O vento sem ter medo
                                               Levanta em turbilhão
                                               O pó, que estava quedo,
                                   No seu canto dormindo em feio chão.

                                               E o lá pelas alturas
                                               O pó julga-se um rei;
                                               Fazendo diabruras
                                   Governa a todos com austera lei.

                                               O vento, porém, cessa;
                                               O pó na terra lisa
                                               Caiu muito depressa;
                                   O rico, o pobre, nele pisa.

                                               “Pensei ser grande coisa”,
                                               Diz ele tristemente,
                                               Agora assim repoisa
                                   Quem nos ares andou garbosamente!

                                               Aquele que se eleva
                                               Sem mérito real,
                                               Muitas horas não leva
                                   Na bela posição que exerce mal;

                                               Pois logo que lhe falta
                                               A protetora mão,
                                               De posição bem alta
                                   Vem, como deve, rastejar no chão!”  (Anastácio do Bonsucesso,
Barão de Paranapiacaba, apud(10), p. 34)

            De Carlos Góis, “A Linha e a Agulha”, apud Estórias que Agradam, 4a. Série,
Alines e Stella, p. 61:

            A linha

                        Pois não me conhecem, não?
                        Eu sou a linha que cose
                        A saia, a blusa, o gibão,
                        E opera a metamorfose
                        De converter mero pano
                        Num vestido de espavento.

            A agulha

                        O que diz é puro engano:
                        Não cabe no pensamento
                        A alguém que a série reflita.
                        O que lhe escutei agora
                        É de uma audácia inaudita!

            A linha

                        Ora, deixe, senhora...


            A agulha

                        Que a deixe? Como? Por quê?
                        Pois, inda que se aborreça,
                        Hei de dizer a Você
                        O que me vier a cabeça!

            A linha

                        Cabeça? Mas porventura
                        É a senhora alfinete?
                        Pois quê? Supõe, conjetura
                        Que, por lhe sobrar topête,
                        Possua cabeça a agulha?
                        Estou calada em meu canto
                        Sem meter ninguém à bulha
                        Faça a senhora outro tanto.

            A agulha

                        Seu orgulho é excessivo.


            A linha

                        Tenho razões para tal.

            A agulha

                        Saber quisera o motivo
                        Dessa empáfia original.

            A linha

                        Pela razão que aduzida
                        Fora há pouco. Os atavios
                        Que põem nossa ama garrida
                        Seus vestidos corredios,
                        Quem os cose senão eu?

            A agulha

                        Pois insiste em repisar
                        O que há pouco me expendeu?
                        Esquece que a costurar
                        Os vestidos sou só eu?

            A linha

                        É você quem fura o pano,
                        Quem o acama e desbrava
                        Mas, quem o cose e alinhava,
                        Eu sou, - que disso me ufano!
                        Sou eu que faço avultar
                        Os refolhos dos babados,
                        E trato de coordenar
                        Os retalhos dispersados.

            A agulha

                        Isso que importa? Se furo
                        O pano, é porque me adianto
                        Com isso timbro e procuro
                        Puxar por Você. Portanto,
                        Quem me segue e me acompanha,
                        Presta obediência ao que faço
                        E ordeno!

            A linha

                        O rei, quando sai do paço,
                        Leva adiante os batedores.

            A agulha

                        Rei, Você? Compreendo agora!
                        Seu orgulho é dos maiores!

            A linha

                        Não digo tal, não, senhora,
                        Mas, a falar a verdade,
                        Indo a senhora na frente,
                        Opera na qualidade
                        De um subalterno. Consente
                        Em desbravar o caminho
                        Para que passe depois.
                        O seu trabalho é mesquinho,
                        Obscuro e vil!

            A agulha

                        Mas, diga-me sem malícia:
                        Quando cose a costureira,
                        A quem dispensa a carícia
                        Terna, macia, fagueira
                        Dos dedos? A todo instante,
                        Quem permanece a seu lado,
                        Pressurosa e vigilante?
                        Quem logra lisonja e agrado
                        Do fino e leve contato
                        Do seu pólex delicado,
                        Senão a agulha?

            A linha

                        Todo esse palavreado!
                        Finda que seja a feitura,
                        Volta a agulha para o fundo
                        Do balaio de costura!
                        Enquanto, alegre e jucundo,
                        O tênue fio de linha,
                        Incorporado ao vestido
                        De uma princesa ou rainha
                        Vai auferir o partido
                        De, em bailes e festivais
                        Voltejar com diplomatas,
                        Ministros e generais!

            A agulha

                        Sirva a contenda,
                        Que entre nós se debateu
                        De sobreaviso e de emenda
                        Aos inespertos como eu!
                        Não sejam tolos de abrir
                        Caminho a pessoa alheia,
                        Que dentro em pouco há de vir
                        Alegrar que nada
                        Deve a quem a encaminhou,
                        Mas que foi sua criada,
                        Que fez o que lhe ordenou!

            A linha

                        Ouço a voz da costureira
                        Que nos chama a toda pressa!
                        Não lhe vale estar possessa:
                        Siga, pois, na dianteira!”


            k.5) parábola: uma alegoria de cunho doutrinário ou doutrinário-religioso.
Exemplo:

                                   A OVELHA PERDIDA

                                   Aproximavam-se de Jesus todos os publicanos e pecadores
                                     para o ouvir.
                                   E murmuravam os fariseus e os escribas, dizendo:
                                   “Este recebe pecadores e come com eles.”

                                   Então, lhes propôs Jesus esta parábola:
                                   “Qual, dentre vós, é o homem que,
                                     possuindo cem ovelhas e perdendo uma delas,
                                     não deixa no deserto as noventa e nove
                                     e vai em busca da que se perdeu, até encontrá-la?

                                   Achando-a, põe-na sobre os ombros, cheio de júbilo.
                                   E, indo para casa, reúne os amigos e vizinhos, dizendo-lhes:
                                   ‘Alegrai-vos comigo, porque já achei a minha ovelha perdida.’

                                   Digo-vos que, assim, haverá maior júbilo no céu
                                     por um pecador que se arrepende
                                     do que por noventa e nove justos
                                     que não necessitam de arrependimento.”  (Bíblia, Lucas, v.1-7)

                                               AS PIPAS

                                   - Há poucos dias, Orlando,
                                   Na fazenda de meus pais,
                                   Eu vi dois homens rolando
                                   Algumas pipas iguais.

                                   A pipa cheia e pesada
                                   Desliza, silenciosa,
                                   Enquanto a que não tem nada
                                   Aos pulos, salta, ruidosa.

                                   - A imagem da sociedade
                                   Ali tiveste, segura:
                                   Pelos roncos, ninguém há de
                                   Julgar uma criatura.

                                   Quem sabe e vale, no mundo,
                                   Vai sereno, sem desvio,
                                   Enquanto rufa, iracundo,
                                   Quem é de tudo vazio.”  (Abílio Machado)


                                               O PAPEL E A CORDA
                                                           (Parábola)

            Um dia um sábio passeava com um seu discípulo e viu um pedaço de papel na rua.
            - Apanha aquele papel, disse ele ao discípulo, e vê se tem algum cheiro.
            O discípulo apanhou o papel e disse:
            - Tem agradável perfume.
            - Donde lhe virá esse perfume? perguntou o sábio.
            - Provavelmente de ter embrulhado algum objeto perfumado, respondeu o discípulo.
            Foram mais adiante, e o sábio viu noutra rua um pedaço de barbante.
            - Apanha aquele pedaço de barbante, disse ao discípulo, e vê se tem algum cheiro.
            O discípulo apanhou o pedaço de barbante e disse:
            - Tem mau cheiro.
            - Donde lhe virá esse cheiro? perguntou o sábio.
            - Parece que serviu para atar peixe estragado.
            Então o sábio observou:
            - O contato com as coisas puras e de bom aroma comunica a pureza e o bom aroma;
o contato com as coisas impuras e infetas comunica a impureza e o mau odor. Vive com os
bons e serás um deles; foge dos maus para não seres mau como eles... (do livro Alvorada,
3a. série, Antônio D’Ávila, p. 112.)

                                               OS TRÊS TALISMÃS

            - Que é preciso para aprender? Perguntou um filho ao pai.
            - Para aprender, para saber e para vencer, respondeu o pai, é preciso buscar os três
talismãs: a alavanca, a chave e o facho.
            - E onde encontrá-los Interroga o filho.
            - Dentro de ti mesmo, explica o pai. Os três talismãs estão em seu poder e serás
poderoso, se quiseres fazer uso deles.
            - Não compreendo, diz o filho cada vez mais intrigado. Que alavanca é essa?
            - A tua vontade. É preciso querer, é preciso remover obstáculos para aprender.
            - E a chave?
            - O teu trabalho. É preciso esforço para dar volta à chave e abrir o palácio do saber.
            - E o facho.
            - A tua atenção. É preciso luz, muita luz, para iluminar o palácio.
               Só assim poderás ver com clareza e descobrir a verdade, que vence a ignorância.





                                               AS TRÊS PENEIRAS

            Pedrinho chegou da escola correndo, largou a mala em um canto e chamou a mãe:
            - Mamãe! Mamãe! Onde está?
            Indo a seu encontro, beijou-a e continuou:
            - Sabe o que me contaram? Que o luís...
            - Espere um pouquinho – interrompeu a mãe. – Antes de começar a falar lembre-se das três peneiras.
            - Que peneiras, mamãe?
            - A primeira chama-se verdade. Você tem certeza que é verdade o que vai contar?
            - Bem, certeza não tenho.
            - A segunda peneira chama-se benevolência. A notícia que vai me dar é boa?
            - Não.
            - A terceira chama-se necessidade. Será necessário você repetir o que ouviu falar de seu companheiro?
            - Não, mamãe.
            - Pois então, se não é necessário, nem agradável, nem talvez seja verdadeiro o que você vai contar, o melhor que tem a fazer, meu filho, é calar-se.
            Nunca mais Pedrinho esqueceu a história das três peneiras em toda a sua vida e
jamais se arrependeu disso.” (livro Brasília, professora Daisy Bréscia, 1960, p. 7)





PLANO DE AULA: TEMA - VARIAÇÕES LINGUÍSTICAS

Plano de aula Língua Portuguesa



Tema: Variações Linguísticas




Tempo: 12 aulas.





OBEJETIVOS:
- Refletir sobre as variações da língua no decorrer do tempo.
- Valorizar as diferenças culturais e linguísticas.
- Usar a linguagem com autonomia e sem preconceitos




Materiais utilizados e disponíveis neste planejamento.



Textos variados;
Filme – Tapete Vermelho
Exercícios variados
Avaliação da aprendizagem


1ª Aula: (momento descontração)

Leitura dos seguintes textos.
           
I - Declaração Mineira de Amor aos Amigos...

Declaração Mineira de Amor aos Amigos...

.
Amo ocê !
.
Ocê é o colírio du meu ôiu.
É o chicrete garrado na minha carça dins.
É a mairionese du meu pão.
É o cisco nu meu ôiu (o ôtro oiu - tenho dois).
O rechei du meu biscoito.
A masstumate du meu macarrão.
Nossinhora! Gosto dimais DA conta docê, uai.

Ocê é tamém:
O videperfume DA minha pintiadêra.
O dentifriço DA minha iscovdidente.

Óiprocevê,
Quem tem amigossim, tem um tisôru!
Ieu guárdêsse tisouro, com todu carinho,
Du Lado isquerdupeito !!!
Dentro do meu Coração!!!
AMO Ocê, uai!!!


II – Tipos de assaltantes

Assaltante Paraibano:

Ei bichin...
Isso é um assalto!
Arriba os braços e não se bula
Num se cague e não faça mungança...
Arrebola o dinheiro no mato e não faça pantim se não enfio a pexera no teu bucho e boto teu fato prá fora...

Assaltante Baiano:

Ô meu rei...( pausa )
Isso é um assalto...( longa pausa )
Levanta os braços, mas não se avexe não...( outra pausa )
Se não quiser nem precisa levantar pra não ficar cansado...
Vai passando a grana bem devagarinho... ( pausa pra pausa )
Num repara se o berro está sem bala, mas é pra não ficar muito pesado,
Não esquenta meu irmãozinho...( pausa )
Vou deixar teus documentos na encruzilhada...

Assaltante Mineiro:

Ô sô, prestensão...
Isso é um assarto uai!
Levanta os braço e fica quetim
Quessê trem na minha mão tá cheidibala...
Mió passa logo os trocado que não tô bão hoji
Vai andando uai!

Assaltante de São Paulo:

                  Ôrra, meu... Isso é um assalto, meu... Alevanta os braços,
meu... Passa a grana logo, meu... Mais rápido, meu, que eu ainda preciso
pegar a bilheteria aberta pra comprar o ingresso do jogo do CORINTHIANS,
meu... Pô se manda, meu...


Assaltante Carioca:

Seguiiiinte bicho....
Tu se ferrô. Isso é um assalto!
Passa a grana e levanta os braços rapá...
Não fica de bobeira, vai andando e se olhar pra trás vira presunto.

Assaltante Gaúcho:
O gurí, ficas atento...
Báh, isso é um assalto!
Levanta os braços e te aquieta tchê!
Não tentes nada, e cuidado que este facão corta uma barbaridade.
Passa os pila prá cá!
E te manda a lá cria, se não o quarenta e quatro fala...

Assaltante de Brasília:

                Querido povo brasileiro, estou aqui no horário nobre da TV para dizer para pedir seu voto de confiança. Prometo se eleito for te representar com responsabilidade e que por exigência do FMI ao final de todo mês aumentaremos as seguintes tarifas para dar uma ajuda aos pobres políticos do nosso país:
Energia, água, passagens aéreas e de ônibus, gás, Imposto de renda, licenciamento de veículos, seguro obrigatório,
gasolina, álcool, IPTU, ICMS, PIS, COFINS.
Mas meu povo não se esqueça: somos uma nação feliz!
O Brasil é penta e em fevereiro tem carnaval!!!


III – Após o momento descontração trago como sugestão os textos a seguir. Caso preferir utilize outros que tratam do assunto, inclusive em livros do primeiro ano do Ensino Médio você vai encontrar mais sobre o assunto.

VARIAÇÃO LINGUÍSTICA
A língua não é usada de modo homogêneo por todos os seus falantes. O uso de uma língua varia de época para época, de região para região, de classe social para classe social, e assim por diante. Nem individualmente podemos afirmar que o uso seja uniforme. Dependendo da situação, uma mesma pessoa pode usar diferentes variedades de uma só forma da língua.
Ao trabalhar com o conceito de variação lingüística, estamos pretendendo demonstrar:
  • que a língua portuguesa, como todas as línguas do mundo, não se apresenta de maneira uniforme em todo o território brasileiro;
  • que a variação lingüística manifesta-se em todos os níveis de funcionamento da linguagem ;
  • que a variação da língua se dá em função do emissor e em função do receptor ;
  • que diversos fatores, como região, faixa etária, classe social e profissão, são responsáveis pela variação da língua;
  • que não há hierarquia entre os usos variados da língua, assim como não há uso lingüisticamente melhor que outro. Em uma mesma comunidade lingüística, portanto, coexistem usos diferentes, não existindo um padrão de linguagem que possa ser considerado superior. O que determina a escolha de tal ou tal variedade é a situação concreta de comunicação.
  • que a possibilidade de variação da língua expressa a variedade cultural existente em qualquer grupo. Basta observar, por exemplo, no Brasil, que, dependendo do tipo de colonização a que uma determinada região foi exposta, os reflexos dessa colonização aí estarão presentes de maneira indiscutível.
Níveis de variação lingüística
É importante observar que o processo de variação ocorre em todos os níveis de funcionamento da linguagem, sendo mais perceptível na pronúncia e no vocabulário. Esse fenômeno da variação se torna mais complexo porque os níveis não se apresentam de maneira estanque, eles se superpõem.
Nível fonológico - por exemplo, o l final de sílaba é pronunciado como consoante pelos gaúchos, enquanto em quase todo o restante do Brasil é vocalizado, ou seja, pronunciado como um u; o r caipira; o s chiado do carioca.
Nível morfo-sintático - muitas vezes, por analogia, por exemplo, algumas pessoas conjugam verbos irregulares como se fossem regulares: "manteu" em vez de "manteve", "ansio" em vez de "anseio"; certos segmentos sociais não realizam a concordância entre sujeito e verbo, e isto ocorre com mais freqüência se o sujeito está posposto ao verbo. Há ainda variedade em termos de regência: "eu lhe vi" ao invés de "eu o vi".
Nível vocabular - algumas palavras são empregadas em um sentido específico de acordo com a localidade. Exemplos: em Portugal diz-se "miúdo", ao passo que no Brasil usa-se " moleque", "garoto", "menino", "guri"; as gírias são, tipicamente, um processo de variação vocabular.
Tipos de variação lingüística
Existem dois tipos de variedades lingüísticas: os dialetos (variedades que ocorrem em função das pessoas que utilizam a língua, ou seja, os emissores); os registros ( variedades que ocorrem em função do uso que se faz da língua, as quais dependem do receptor, da mensagem e da situação).
Variação dialetal
Cada pessoa traz em si uma série de características que se traduzem no seu modo de se expressar: a região onde nasceu, o meio social em que foi criada e/ou em que vive, a profissão que exerce, a sua faixa etária, o seu nível de escolaridade.
Os exemplos a seguir ilustram esses diferentes tipos de variação.
  • a região onde nasceu (variação regional) - aipim, mandioca, macaxeira (para designar a mesma raiz); tu e você (alternância do pronome de tratamento e da forma verbal que o acompanha); vogais pretônicas abertas em algumas regiões do Nordeste; o s chiado carioca e o s sibilado mineiro;
  • o meio social em que foi criada e/ou em que vive; o nível de escolaridade (no caso brasileiro, essas variações estão normalmente inter-relacionadas (variação social) : substituição do l por r (crube, pranta, prástico); eliminação do d no gerúndio (correndo/correno); troca do a pelo o (saltar do ônibus/soltar do ônibus);
  • a profissão que exerce (variação profissional): linguagem médica (ter um infarto / fazer um infarto); jargão policial ( elemento / pessoa; viatura / camburão);
  • a faixa etária (variação etária) : irado, sinistro (termos usados pelos jovens para elogiar, com conotação positiva, e pelos mais velhos, com conotação negativa).
Pelos exemplos apresentados, podemos concluir que há dialetos de dimensão territorial, social/profissional, de idade, de sexo, histórica. Nem todos os autores apresentam a mesma divisão para estas variedades, sobretudo porque elas se superpõem, e seus limites não são bem definidos.
Variação regional
Nesta dimensão, incluem-se as diferenças lingüísticas observadas entre pessoas de regiões distintas, onde se fala a mesma língua. Exemplos claros desta variação são as diferenças encontradas entre os diversos países de língua portuguesa (Brasil, Portugal, Angola, por exemplo) ou entre regiões do Brasil (região sul, com os falares gaúcho, catarinense, por exemplo, e região nordeste, com os falares baiano, pernambucano, etc.).
Inúmeros estudos têm sido feitos, no Brasil, com o objetivo de traçar diferenças entre os falares regionais. Experiências, como os Atlas Geolingüísticos, podem ser encontradas:
Nesse tipo de variação, as diferenças mais comuns são as que encontramos no plano fonético (pronúncia, entonação) e no plano lexical (uso de palavras distintas para designar o mesmo referente, palavras com sentidos que variam de uma região para outra).
VRIAÇÃO DE CARATERSOCIAL/PROFISSIONAL
Sob esse ponto de vista, os dialetos correspondem às variações que existem em função da classe social a que pertencem os indivíduos. Incluem-se neste tipo de variedade lingüística os jargões profissionais (linguagem dos advogados, dos locutores de futebol, dos policiais, etc.) e as gírias, que identificam muitos grupos sociais. Na sociedade, os dialetos sociais podem ter um papel de identificação, pois é através deles que os diferentes grupos se reconhecem e até mesmo se protegem em relação aos demais.
Essa variação pode resultar também da função que o falante desempenha. Em português, um exemplo desse tipo de variação é o plural majestático, o pronome nós usado por autoridades e governantes nas suas frases, manifestando sua posição de representantes do povo.
Exemplo: "Vivemos um grande momento no Brasil e tem que ser o momento do Nordeste do Brasil, porque é aqui que se concentra a pobreza" (Presidente Fernando Henrique, JB, 25/01/97)
VARIAÇÃO DE CARÁTER ETÁRIO

Essas diferenças correspondem ao uso da língua por pessoas de diferentes faixas etárias, fazendo com que, por exemplo, uma criança apresente uma linguagem diferente da de um jovem, ou de um adulto. Ao longo da vida, as pessoas vão alternando diferentes modos de falar conforme passam de uma faixa etária a outra

VARIAÇÃO DE REGISTRO
O segundo tipo de variedade que as línguas podem apresentar diz respeito ao uso que se faz da língua em função da situação em que o usuário e o interlocutor estão envolvidos.
Para se fazer entender, qualquer pessoa precisa estar em sintonia com o seu interlocutor e isto é facilmente observável na maneira como nos dirigimos, por exemplo, a uma criança, a um colega de trabalho, a uma autoridade. Escolhemos palavras, modos de dizer, para cada uma dessas situações. Tentar adaptar a própria linguagem à do interlocutor já é realizar um ato de comunicação. Pode-se dizer que o nível da linguagem deve se adaptar à situação.
Obs: Texto tirado de outras fontes, não é de minha autoria.


3º momento: Filme Tapete Vermelho

                                
Obs: Levar o filme Tapete Vermelho e assistir com os alunos, peça aos mesmos que anotem frases ditas no sentido formal para posterior análise. (Para evitar que percam partes do texto devido ter que anotar o que está sendo dito, sugiro ao professor  levar consigo as frases ditas pelos atores e divida entre os grupos para posterior análise, assim você estará ganhando tempo)

Falas ditas pelas personagens:


1 - Eu persiso do neco pra i percurá rã no brejo
2 - Quem acha rã no brejo qui dificulidade
3 - Cuméra nu meu tempo de mininu
4 - Ta tudo deferente na roça
5 - Mais tardi eu passu lá pra módi benzê eli
6 - Seu neversár ta cheganu fio
7          Nois tudo vamu na cidade vê firme da Mazzaropi
8 - Adondé que sê vai vê firme de Mazaroppi.
9 - Sê é avariado, eu  é qui num botu o meu pé nesse mundão de meu Deus, tenhu mais é qui faze.
10 - i nóis vamu aviajá cumé, i quem cuida das criação.
11 - Mais intonci seis vão memo de viagi?
12 - Pegá um tantu di cumida e juga um pokin ali todu dia, quié  dadonde qui tem mais cumida qui us pexe fica tudu juntadu ali.
13 - Quandu senti a fisgada – puxá com ligereza
14 - To custumadu com essa vida de labuta todo dia.
15 - Num farté i é oio gordo em riba de quem tem valori. Que késsa vaca tem?
16 - E diabão de ganhá o mundu.
17 - Não me enchus picuá.
18 - Hó coroné, di zói na casa viu coroné.
19 - Óia só, um burru puxanu u otu, sei muito bem a presepada qui issu vai dá.
20 - Faiz tempu quieu num ti vejo oce.
21 - Vamu lá pu ladu do vali pra modi o mininu dá um divortei i nóis percisa di uma posada hoji,
22 – sê lembra daqueli violero qui ficava aqui? O povu si revortô cum ele, a viola deli toca suzinha.
23 - O Renato começo a si mangá di todu mundo.
24 - Com toda essa leiteria eli chora di fomi, muié, reza preli cê reza Zurmira.
25 - A sinhora fica carma, faiz tudu quiném sê faiz toda noite, mais tem qui avisá seu Marculinu pra modi num assustá cu eu nem.
26 Tamu ino todu mundu atrais du firmi du mazaropi, zurmira ta mei revortada mais vais nem.
27 – presenti di dona rosa, não persisava dona rosa. Oia qui formosura, se divinho minha preferênça
28 - Safada, maledita, cabô a farra maledita. Agora oce vai parece pra quem feiz essa catiça.
29 - A diversão di pobri é i nu armazém i inche a sacola, o restu é firula, coisa di quinzim.
30  – nóis vamu é drumi pur dibaxu da ponti issu sim.
31 – porque qui noís paremu aqui. Ta com jeitu de chuva persisamu um luga secu pra ficá nem fi.
32 – amigo Mazaropi, nois so vinhemu assisti um firme seu pra dipois vorta pra casa viu, não me apronta uma farseta hem.
33 – mãe, já qui tamu, qui fiquemu.
34 - So jeca sim sinhô com muito gosto, tem minha terrinha, prantu meu inhami,  trabaio pra mim e num so impregado.
35  - Mãe já qui tamu, qui fikemu. Hê! inda ta cum rabu viradu, qui dificulidade essa muié.
36 -  não mi venha cum discausu, oce ta cum as hora contada cum eu.
37 -  tamu indo pus ladu da cidadi mais pra frenti aí nem.
38 - Trabaiava numa fazenda aqui perto, fazendão, meu, hoji trabaio com biscate, façu um servicinho aqui otro ali.
39 -  se agenti discuidá passa fomi, pois num arruma selviço.
40  – vamu vê que qui tem de bóia, despois nóis percura o cimema.
41 -  Pó perpará pra isvazia o borco. Mais esse é o preço di deiz cestu de inhame, se viu só zurma.
42  - ocê que si vira com o seu isganamento.
43 – bandi bocó gasta tudu im ropa.
44 – nois podi ajuda ocê.            
45 - Tardi, se sabi donde qui ficu cinema?
46 -  cinema tem mais nois num sabe se vai passa da fiume da mazaropi. Nois nunca viu nem.
47 -  dondé qui fica o cinema? a cinema fica lá nu praça.
48 - tem uma pessual que sabi donde que passu fiume da Mazzaropi.
49 - É genti qui gosta dessi coisa e di tocá viola, vai ta nesse noite lá nu fim desse rua.
50 - Intonci, gostô du cinema fi.
51 - bão, vamu intao no tár do bar do Ircu pra sabe dondé que fikesse tár de cinema nem nu camim nois ranja um luga  pra drumi
52 - gorinha meso cabei di tomá café companhado, aí eu escapuli com essa. Mais sosse num fizé questão levu bolu pra cume mais tardi.
53 - E oce, que qui faiz com essa violinha mecretefe parecenu um nim de sabiá?
54 - Tava venu seis tocá seis são bão dimais viu.eu num tocu iguar oceis não viu. 
55 - Oi, dadondi oce é? O pobrema dilá é qui não tem cinema pra módi vê firme do Mazzaropi nem.
55 -  Se qué tocá viola comueu. Se faiz quarqué coisa pra toca viola comueu.
56 -  quase qui essi disgramadu pegueu uai,
57 - nois vai sai daqui agora meso, lá esse tar num apareci não uai.
58 - Me contaru rapariga que u homi di noiti tevi aqui e levo o violeru pras banda deli.
59 - carcule só a prosopopéia. Calcule  só a bagunça.
60  – mais péra, leva vara proceis pescá. Oceis gosta, assim resfresca a cabeça.
61 - Tardi, será queu possu pruveita u fogu i a companhia de vosmecêis. Eu to levanu uma incumenda prum sujeitu pra modi passá pru entrus dedu.
62 - o violero qué a cobra pra modi passá pur entri us dedu.?
63 - eu ficu agradicido com a atenção di seis tudu aí.
64 – tem qui sê omi pra módi passá a cobra pur entri us dedu.
65 - Senhori moçu, para com issu pra qui tanta ganança, oce já tocum pocu. Para cum issu.
66 - vamu passá bicha nus dedus.
67 – as bota du gabrier fico boa nu necu nem.
68 -  Hora quinzim sosse que vorta pra trais nois vorta, mais vo fala uma coisa pra oce, se oce quisé vorta pra trais nois vorta hem.
69 - si oce quisé vorta pra trais nós vorta, mais si oce quisé sigui dianti nóis vai também.
70 -  ó quinzim , vamu agora percurá um lugá gostoso pra nóis cume i despois percurá um lugá bem quentim pra modi nois drumi
71 - Queru frangu cum cuca cola, eu tomem vo kere frangu cum aqueli galetu qui roda dendufornu. Fica carmo ô, péra qui us homi perguntá pra nois uai.
72 -  si u homi num vinhé logo eu vô intra pra denda cuzinha e vô fazê meu pratu logo.
73 - Caducu, vai kerditá num casu dessi? I mãi, vamu ovi u homi.
74 -  tamu ino no rumu da cidadi mais grandi aí pra frente pra modi vê u firme du Mazzaropi.
75 - e adondi que vai contece esse milagri, qui si fô longe eu adesistu, to numa cansera deferenti num gostu quandu sintu essa cansera deferenti
76 -  é mió pegá o Policarpu, eli vai istranhá com nós. Fica sussegadu qui nois vai cuidá bem deli.
77  – nóis vinhemu vê um firmi qui diz qui oceis passá toda noiti ai.
78 – mas nóis vinhemu meso pra modi vêr o firme du Mazzaropi qui oceis passá aí toda noite.
79 - U mininu ta sapecanu di febri. U seu quinzim, u mininu ta cum febrão rapais.
80 - Oia cumpanheru, nois vai passa aqui um firme, da nossação lá im Brasia.
81 -  Tarde, possu falá cu donu, pra módi falá cu eli.
82 - As criança qui eis pega aqui nu acampamentu eis leva prum orfanatu lá im sum paulu, mais as veis as criança si perdi lá im sum paulu.
83 - Documentu eu num trussi, ficaru tudu lá im casa cidadi di formosu, nunca percisei nem.
84 - Mais eu num queria ficar lá dotô, eu teim minha terrinha im formosu.
85 - você pensa que esse bandu de sem vergonha vai vencê eué
86 - Oia aqui, oce inda tem um tantinhu di dinheru, oce pegu oinbus i vai pra casa da tia marvina, eu incontru se lá hem, viu?
87 - Nois vinhemu passiá i vê u firmi du Mazzaropi nu cinema, i perdemu nossu Necu lá nu campamentu qui mataru Mané Charreteru.
88 - Sinhoraparecida, nunkimaginei quiia vê a sinhora assim di pertu, nossu mininu si perdeu, fui eu qui truxele, a zurmira num kiria, mais eu qui insisti, trais ele di vorta.
89 - Pelamo de Deus, cumé qui chega nu buracu do metro?
90 - Sinhora pudia mim conta uma coisa, aqui já foi o cinema?
91 -  acha que despois dessa trabaieira toda nóis vai vortá pra roça sem vê o firme do Mazzaropi.
92 – íííí oceis num mi enchi u picuá. Oceis num mi enchi u picuá , entra pra dentu pra tomé café, entra  pra dentu. Oia qui  uma limonada proceis queu fiz proceis..
93 - I eu num vo mesu, de jeitu manera, i eu num sai dessa roça aqui nem qui a vaca tuça.
94 - O meu mininu, donde qui tá oce, eu já to com as lata di firmi pra ti amostrá muleki.
95 - O dona, eu ja vi qui a sinhora é muitu bondosa, a sinhora pudia mim dá essis firmi de Mazzaropi, a sinhora num sabi u tantu qui já andei pra vê essis firme.
96 - Tardi possu fala cus donu, pra modi falá cum eli, pra modi mostra essas lata queu tenhu aqui.
97 - Oia lá pai, oia o qui oce ta fazenu hem, sem auteraçao, sem auteração.
98 - Oceis pensa qui essis bandu di guenoranti vai vence eu é. Nois gastemu o pe na istrada, nois cumemu o pão qui u diabu amasso, eu queru donu du cinema.
99 - Mais o que qui eli ta fazenu zurma? Eu vo lá sabê.
100 - Ta bao, eu saio, mais seis tem qui ponha um tapeti vermei aí, si não num sáio.
101 - Oia ai, ta mim estraganu toda a obra. I num mim faça perde a paciença.


Anexo o modelo de trabalho desenvolvido pelas alunas Mirian Ratzke, Ivone Leite Barboza Feltz, Carla Priscila Gude, Kauanna de Paula Oliveira estudante do Ensino Especial, Ensino Médio do Campo  em Cacoal/RO, Escola Cruzeiro do Norte e orientado por mim, professor Oto Braz Odorico.


Análise  Lingüística

I - Introdução:


     A linguagem é muito importante, com ela comunicamos com as pessoas ao nosso redor, a língua portuguesa é a que adotamos para manter contatos com as pessoas.
    Tanto a língua oral quanto a escrita é fundamental na vida social de cada cidadão, pois, através dela comunicamos, temos acesso às informações, e transmitimos aquilo que aprendemos.
Através da linguagem a pessoa transmite sua cultura de acordo o que se aprendeu, através da pronuncia, do vocabulário adotado, da entonação e do sotaque, conseguimos saber muito sobre quem está falando, sua idade, sexo, profissão, escolaridade, sua origem, nível socioeconômico e até sua atividade profissional. Com a língua portuguesa aprendemos a falar corretamente, e a pessoa tem um papel melhor na sociedade. 
Percebemos constantemente atitudes de descriminação com as pessoas que falam de forma “errada” e nós não podemos contribuir com isso.
II - Levantamento de dados


Perfil dos personagens estudados


Nome: Quinzin/Joaquim (Mateus Naschtergaele)
Idade aproximada: 42 anos

Nome: Zurma/Zulmira (Gorete Milagres)
Idade aproximada: 40 anos

Nome: Neco/Emanuel (Vinícius Miranda)
Idade aproximada: 10 anos

Classe social: Classe baixa
Grau de escolaridade: Semi analfabeto
Região: Interior de Minas


III - Corpus sistêmico (Frases do filme sorteada para estudo para o grupo)

1- Quem acha rã no brejo qui dificulidade
2- Quando senti a fisgada- puxá com ligereza
3- Com toda essa leiteria eli chora di fomi, muié, reza preli ce reza Zurmira.
4- A sinhora fica carma, fais tudo quiném sê faiz tuda noite, mas tem qui avisar seu Marculino pra modi num assusta cu eu nem.
5- Mãe já qui tamu, qui fikemu.Hê!  inda ta cum rabu viradu, que dificulidade essa muié.
6- cinema tem mais nois num sabe se vai passa da filme da mazaropi. Nois nunca viu nem.
7- nois vai sai daqui meso, lá esse tar num apareci naw uai.
8- Hora quinzim sosse que vorta pra trais nois vorta, mais vo fala uma coisa pra oce, se oce quisé vorta pra trais nois vorta hem.
9- Umininu ta sapecanu di febri.U seu quinzim, u mininu ta cum febrão rapais.
10- Oia cumpanheru, nois vai passa aqui um firme, da nossação lá im brasia.
11- Tarde, possu fala cu donu, pra módi fala cu eli.
12-  íííí oces num mi enchi u picuá Oceis num mi enchi u picuá, entra pra dentru pra tomé café, entra pra dentru. Oi aqui uma limonada proceis queu fiz proceis.
13- Oai, ta mim estraganu toda a obra.I num mim faça perde a paciença.
IV – Morfologia

          Do ponto de vista morfológico percebemos os seguintes  fenômenos lingüísticas:

4.1)-Troca do O pelo U e  E  por I em palavras como:


Forma pronunciada pelos personagens
Forma aceita  pela gramática normativa
Quandu
Quando
Sinhora
Senhora
Qui
Que
Mininu
Menino
Eli
Ele
Febri
Febre
Dentu
Dentro
Rumo
Rumo
Grandi
Grande


Como pode notar, há uma tendência na fala, o falante substituir o E por I e O por U nos               ditongos em finais de palavras. Para a gramática normativa, mesmo nós entendendo o significado em palavras como: mininu, febri e grandi, do ponto de vista fonético não podem ser aceitas, mas sim, menino, febre e grande.

4.2)- Rotacização do L nos encontros consonantais:


Forma pronunciada pelos personagens
Forma aceita  pela gramática normativa
Zurmira
Zulmira
firme
Filme
Carma
Calma
Iguar
Igual
carqué
calquer


Como podemos ver, esse fenômeno é comum entre pessoas de baixa escolaridade, e que a gramática normativa não aceita a ocorrências de tais fenômenos.

4.3)- Ausência do plural nas palavras.


Forma pronunciada pelos personagens
Forma aceita  pela gramática normativa
cinema tem mais nois num sabe se vai passa da filme da mazaropi. Nois nunca viu nem.
Cinema  tem, mas não sabemos se vai exibir o filme do Mazaropi. Nós nunca assistimos falou?
nois vai sai daqui meso, lá esse tar num apareci naw uai.
Nós vamos sair daqui mesmo.
Nois pode ajudar oce.
Podemos ajudá-lo?
O dona, eu já vi qui  a senhora é muito bondosa, a senhora podia mim dá essis firme de Mazaropi, a senhora num sabi o tantu qui já andei pra vê essis firme.
Oh dona! Já vi que a senhora é muito bondosa, daria esses filmes do Mazaropi para mim? Se a senhora soubesse o quanto andei pra ver esses filmes!


 Todos os fatos acima também são alvos de preconceitos, entre os falantes da língua culta. Para a Gramática Normativa a ausência de plural como nestes casos não podem ser aceitos.
   Além das substituições o E  e  O,  dos rotacismo nos encontros consonantais e eliminação das marcas de plural redundantes, percebemos na fala dos personagens outros fenômenos, como:

4.4)-Transformações do LH em I,  nos seguintes dígrafos:


Forma pronunciada pelos personagens
Forma aceita  pela gramática normativa
Muié
mulher
Trabaio
Trabalho
Faia
Falha
vermei
Vermelho


4.5)-Simplificação das conjugações verbais:


Forma pronunciada pelos personagens
Forma aceita  pela gramática normativa
Tamu
Estamos
Quisé
Quiser
qué
Quer


4.6) Transformação  de NH em N e de MB em M:


Forma pronunciada pelos personagens
Forma aceita  pela gramática normativa
Venu
vendo
Estraganu
Estragando
Sapecanu
Sapecando
Donde
Aonde


4.6)-Redução dos ditongos OU em O e EI em E:


Forma pronunciada pelos personagens
Forma aceita  pela gramática normativa
Cumpanheru
Companheiro
Trabaieira
Trabalheira
Cansera
Canseira


4.7)-Contração de palavras:


Forma pronunciada pelos personagens
Forma aceita  pela gramática normativa
Oceis
vocês
ino
Indo


4.8)- Contração de palavras como nos casos abaixo:


Forma pronunciada pelos personagens
Forma aceita  pela gramática normativa
Num
Em, um
Proceis
Para vocês
Cum
Com, um
Preli
Pra ele
Sosse
Se você
Puentri
Por entre


4.9)-Presença de arcaísmo:


Forma pronunciada pelos personagens
Forma aceita  pela gramática normativa
Meso
Mesmo
Brasia
Brasília
Firme
Filme
Vorta
Volta


4.1.1)-Redundância:


Forma pronunciada pelos personagens
Forma aceita  pela gramática normativa
Entra pra dentro
Entra
Volta pra traz
volta


V - Sintaxe:

Na sintaxe percebemos fenômenos como:


Forma pronunciada pelos personagens
Forma aceita  pela gramática normativa
Quem acha rã no brejo qui dificulidade.
Achar rã no brejo, como é difícil!
Quando senti a fisgada- puxá com ligereza.
Quando sentir a fisgada, puxa rapidamente.
Com toda essa leiteria eli chora di fomi, muié, reza preli ce reza Zurmira.
Com tanto leite ele ainda chora de fome, mulher, poderia rezar pra ele Zulmira?
 A sinhora fica carma, fais tudo quiném sê faiz tuda noite, mas tem qui avisar seu Marculino pra modi num assusta cu eu nem.
A senhora fica calma, faça tudo como toda noite e não se esqueça de avisar o senhor Marculino para ele não assustar.
Mãe já qui tamu, qui fikemu.Hê!  inda ta cum rabu viradu, que dificulidade essa muié.
Mãe, se aqui estamos aqui vamos ficar. He! Ainda está com raiva? Que dificuldade é essa mulher?
cinema tem mais nois num sabe se vai passa da filme da mazaropi. Nois nunca viu nem.
Cinema tem, mas não sabemos se vai exibir o filme do Marzzaropi. Nunca assistimos falou?
nois vai sai daqui meso, lá esse tar num apareci naw uai.
Iremos sair daqui agora mesmo.



VI - Conclusão:

            Ao concluir este trabalho, percebemos as varias dimensões de uma mesma língua. Como podemos verificar nas palavras, o estudo da morfologia, da sintaxe e da linguística mais uma vez vem nos mostrar o que já foi constatado por pesquisas de renomados autores a respeito do uso da língua pelos seus falantes.
            O modo de falar de uma pessoa interfere positiva ou negativamente na vida da pessoa, dependendo do seu vocabulário a pessoa pode ser aceita ou até descriminada devido a seu modo de falar. A gramática normativa não aceita erros como podemos ver acima. Deste modo a partir de todas as informações obtidas vemos que, essa pesquisa serviu não, só como um estudo, mas como conhecimento, com a perspectiva  de que essa foi apenas uma amostra de tudo que ainda temos que aprender.


Obs.: verifica que com a orientação do professor o trabalho ficou muito bem detalhado.
Para contribuir ainda mais com o assunto outros textos também poderão ser utilizados.
Veja novas sugestões.
01 - Falar é fácil, escrever é difícil. Você também pensa assim ?

Leia o texto de Jô Soares para perceber a diferença.

"Português é fácil de aprender porque é uma língua que se escreve exatamente como se fala"
                                                                      Jô Soares. Revista "Veja" - 28.11.90

Pois é. U purtuguêis é muito faciu di aprender, purqui é uma língua qui a genti iscrevi  ixatamente cumu si fala. Num é cumu inglêis qui dá até vontadi di ri quandu a genti discobri cumu é qui si iscrevi algumas palavras. Im purtuguêis não. É só prestátenção. U alemão pur exemplu. Qué coisa mais doida ? Num bate nada cum nada. Até nu espanhol qui é parecidu, si iscrevi muinto diferenti. Qui bom qui a minha língua é u purtuguêis. Quem soubé fala sabi iscrevê.

A partir da leitura pode propor aos alunos a reescrita do texto na variação culta.

02 - Aula de português

01 A linguagem
na ponta da língua
tão fácil de falar
04 e de entender.
A linguagem
na superfície estrelada de letras,
07 sabe lá o que quer dizer?
Professor Carlos Góis, ele é quem sabe,
e vai desmatando
10 o amazonas de minha ignorância.
Figuras de gramática, esquipáticas,
atropelam-me, aturdem-me, sequestram-me.
13 Já esqueci a língua em que comia,
em que pedia para ir lá fora,
em que levava e dava pontapé,
16 a língua, breve língua entrecortada.
do namoro com a priminha.
O português são dois; o outro mistério.

Carlos Drummond de Andrade. Esquecer para lembrar ,
Rio de Janeiro: José Olympio, 1979.

01 - Explorando a função emotiva da linguagem, o poeta expressa o contraste entre marcas de variação de usos da linguagem em:

a) situações formais e informais.
b) diferentes regiões do país.
c) escolas literárias distintas.
d) textos técnicos e poéticos.
e) diferentes épocas.

RESPOSTA CORRETA: ALTERNATIVA - A

02. No poema, a referência à variedade padrão da língua está expressa no seguinte trecho:

a) “A linguagem / na ponta da língua” (v. 1 e 2).
b) “A linguagem / na superfície estrelada de letras” (v. 5 e 6).
c) “[a língua] em que pedia para ir lá fora” (v. 14).
d) “[a língua] em que levava e dava pontapé” (v. 15).
e) “[a língua] do namoro com a priminha” (v. 17).
                   
ALTERNATIVA - B

Leia com atenção o texto:
[Em Portugal], você poderá ter alguns probleminhas se entrar numa loja de roupas desconhecendo certas sutilezas da língua. Por exemplo, não adianta pedir para ver os ternos — peça para ver os fatos. Paletó é casaco. Meias são peúgas. Suéter é camisola—mas não se assuste, porque calcinhas femininas são cuecas. (Não é uma delícia?)
(Ruy Castro. Viaje Bem. Ano VIII, nº 3, 78.)

03 - O texto destaca a diferença entre o português do Brasil e o de Portugal quanto
a) ao vocabulário.              b) à derivação.                    c) à pronúncia.                    d) ao gênero.                        e) à sintaxe.

          ALTERNATIVA - A

03 – NÓIS MUDEMO

Fidêncio Bogo

          O ônibus da Transbrasiliana deslizava manso pela Belém-Brasília rumo a Porto nacional. Era abril, mês das derradeiras chuvas. No céu, uma luazona enorme pra namorado nenhum botar defeito. Sob o luar generoso, o cerrado verdejante era um presépio, toda poesia e misticismo.
Mas minha alma estava profundamente amargurada. O encontro daquela tarde, a visão daquele jovem marcado pelo sofrimento, precocentemente envelhecido, a crua recordação de um episódio que parecia tão banal... tentei dormir. Inútil. Meus olhos percorriam a paisagem enluarada, mas ela nada mais era para mim que o pano de fundo de um drama estúpido e trágico.
            As aulas tinham começado numa segunda-feira. Escola de periferia, classes heterogêneas, retardatários. Entre eles, uma criança crescida, quase um rapaz.
-          Por que você faltou esses dias todos?
-          É que nós mudemo onti, fessora. Nóis veio da fazenda. Risadinhas da turma.
-          Não se diz “nóis mudemo”, menino! A gente deve dizer; nós mudamos, tá?
-          Tá, fessora! No recreio, as chacotas dos colegas: Oi, nós mudemo! Até amanhã, nóis mudemo!
No dia seguinte a mesma coisa; risadinhas, cochichos, gozações.
-          Pai, não vô mais pra escola!
-          Ôxente! Módi quê?
-          Ouvida a história, o pai coçou a cabeça e disse:
-          Meu fio, num deixa a escola por uma bobagem dessa! Não liga pras gozações da Mininada! Logo eles esquece. Não esqueceram.
            Na quarta-feira, dei pela falta do menino. Ele não apareceu no resto da semana, nem na segunda-feira seguinte. Ai me dei conta de que eu nem sabia o nome dele. Procurei no diário de classe e soube que se chamava Lúcio – Lúcio Rodrigues Barbosa. Achei o endereço. Longe, um dos últimos casebres do bairro. Fui lá, uma tarde. O rapazola tinha partido no dia anterior para a casa dum tio, no sul do Pará.
            É fessora, meu fio não agüentou a gozação da mininada. Eu tentei fazê ele continuá, mas não teve jeito. Ele tava chatiado demais. Bosta de vida! Eu devia di tê ficado na fazenda coa famia. Na cidade nós não tem veis. Nós fala tudo errado.
            Inexperiente, confusa, sem saber o que dizer, engoli em seco e me despedi. O episódio ocorrera há dezessete anos e tinha caído em total esquecimento, ao menos de minha parte.
            Uma tarde, num povoado à beira da Belém-Brasília, eu ia pegar o ônibus, quando alguém me chamou. Olhei e vi, acenando para mim, um rapaz pobremente vestido, magro, com aparência doentia.
            O que é moço?
            A senhora não se lembra de mim, fessora?
            Olhei para ele, dei tratos à bola. Reconstituí num momento meus longos anos de sacerdócio, digo, de magistério. Tudo escuro.
            Não me lembro não, moço. Você me conhece? De onde ? Foi meu aluno? Como se chama?
            Para tantas perguntas, uma resposta lacônica:
            Eu sou “Nóis Mudemo”, lembra?
            Comecei a tremer.
            Sim moço. Agora me lembro. Como era mesmo o seu nome?
-          Lúcio – Lúcio Rodrigues Barbosa.
-          O que aconteceu com você?
-          O que acontece? Ah fessora! É mais fácil dizê o que não aconteceu.
Comi o pão que o diabo amassô. E êta diabo bom de padaria! Fui garimpeiro, fui
Bóia fria, um “gato”me arrecadou e levou num caminhão pruma fazendo no meio da mata. Lá trabaiei como escravo, passei fomo, fui baleado quando consegui fugi. Peguei tudo quanto é doença. Até na cadeia fui pará. Eu não devia de tê saído daquele jeito., fessora, mas não agüentei a gozação da turma. Eu vi logo que nunca ia consegui falá direito. Ainda hoje não sei
            Meu Deus!
            Aquela revelação me virou pela avesso. Foi demais para mim.
            Descontrolada comecei a soluçar convulsivamente. Como eu podia ter sido tão burra e má? E abracei o rapaz, o que restava do rapaz, que me olhava atarantado.
            O ônibus buzinou com insistência.
            O rapaz afastou-me de si suavemente.
-          chora não, fessora! A senhora não tem curpa.
Como? Eu não tenho culpa? Deus do céu!
Entrei no ônibus apinhado. Cem olhos eram sem flechas vingadouras par mim. O
 ônibus partiu. Pensei na minha sala de aula. Eu era uma assassina a caminho da guilhotina.
            Hoje tenho raiva da gramática. Eu mudo, tu mudas, ele mudo, nós mudamos, mudamos, mudaaamoos, mudaaamooos..., Super usada, mal usada, abusada, ela é uma guilhotina dentro da escola. A gramática faz gato e sapato da língua materna – a língua que a criança aprendeu com seus pais e irmaos e colegas e se torna o terror dos alunos. em    vez de estimular e fazer crescer, comunicando, ela reprime e oprime, cobrando centenas de regrinhas estúpidas para aquela idade.
            E os lúcios da  vida, os milhares de lúcios da periferia e do interior, barrados nas salas de aula: “Não é assim que se diz , menino!”  Como se professor quisesse dizer: “Você está errado! Os seus pais estão errados! Seus irmão e amigos e vizinhos estão errados! A certa sou eu! Imite-me! Copie-me! Fale como eu! Você não seja você! Renegue suas raízes! Diminua-se! Desfigure-se! Fique no seu lugar! Seja uma sombra!”
            E siga desarmado para o matadouro da vida...
Porto Nacional, 1990.

ATIVIDADES A RESPEITO DO TEXTO ESTUDADO

Parte I
01 - Observem as frases a seguir e relacione cada uma conforme o tipo de variação.
(01) Variação cultural                        (02) Variação histórica     
(03) Variação geográfica                    (04) Linguagem de gíria

(           ) um “gato”me arrecadou e levou num caminhão
(           ) Ôxente! Módi quê?
(           ) Por que você faltou esses dias todos?
(           ) Ouvida a história, o pai coçou a cabeça e disse.
(           ) Meu fio, num deixa a escola por uma bobagem dessa!
(           ) Eu devia di tê ficado na fazenda coa famia.
(           ) Comi o pão que o diabo amassô.
(           ) É que nós mudemo onti, fessora. Nóis veio da fazenda.
(           ) Entrei no ônibus apinhado.

01 – Analise as frases abaixo e identifique aquelas que foram ditas no sentido formal.
I) Mas minha alma estava profundamente amargurada.
II) A crua recordação de um episodio que parecia tão banal.
III) Meus olhos percorriam a paisagem enluarada.
IV) Pai, não vô mais pra escola.
V) Entre eles uma criança crescida, quase um rapaz.

A respeito das frases acima se considera que:

a) todas estão no sentido formal                  
b) somente a frase I e IV estão no sentido informal
c) nenhuma frase encontra-se no sentido formal                 
d) somente a frase IV está no sentido informal
e) N.D.A
ALTERNATIVA – D

02 –  A norma padrão é o conceito tradicional, idealizado pelos gramáticos, aos quais a tratam como modelo enquanto a linguagem popular é alvo de preconceitos. Como disse a professora, todos os dias milhares de “lúcios” são barrados nas salas de aulas. O texto nós mudemos nos faz refletir sobre nossas atitudes quanto ao falar popular. A seguir temos algumas situações de reflexão.
 “Não se diz “nóis mudemo”, menino! A gente deve dizer; nós mudamos, tá?” Essa foi atitude tomada pela professora diante da fala de Lucio e que comprometeu seu futuro, uma vez que isso ajudou o garoto a desistir da escola. Em relação a essa atitude e com base nos assuntos discutidos em sala de aula julguem as afirmativas a seguir e assinale a mais adequada.

a) A professora agiu corretamente, pois não deveria deixar o Lúcio falar errado.
b) Lucio agiu errado, além de não aceitar a professora lhe corrigir ainda abandonou a escola.
c) Lucio foi ignorante, preferiu continuar falando errado que aceitar a ajuda da professora.
d) Lúcio é apenas uma vítima da situação e a professora não deveria ter agido daquela forma.
e) Os alunos foram os responsáveis pela saída de Lúcio, deveriam receber punição por isso.

Alternativa D

03    -  Em relação a atitude da professora?
a)      Ela agiu corretamente, pois tinha o dever de ensinar Lúcio a falar o português correto.
b)      Deveria ter castigado os demais alunos que abusavam do Lúcio, pois eles foram covardes.
c)      Não agiu corretamente, se quisesse chamar a atenção do garoto deveria ser de outra forma.
d)     Apenas cumpriu com seu papel de professora Lúcio é que foi ignorante.
e)      Todas as questões acima estão corretas.

ALTERNATIVA – C
04– A melhor forma de um professor reagir numa situação como essa seria.
a) Deixar o Lúcio continuar falando daquela forma e ser alvo de chacotas?
b) Não falava nada com o garoto, mas exortava os colegas que estavam abusando dele.
c) Chamava a atenção do menino como ela fez.
d) Fazê-lo escrever centenas vezes a conjugação do verbo “nós mudamos’ para ele aprender a falar certo.
e) Nenhuma das sugestões acima é adequada.

ALTERNATIVA – B
05 -  Bosta de vida! Na cidade nós não tem veis. Nós fala tudo errado.
Essa foi uma afirmação do pai do garoto quando a professora foi procurar pelo menino. A partir das questões abaixo julguem a mais adequada.
a) É verídica a afirmação do pai de Lucio que quem mora na roça fala errado?
b)  As  pessoas da cidade também falam errado.
c) Falar certo e falar errado é uma visão preconceituosa.
d) As pessoas da roça falam erradas porque não têm acesso a informações.
e)  N.D.A.
ALTERNATIVA – C

06     “Eu era uma assassina a caminho da guilhotina. Hoje tenho raiva da gramática. Eu mudo, tu mudas, ele mudo, nós mudamos, mudamos, mudaaamoos, mudaaamooos..., Super usada, mal usada, abusada, (......) em vez de estimular e fazer crescer, comunicando, ela reprime e oprime, cobrando centenas de regrinhas estúpidas para aquela idade.”

Essa é a fala da professora de Lucio quanto deparou com o rapaz naquela situação. O que fez mudar de comportamento em relação ao ensino da gramática?
a) Simplesmente pelo fato de ter encontrado Lúcio naquela situação depois de tanto tempo.
b) Porque Lúcio contou tudo que ele passou na vida.
c) Porque ela não conversou com Lúcio a tempo dele deixar a escola.
d) Porque ela estudou e percebeu que um ensino baseado em aprender regras gramaticais não era tão importante como ela achava antes.
e) N.D.A
ALTERNATIVA - D
  07 - “Eu mudo, tu mudas, ele mudo”. Essa foi uma conclusão da professora em relação ao ensino da gramática normativa. Através da fala da professora podemos  inferir que:
a) a professora não acredita mais em um ensino focado em cima da gramática normativa.
b) a gramática normativa condena a norma popular e dessa forma pessoas como Lúcio com medo de sofrer preconceitos podem evitar dar opiniões para não serem alvos de chacotas.
c) a professora condena a forma que a gramática normativa trata o ensino da Língua Portuguesa.
d) a professora não dá importância ao ensino da Língua Portuguesa baseado em normas gramaticais.
e) todas as alternativas estão corretas.
ALTERNATIVA – B

08 – A partir das informações abaixo responda:
I) O uso de uma língua varia de época para época, de região para região, de classe social para classe social, e assim por diante. 
II) Dependendo da situação, uma mesma pessoa pode usar diferentes variedades de uma só forma da língua.
III) Fatores como, região, faixa etária, classe social e profissão são os responsáveis pela variação da língua.
IV) A língua não é usada de modo homogêneo por todos os seus falantes.
V) O indivíduo graduado fala somente o linguajar culto enquanto o indivíduo analfabeto fala somente o dialeto popular.
VI) Fatores como região, faixa etária, classe social e profissão, são responsáveis pela variação da língua;
VII) O que determina a escolha de uma ou de outra variedade linguística é a situação concreta de comunicação.
VIII) O uso das vogais abertas em algumas regiões do Nordeste como ménino em vez de menino – quérida em vez de querida e o s chiado carioca e o s sibilado mineiro são exemplos de variações regionais.

a) Todas as afirmativas são verdadeiras       
b) Somente as afirmativas I – III – IV e VIII são verdadeiras.
c) Nenhuma alternativa é verdadeira.           
d) Somente a alternativa V é falsa.
e) Não há alternativa falsa.

ALTERNATICA CORRETA – D

09 – RELACIONE AS FRASES ABAIXO SENDO (01) PARA LINGUAGEM DE GÍRIA (02) VARIAÇÃO SOCIAL CULTA (03) VARIAÇÃO SOCIAL POPULAR (04) VARIAÇÃO REGIONAL e (05) VARIAÇÃO HISTÓRICA. 
(      ) Foi irado meu! Quando vi aquela multidão toda gritando: bis, bis, bis..                                          (      ) Segundo os lingüistas podemos concluir que há dialetos de dimensão territorial, social, profissional, de idade, de sexo e histórica.                                                                                                       (      ) Vossa mercê tem idéia de quantas mademoseles comparecerão ao baile do casarão?                                              (      ) Vivemos um grande momento no Brasil e tem que ser o momento do Nordeste do Brasil, porque é aqui que se concentra a pobreza.                                                                                                                      (      ) Ô velho, já faz um tempão que sou dono do meu nariz...                                                              (      ) Aí meu, quando cheguei o cara já tinha azulado.
(     ) As menina usa biquíni colorido.                                                                                                        (      )  No mundo no me sei parelha, (...) mia senhor branca e vermelha, queredes que vos retraia quando vus eu vi em saia!  (Cancioneiro da ajuda)                                                                                    (      ) Filhos, chama os outros piá e vai à mangueira prender os terneiros se não eles mamam tudo o leite das tetas da vaca.
A SEQUENCIA CORRETA É:

a)      01 – 02 – 05 – 02 – 01 -01 – 03 – 05 – 04
b)      02 – 01 – 05 – 03 – 01 – 04 – 03 – 05 – 04
c)      04 – 05 – 03 – 01 – 01 – 02 – 05 – 02 -  05
d)      03 – 02 -  01 – 05 – 03 – 04 -  02 – 05 – 03


ALTERNATIVA - A
COLOQUE V CASO A AFIRMATIVA SEJA VERDADEIRA OU F CASO SEJA FALSA.

(           ) A língua não é usada de modo homogêneo por todos os seus falantes.
(           )  O uso de uma língua varia de época para época, de região para região, de classe social para classe social, e assim por diante.
(           ) Nem individualmente podemos afirmar que o uso da língua  seja uniforme.
(           )  Dependendo da situação, uma mesma pessoa pode usar diferentes variedades de uma só forma da língua.
(           ) A língua portuguesa, como todas as línguas do mundo, não se apresenta de maneira uniforme em todo o território brasileiro;
(           ) A variação da língua se dá em função do emissor e em função do receptor.
(           ) Fatores como, região, faixa etária, classe social e profissão são os responsáveis pela variação da língua.
(           ) A norma culta é melhor hierarquicamente que a norma popular.
Níveis de variação lingüística
Observe as frases a seguir e diga se trata de linguagem gíria, variação social culta, variação social popular, variação social regional, variação social relacionado à profissão ou variação histórica.
a)Foi irado meu! Quando vi aquela multidão toda gritando: bis, bis, bis.....................................
b) Segundo os lingüistas podemos concluir que há dialetos de dimensão territorial, social, profissional, de idade, de sexo e histórica. ..................................................................................
b) Vossa mercê tem idéia de quantas mademoseles comparecerão ao baile do casarão? .............................................................................
c) Vivemos um grande momento no Brasil e tem que ser o momento do Nordeste do Brasil, porque é aqui que se concentra a pobreza. ..............................................................................
d) Ô velho, já faz um tempão que sou dono do meu nariz... ................................................
e) Aí meu, quando cheguei o cara já tinha azulado. --------------------------------------------------------
f) As menina usa biquíni colerido. -------------------------------------------------------------------------
g) Vereadores governistas começaram a balançar em favor da CPI. -----------------------------------
h) No mundo no me sei parelha, (...) mia senhor branca e vermelha, queredes que vos retraia quando vus eu vi em saia!  (Cancioneiro da ajuda)   ----------------------------------------------------------
i) Uma casa foi comprada, ontem pela manhã, pela mãe de José. -------------------------------------
Observe as expressões a seguir e numere
(01) para linguagem formal                 (02) para linguagem informal.
(           )  Venho solicitar a V. S. a concessão de auxílio doença.
(           ) Quero te pedir um grande favor.
(           ) Seu dotô, só me parece que o sinhô não me conhece.
(           ) Zélia está matando cachorro a grito.
(           ) Essa promoção vai arrebentar a boca do balão.
(           ) Os moradores da capital paulista começaram a mudar seu jeito de pronunciar o R.
(           ) Mamãe, eu vou no mercado pela tarde.

MOMENTO GRAÇA.

RECEITA CASERA DI  MINERIM
Sapassado era sessetembro, taveu na cuzinha tomando uma pincumel e cuzinhado um kidicarne cumastumate pra fazer uma macarronada cum galinhassada. Quascai de susto quanduvi um barui vinde denduforno parecendum tidiguerra. A receita mandopô midipipoca denda galinha prassa. O forno inquentô, o mistorô e a galinhispludiu! nossinhora! Fiquei branco quinein um lidileite. Foi um trem doidimais! quascai dendapia! Fiquei sensabe dondevim, nancotô, proncovô, ôpcevê quilocura! grazadeus ninguém semaxucô!
SINÔNIMOS


linda
bela
bonita
colossal







feio
horroroso
horrível








leve
maneiro
leviano








surra
sova
tunda
coça
pisa
apanhar
bater
espancar
coro


corda
piola
soga
laço







provocar
mexer
implicar
enticar
mangar
zombar
entrigar
enritar



porção
monte
magote
bastante
punhado
vários
muito




idiota
bobo
leso
ignorante
palerma
imbecil
tonto
bobaca
besta
chato
burro
derrubar
demolir
deslocar
desmontar
destruir
desmanchar
desmantelar




sungar
levantar
suspender
erguer
arribar






espiar
cubar
observar
assuntar
avistar
ver
notar
olhar
enxergar


guri
menino
pirralho
pivete
piá
bambino
moleque
garoto



piquete
invernada
manga
potreiro
marco






rio
sanga
regato
riacho
córrego
ribeiro





sopa
coletivo
jardineira
ônibus
marinete
condução







Além do filme sugiro ouvir o vídeo abaixo sobre um locutor de Quixeramobim. Serve como importante reflexão, principalmente sobre os erros absurdos que os meios de comunicação cometem em relação à Língua Portuguesa.
Caso esse planejamento de aula seja útil, fique a vontade para utilizá-lo em seu dia a dia.


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