Língua Portuguesa
Analisando a crônica como gênero literário
Objetivos
1)
Analisar e identificar o gênero crônica;
2) Interpretar e verificar
os vários recursos utilizados por autores brasileiros;
3) Identificar aspectos e
características do gênero;
4) Caracterizar o narrador
da crônica.
Ponto de partida
Numa
de suas crônicas, Ivan Ângelo comenta como seus leitores se referem a seus
escritos: "reportagens", "contos", "comentários",
"críticas", "coluna". Estariam errados?
O escritor Fernando Sabino
chega a concluir que "crônica é tudo que o autor chama de crônica". O
crítico Antônio Cândido, por sua vez, afirma que "a crônica está sempre
ajudando a estabelecer ou restabelecer a dimensão das coisas e das
pessoas". Algumas características, no entanto, permitem identificar a
crônica como gênero literário.
Estratégias
1)
Dividir a classe em grupos e selecionar com os alunos um conjunto de crônicas
em jornais e revistas;
2) Cada grupo deve
escolher uma crônica para discussão e análise. Serão propostos os seguintes
tópicos para discussão:
A crônica narra de forma artística e pessoal
fatos do cotidiano, geralmente colhidos no noticiário jornalístico. Que fatos
estão enfatizados nesta crônica?
A crônica geralmente é um texto curto e leve,
escrito com objetivo de divertir o leitor e /ou levá-lo a refletir criticamente
sobre a vida e o comportamento humano. Como estes dois objetivos estão
presentes na crônica escolhida?
O narrador presente na crônica pode ser do
tipo observador ou personagem. Como é o narrador da crônica analisada?
A crônica emprega geralmente a variedade
padrão informal em linguagem curta e direta, próxima do leitor. Analise a linguagem
empregada na crônica.
Sugestão de atividades
Os
alunos podem partir de situações do cotidiano para a produção de textos.
Reunidos em pequenos grupos, podem identificar episódios do cotidiano escolar e
comentá-los em forma de pequenas crônicas. Essa atividade ganha maior interesse
se for desenvolvida nos últimos anos do Ensino Fundamental.
Sugestões de leitura
"Comédia para se Ler na
Escola", Luiz Fernando Veríssimo, Editora Objetiva.
"Para Gostar de Ler:
Crônicas", Vários autores (volumes 5 e 7), Editora Ática.
"Sobre a
Crônica", Ivan Ângelo, Revista Veja São Paulo, 25 de abril de 2007.
Linguagem jornalística: editorial
Ponto de partida
O
editorial é o texto jornalístico que expressa a opinião do meio de comunicação
diante de um ou mais fatos contidos numa edição.
Para a atividade, selecione
jornais e revistas e peça aos alunos que descubram em que lugar fica o
editorial.
Objetivos
1)
Identificar e analisar o editorial, seus aspectos e características;
2) Motivar os alunos para
a leitura crítica da opinião contida nos editoriais;
3) Desenvolver técnicas de
argumentação escrita;
4) Intensificar a precisão
semântica;
5) Conhecer e exercitar a
coerência e a coesão textuais.
Estratégias
1)
Selecione com os alunos vários textos jornalísticos para identificar o
editorial;
2) Tente conseguir
editoriais históricos (como no tempo da ditadura militar) em que a opinião
seria colocada, mas não explicitada;
3) Promova a discussão e
estimule a turma a argumentar sobre o assunto;
4) Reúna os alunos em
pequenos grupos e peça para criarem seus próprios editoriais;
5) Mostre a impessoalidade
do editorial - que traz comentários quase sempre em função de um veículo de
comunicação - e faça uma comparação com o texto dissertativo. Você pode mostrar
a diferença entre textos dissertativos e argumentativos.
Estudo da linguagem jornalística - reportagem
Ponto de partida
A
partir de reportagens tiradas de grandes jornais, mostrar aos alunos o gênero e
a linguagem empregada.
Objetivos
1)
Analisar e identificar a reportagem, seus aspectos e características;
2) Motivar os alunos para
o estudo deste gênero;
3) Desenvolver técnicas de
narração;
4) Conhecer e exercitar a
capacidade de sintetizar os fatos e de utilizar o tempo verbal correto.
Estratégias
1)
Peça aos alunos que tragam reportagens para a sala de aula;
2) Ajude-os a identificar
o gênero e suas características distinguindo-os de outros textos jornalísticos
como os editoriais e os artigos;
3) Peça que os alunos
indiquem as reportagens que consideram bem escritas e que expliquem quais são
as qualidades dos textos escolhidos;
4) Aproveite a
oportunidade para debater temas polêmicos que estejam presentes nas
reportagens;
5) Reforce a necessidade
de ler jornais e revistas para manter-se atualizado;
6) Pesquise charges para
motivar o desenvolvimento do tema estudado;
7) Reúna os alunos em
pequenos grupos e proponha que criem suas próprias reportagens sobre
acontecimentos da escola. Enfatize que eles devem levar em conta as mesmas
características dos textos que selecionaram.
Plano de Aula sobre Crônicas e Notícia
de Jornal:
1) Objetivos:
Passar aos alunos pela prática da
leitura e escrita como identificar os
elementos estruturais e literários de uma crônica e notícia de jornal. E estudo
de conteúdos de gramática a partir desses gêneros textuais.
Se houver recursos na escola pode-se
apresentar uma pintura ou vídeo de uma cena qualquer do cotidiano e pedir que
os alunos componham a descrição e narração do fato em forma de crônica e em
forma de notícia (texto jornalístico). E houver uma eleição das melhores a serem
colocadas no mural da escola, e a que for mais votada receber um brinde, uma
revista em quadrinhos ou medalha.
Assistir vídeos que mostrem como
funciona um jornal e um telejornal, e o que faz cada um de seus funcionários:
redator, noticiarista, repórter, apresentador, arquivista-pesquisador, revisor,
repórter-fotográfico, repórter-cinematográfico, diagramador; a diferença entre
notícia, noticiário e reportagem, o que seja matéria editorial, manchete,
manchetinha, ... E se possível visitar em excursão um jornal e um telejornal,
pois: "é lento ensinar por teorias, mas breve e eficaz fazê-lo pelo
exemplo" - Sêneca, filósofo romano do século I.
2) Metodologia:
Inicialmente apresentar um texto
curto de notícia e outro de crônica em cartaz letras grandes na lousa
referindo-se a um mesmo acontecimento e mesmos personagens envolvidos.
Informar as características de cada
gênero e pedir que convertam a notícia em crônica e a crônica em notícia. Como
tarefa para casa cada aluno recortar de jornal duas notícias e identificar as
suas partes e as perguntas, elementos e respostas. Formarem grupos de cinco,
escolherem uma crônica de autor consagrado da literatura brasileira para lerem
em forma de jogral à frente da sala de aula.
*
a) notícia1 (do
inglês NEWS - North, East, West, South - as letras iniciais dos 4 pontos
cardeais): é a comunicação ou informação de um fato, em geral fora da
rotina costumeira de uma coletividade, empregando para buscá-lo e compô-la a
técnica jornalística; o repórter caçando fatos interessantes e vendáveis do
cotidiano procura responder a sete perguntas:
PERGUNTAS
|
ELEMENTOS
|
RESPOSTAS (DADOS)
|
QUEM?
|
Personagens
|
José da
Silva e Ana, e o Arnaldo
|
QUÊ?
|
Fato
|
Suicidou-se
o José da Silva, esposo de Ana
|
QUANDO?
|
Data
|
Ontem às
19:36 h, um dia frio, nublado, e triste
|
ONDE?
|
Local
|
Rua dos
Desiludidos, 46 - Vila dos Cornos e Abandonados
|
COMO?
|
Modo
|
Um tiro no
ouvido, bem ao segundo em que constatou a perfídia
|
POR QUÊ?
|
Motivo
|
Desconfiança
de traição confirmada
|
PARA QUÊ?
|
Objetivo
|
Fugir da
vergonha e da dor pela perda da amada infiel
|
Para atrair a atenção do leitor a
notícia deve apresentar certas qualidades: ser nova (o novo atrai mais a
atenção), verdadeira (falsa notícia diminui a credibilidade, desacredita o
noticiante perante o leitor), interessante (quando atrai o maior número
possível de leitores), importante (quando agrada ou influi no comportamento de
uma coletividade ou grupo de leitores).
Tendo obtido os dados o jornalista
compõe o texto da notícia em três partes:
i) um título: este é o anúncio da notícia, resumidamente
apresenta o principal do acontecimento a ser noticiado: SUICIDOU-SE ONTEM O COMERCIANTE JOSÉ AO VER A ESPOSA NOS BRAÇOS DE
OUTRO.
ii) cabeça ou lead: sumário do fato e o clímax da ocorrência não
importando a ordem cronológica, pode escolher a resposta ao fato que lhe
parecer melhor para a veiculação do comunicado noticioso:
"Desconfiando que sua mulher, Ana Rosinha, o traía com um vizinho (o
Arnaldão), José da Silvia, residente na Rua dos Desiludidos, 46, suicidou-se,
ontem, com um tiro no ouvido."
iii) corpo: é o desenvolvimento da cabeça ou lead esmiuçando os
detalhes em ordem cronológica crescente, descrescente, ou em forma mista. Tanto
aqui como na lead pode-se usar de veracidades sóbrias e claramente expressas ou
de hipérboles ou exageros em relação ao fato e emoções relativas a ele de modo
a transformar a mensagem límpida e objetiva num subjetivismo interpretativo
sensacionalista. Ou seja, se reportagem
expositiva limita-se à narração simples e objetiva do fato. Sendo interpretativa inclui maiores
esclarecimentos para a melhor compreensão do assunto. E se for opinativa além de expor a
notícia e interpretá-la nas suas características procurará subjetivamente
opinar, orientar e dirigir a opinião do leitor ou do público, neste caso poderá
descambar ao sensacionalismo ou adredemente movimentando a massa para uma idéia
ou convicção ideológica.
Exemplo: "Chegando em casa, estafado do seu dia operoso de trabalho, eram 18 horas
e 26 minutos de ontem, o senhor José da Silva, segurança de uma fábrica de
peças íntimas femininas, encontrou a esposa já banhada, perfumada e apressada a
sair para o culto religioso. Disse-lhe que a janta estava nas panelas para ser
requentada no microondas e saiu dando-lhe um beijo ligeiro na face. José custou
a crer na possibilidade da sua senhora estar-lhe sendo infiel, e chegou a
pensar que a animação de Ana se devia ao fervor religioso e às amizades do
grupo onde se reuniam. Porém, alguns bilhetes anônimos inculcavam a sua mente,
resolveu apenas tomar um copo de leite e uns três biscoitos e foi-se ao
encontro dela igualmente a assistir ao culto daquela noite, ontem, que se
iniciaria às 19:30 horas numa travessa da rua de sua casa à altura do número
1259. Aproximando-se viu que ela e o vizinho conhecido como Arnaldão fugiam
furtivamente do culto e se dirigiram para a rua dos Apaixonados onde havia a
pouco tempo ali se instalado um motel para encontros fortuitos de enamorados.
Seguiu-os, e antes que entrassem adentro ao prédio vermelho ilumado presenciou
a cena que aos seus olhos em desespero marcou e quebrou algo como num estalo
dentro de si. Em choque, transtornado, envergonhado do que diziam os vizinhos
já a algum tempo de si, em dor pela perda de sua esposa que estava grávida de
dois meses e não sabia mais se o filho era seu ou daquela relação pérfida,
vendo-os beijarem-se em sorrisos de fogo de paixão e conversas de abrasamento
pela antecipação do conluio copular e orgasmos mútuos, talvez até piadas de
cornos estariam a contar entre si e sobre a sua pessoa achincalhada, resolveu,
ali mesmo debochar da vida, sacou a arma metida à cintura, apontou ao ouvido
direito, disparou. Ambos a não muita distância ouviram e correram ao
ajuntamento de curiosos em torno ao cadáver caído àquela noite sem estrelas,
nublada, e fria. Notaram satisfeitos o ocorrido. Com um sorriso leve
despediram-se e já sonhavam com o casório em breve para uni-los a toda aquela
vida. Todavia, com um dom de atriz fingiu-se de aflita, segundo uma testemunha
ocular autora dos bilhetes anônimos, e encontrou lágrimas para persuasão
oportuna e realização de projetos em a muito agasalhados e somente possíveis
após livrar-se do incômodo marido por demais manso e sem ambições."
b)
crônica2: segundo o volume 1 Para Gostar de Ler
- Crônicas, editora Ática, "é um escrito de jornal que procura contar ou
comentar histórias da vida de hoje. Histórias que podem ter acontecido com todo
mundo: até com você mesmo, com pessoas de sua família ou com seus amigos. Mas
uma coisa é acontecer, outra coisa é escrever aquilo que aconteceu. Então você
notará, ao ler a narração do fato, como ele ganha um interesse especial,
produzido pela escolha e pela arrumação das palavras. E aí começa a alegria da
leitura". Entre os autores escolhidos, Fernando Sabino, Paulo Mendes
Campos, Rubem Braga e Carlos Drummond de Andrade. Este, abaixo vai uma sua
crônica literariamente jocosa transmitindo emoções no jogo das palavras e
diálogos:
Depois
do jantar
Carlos Drummond de Andrade
Também,
que idéia a sua: andar a pé, margeando a Lagoa Rodrigo de Freitas, depois do
jantar.
O
vulto caminhava em sua direção, chegou bem perto, estacou à sua frente. Decerto
ia pedir-lhe um auxílio.
—
Não tenho trocado. Mas tenho cigarros. Quer um?
—
Não fumo, respondeu o outro.
Então
ele queria é saber as horas. Levantou o antebraço esquerdo, consultou o
relógio:
— 9
e 17... 9 e 20, talvez. Andaram mexendo nele lá em casa.
—
Não estou querendo saber quantas horas são. Prefiro o relógio.
—
Como?
—
Já disse. Vai passando o relógio.
—
Mas ...
—
Quer que eu mesmo tire? Pode machucar.
—
Não. Eu tiro sozinho. Quer dizer... Estou meio sem jeito. Essa fivelinha
enguiça quando menos se espera. Por favor, me ajude.
O
outro ajudou, a pulseira não era mesmo fácil de desatar. Afinal, o relógio
mudou de dono.
—
Agora posso continuar?
—
Continuar o quê?
— O
passeio. Eu estava passeando, não viu?
—
Vi, sim. Espera um pouco.
—
Esperar o quê?
—
Passa a carteira.
—
Mas...
—
Quer que eu também ajude a tirar? Você não faz nada sozinho, nessa idade?
—
Não é isso. Eu pensava que o relógio fosse bastante. Não é um relógio qualquer,
veja bem. Coisa fina.
Ainda não acabei de pagar...
Ainda não acabei de pagar...
— E
eu com isso? Então vou deixar o serviço pela metade?
—
Bom, eu tiro a carteira. Mas vamos fazer um trato.
—
Diga.
—
Tou com dois mil cruzeiros. Lhe dou mil e fico com mil.
—
Engraçadinho, hem? Desde quando o assaltante reparte com o assaltado o produto
do assalto?
—
Mas você não se identificou como assaltante. Como é que eu podia saber?
— É
que eu não gosto de assustar. Sou contra isso de encostar o metal na testa do
cara. Sou civilizado,
manja?
— Por isso mesmo que é civilizado, você podia rachar comigo o dinheiro. Ele me faz falta, palavra de honra.
manja?
— Por isso mesmo que é civilizado, você podia rachar comigo o dinheiro. Ele me faz falta, palavra de honra.
—
Pera aí. Se você acha que é preciso mostrar revólver, eu mostro.
—
Não precisa, não precisa.
—
Essa de rachar o legume... Pensa um pouco, amizade. Você está querendo me
assaltar, e diz isso com a maior cara-de-pau.
—
Eu, assaltar?! Se o dinheiro é meu, então estou assaltando a mim mesmo.
—
Calma. Não baralha mais as coisas. Sou eu o assaltante, não sou?
—
Claro.
—
Você, o assaltado. Certo?
—
Confere.
—
Então deixa de poesia e passa pra cá os dois mil. Se é que são só dois mil.
—
Acha que eu minto? Olha aqui as quatro notas de quinhentos. Veja se tem mais
dinheiro na carteira. Se achar uma nota de 10, de cinco cruzeiros, de um, tudo
é seu. Quando eu confundi você com um, mendigo (desculpe, não reparei bem) e
disse que não tinha trocado, é porque não tinha trocado mesmo.
—
Tá bom, não se discute.
—
Vamos, procure nos... nos escaninhos.
—
Sei lá o que é isso. Também não gosto de mexer nos guardados dos outros. Você
me passa a carteira, ela fica sendo minha, aí eu mexo nela à vontade.
—
Deixe ao menos tirar os documentos?
—
Deixo. Pode até ficar com a carteira. Eu não coleciono. Mas rachar com você,
isso de jeito nenhum. É contra as regras.
— Nem uma de quinhentos? Uma só.
— Nada. O mais que eu posso fazer é dar
dinheiro pro ônibus. Mas nem isso você precisa. Pela pinta se vê que mora
perto.
— Nem eu ia aceitar dinheiro de você.
—
Orgulhoso, hem? Fique sabendo que tenho ajudado muita gente neste mundo. Bom,
tudo legal. Até outra vez. Mas antes, uma lembrancinha.
Sacou
da arma e deu-lhe um tiro no pé.
(Texto extraído do
livro "Os dias lindos", Livraria José Olympio Editora — Rio de
Janeiro, 1977, pág. 54.)
Critérios
de seleção do conteúdo ou textos: validade (de confiança,
representativos, atualizados), utilidade ou intenção pragmática (aluno puder
usá-lo no ambiente onde vive), significação (relacionado às experiências do
aluno de modo a interessá-lo), viabilidade (dentro das limitações de tempo, recurso,
e nível de compreensão da classe), possibilidade de elaboração pessoal (o
próprio aluno ser capaz de avaliar e criticar o conteúdo), flexibilidade (estar
sujeito a alterações conjunturais - de momento pedagógico).
Organização
do conteúdo: Um critério é mobilizar as melhores cabeças sobre a
disciplina e começar pelos princípios básicos, as idéias fundamentais da
matéria a ser ensinada e despertar interesse, mostrar que o assunto é valioso,
utilizável pelo aluno em outras situações além da escola. Por esse critério,
lógico, baseado na estrutura da própria matéria, selecionar e organizar o
conteúdo seria função de um especialista e não de um professor, principalmente
um iniciante, porém, o mestre lendo e estudando em várias fontes sobre o
conteúdo a ensinar é de pensar-se que adquira essa capacidade de
instrumentalizar-se para a seleção e organização do conteúdo a ser ministrado
em sala de aula. Pois se tiver comunicação e desenvoltura à frente de alunos e
não ter conteúdo ou material preparado, roteirizado a passar, será tão-só um
artista fazendo um show teatral de representação professoral (em brincando de
ensinar) e bem humorada oratória oca para divertir e manter a atenção de uma
platéia a pensar que está aprendendo.
Pelo critério psicológico o
conteúdo seria disposto segundo o "nível de desenvolvimento intelectual ou
cognitivo do aluno [Piaget, Freud, Vygotsky, Bandura] (...) e na ordem em que
se realiza a experiência da criança"; primeiro [nível mais
concreto-manipulativo, sensório-motor] aprende a fazer coisas, succionar o
leite, caminhar, falar, comer com colher, brincar; segundo [pré-operatório,
operatório-concreto], observando experiências alheias, por informação atrelada
à sua atividade geral; terceiro [operatório-formal; aqui neste ponto aplicando
o critério lógico de organização de conteúdos, acima nocionado, ensinagem mais
racionalizada, sistemática], por enriquecimento e aprofundamento de
conhecimentos já adquiridos".
O desenvolvimento cognitivo de um
jovem da 6a. série ou acima já está suficientmente maturado para o uso de
critério lógico de organização de conteúdos, suavemente introduzido e indo a
complexando (já encontra-se em nível abstrato-conceitual).
Para Claudino Piletti, Didática
Geral, Ática: primeiro "é preciso selecionar as informações e saber como e
onde adquirir novas informações quando estas forem necessárias", e o
"tipo de conteúdo, ou seja, o que é mais importante que o aluno
conheça". (...) "Os objetivos é que devem dar uma direção aos
conteúdos". (...) "Conteúdo não abrange apenas a organização do
conhecimento [dados, fatos, conceitos, princípios, ...], mas também as
experiências educativas no campo desse conhecimento [experiências que o aluno
vivenciará na ensinagem].
3) Desenvolvimento ou roteiro de aula:
(a ser desenvolvido pela mestra ou
mestre conforme critérios e experiências pessoais)
I)
conteúdos conceituais (“o que se deve
saber?”): diferençar crônica de notícia de jornal.
*
II)
conteúdos procedimentais (“O que se
deve saber fazer?” ): compor uma crônica ou uma notícia de jornal a
partir de um fato presenciado inusitado e interessante ou que possa ser
transformado literariamente como uma narração interessante. Por exemplo, o
aluno viu o cachorro da escola pegar a bola que lhe veio à boca e correr. E
então escreveu a seguinte pequena crônica:
Olá a todos! Hoje vi algo muito
interessante, e vou contar a vocês...
Rex é o cão da escola. Estava
deitado no cimentado sossegado. Na quadra um garoto chutou a bola e ela desviou
torta e veio parar junto... ao... Au-au. Rex é um canzarrão manso mas pelo
tamanho é de se temer. Pegou a bola. Os meninos vinham em sua direção. Rex
correu. Eles correram atrás de Rex.
- Vem Rex!
Rex é bem grande. Quem pega Rex?
Quem tira a bola da boca do Rex?
*
III) conteúdos
atitudinais ( “Como se deve ser?”): liberdade de expressão e
interpretação, respeito aos pontos de vista diferentes quando reunidos em
grupos para preparação de apresentação oral de jograis construídos a partir de
textos escolhidos. Respeito aos colegas que proferem a leitura da crônica
escolhida.
4)
Conclusão: Em quatro horas de
aula intensiva e em duas aulas espera-se que os alunos suem bastante e absorvam
sobre o que seja crônica e o que seja notícia de jornal ou texto jornalístico.
Bibliografia:
1. NORBERTO, Natalício.
"Jornalismo para principiantes". Rio de Janeiro, Ediouro - Ed.
Tecnoprint, 1978.
2. TAKAHASHI,
Jiro. "Para gostar de ler, volumes 1-2-3-4 - Crônicas de Carlos Drummond
de Andrade, Fernando Sabino, Paulo Mendes Campos e Rubem Braga. São Paulo, Ática,
198
Plano de Aula
1) Informe
preliminar referente a Seleção e Organização de Conteúdos:
Quem aprende, aprende alguma coisa:
o conteúdo.
Factual (fatos e
dados concretos), conceitual (é abstracional: idéias, fatos ou
objetos ou símbolos com características comuns; mudanças situacionais e em
fatos e objetos), procedimental (o que e como fazer as
atividades, tarefas), atitudinal (participação nas atividades
propostas; esforço e dedicação pessoal às tarefas; envolver-se no trabalho de
equipe, em grupo; solidariedade, cooperação, respeito ao outro e ao meio
ambiente, ajudar os colegas, ...).
Para Claudino Piletti, Didática
Geral, Ática: primeiro "é preciso selecionar as informações e saber como e
onde adquirir novas informações quando estas forem necessárias", e o
"tipo de conteúdo, ou seja, o que é mais importante que o aluno
conheça". (...) "Os objetivos é que devem dar uma direção aos
conteúdos". (...) "Conteúdo não abrange apenas a organização do
conhecimento [dados, fatos, conceitos, princípios, ...], mas também as
experiências educativas no campo desse conhecimento [experiências que o aluno
vivenciará na ensinagem].
Que gênero ou tipo de texto ou
textos selecionaremos então para um trabalho em sala de aula, 7ºano, Língua
Portuguesa?
Critérios de seleção:
validade (de confiança, representativos, atualizados), utilidade (aluno puder
usá-lo no ambiente onde vive), significação (relacionado às experiências do
aluno de modo a interessá-lo), viabilidade (dentro das limitações de tempo,
recurso, e nível de compreensão da classe), possibilidade de elaboração pessoal
(o próprio aluno ser capaz de avaliar e criticar o conteúdo), flexibilidade
(esar sujeito a alterações conjunturais).
Organização do conteúdo:
Um critério é mobilizar as melhores cabeças sobre a disciplina e começar pelos
princípios básicos, as idéias fundamentais da matéria a ser ensinada e
despertar interesse, mostrar que o assunto é valioso, utilizável pelo aluno em
outras situações além da escola. Por esse critério, lógico, baseado na
estrutura da própria matéria, selecionar e organizar o conteúdo seria função de
um especialista e não de um professor, principalmente um iniciante.
Pelo critério psicológico o
conteúdo seria disposto segundo o "nível de desenvolvimento intelectual ou
cognitivo do aluno [Piaget, Freud, Vygotsky, Bandura] (...) e na ordem em que
se realiza a experiência da criança"; primeiro [nível mais
concreto-manipulativo, sensório-motor] aprende a fazer coisas, succionar o
leite, caminhar, falar, comer com colher, brincar; segundo [pré-operatório,
operatório-concreto], observando experiências alheias, por informação atrelada
à sua atividade geral; terceiro [operatório-formal; aqui neste ponto aplicando
o critério lógico dorganização de conteúdos, acima nocionado, ensinagem mais
racionalizada, sistemática], por enriquecimento e aprofundamento de
conhecimentos já adquiridos".
O desenvolvimento cognitivo de um
jovem da 6a. série já está suficientmente maturado para o uso de critério
lógico de organização de conteúdos, suavemente introduzido e indo a complexando
(já encontra-se em nível abstrato-conceitual). Assim, tomemos alguns tipos de
contos para compará-los e extrairmos lições gramaticais e formais de algumas
espécimes de narrativas:
a)
Título da Aula: Algumas aventuras pela terra dos contos.
b)
série: Ensino Fundamental, Ciclo II, 7º ano.
c)
Tempo necessário: duas ou três aulas.
d)
Objetivo: familiarizar o discente com características formais
de contos e narrativas, extraindo lições de classes gramaticais, acentuação,
ortografia, formação de palavras, pontuação, figuras literárias, e o que mais
vier à prática aula por iniciativa dos alunacentes ou insights da docência.
e)
Habilidades (que operações de pensamento serão ativadas):
formação de idéias, imagens-mentais, conceitos, das informações sobre o
assunto; comparações; raciocínios (juízos de existência, de valor, referentes
ao tema conto, narração).
f)
Conteúdo: abordará a aula sobre o assunto Conto e textos
narrativos, o que é, a sua estrutura e características.
- factual-conceitual:
identificar as características de um conto e as partes constituintes de um
texto narrativo (espaço, tempo, personagens, ação, narrador). Exemplificar
alguns modelos formais narrativos: o gênero conto, as espécies apólogo, fábula,
parábola, em balada (poemático), como um soneto e em poemas diversos, policial,
jornalístico, romântico, de suspense, conto de fadas.
*
- procedimental, sequenciamento
de atividades propostas:
Aula_1:
i) distribuir aos alunos exemplares
de contos e pedir que leiam em casa e analisem, comparem, cheguem às suas
conclusões para a próxima aula.
ii) em seguida explicar a história
de como surgiu o conto: homens a muito tempo em torno de uma fogueira narravam
as suas aventuras, reais ou fictícias, casos narravam, de oitiva ou mentiras em
fundo de verdade que um contava outro queria a contar a maior, lendas se
formavam... Foi lá na Índia que os maravilhos contos vieram de a nascer cá a
Europa..., etc.
iii) explicar sobre as
características de um conto, os tipos de conto, e os elementos de um texto
narrativo.
Aula_2:
i) pedir que formem os alunos grupos
de 4 ou 5.
ii) identifiquem as características
narrativas de cada conto, troquem idéias e opiniões, e apresentem numa folha
com os nomes e números dos componentes do grupo.
iii) para finalizar os membros de
cada grupo escreverão um conto participativo, de curta extensão, sortearão em
par ou ímpar ou papeizitos aquele que dará início ao jogo contual que escreverá
o primeiro trecho da história que será continuada em outro trecho pelo segundo
aluno tirado em sorteio, até chegar ao último de grupo o qual fará o desfecho
do conto.
iv) apresentação oral-grupal do
conto criado por cada grupo.
Aula_3:
i ) ainda sobre os contos, extraindo
deles exemplos para análise gramatical a ser feita individual por cada aluno.
*
- atitudinal: a participação
individual e grupal dos alunos; dedicação pessoal à tarefa dada para casa;
envolvimento no trabalho em equipe; convivência, a cooperação e respeito mútuo.
*
g)
Organização da sala: trabalho individual e em grupo de 4 ou 5
(arrumação das carteiras à vontade dos componentes).
h)
Materiais ou recursos didáticos: lousa e giz ou se possível um
meio eletrônico de retroprojeção, distribuição de folhas com exemplares de
contos, materiais dos alunos.
i)
Estratégia didática (aqui optei por entender por distribuição ou
alocação dos recursos; estratégia segundo Claudino Piletti é um termo militar
que significaria descrição dos meios disponíveis para atingir o objetivo, o que
englobaria também o item anterior, entretanto, aqui foram separados) e
desenvolvimento da aula: distribuição dos alunos em grupos de 4 ou 5
para estudo dos contos e criação de um conto participativo inédito.
j)
avaliação: pontuação pelo trabalho em grupo, pelos exercícios
gramaticais, e uma prova tipo teste de dez questões com duas ou três
dissertativas.
k)
Exemplo de exemplares de contos e textos narrativos:
k.0) (Recebi, achei legal, estou
passando...):
Dia
Feliz na rede mundial, o sol brilha e tudo vai de bem a melhor!
O
nome dele era Fleming e era um pobre fazendeiro escocês. Um dia, enquanto
trabalhava para ganhar a vida e o sustento para sua família, ele ouviu um
pedido desesperado de socorro vindo de um pântano nas proximidades. Largou suas
ferramentas e correu para o local. Lá chegando, enlameado até a cintura de uma
lama negra, encontrou um menino gritando e tentando se safar da morte. O
fazendeiro Fleming salvou o rapaz de uma morte lenta e terrível. No dia
seguinte, uma carruagem riquíssima chega a humilde casa do escocês. Um nobre
elegantemente vestido sai e se apresenta como o pai do menino que o fazendeiro
Fleming tinha salvado.
-
Eu quero recompensá-lo, disse o nobre. Você salvou a vida do meu filho.
-
Não, eu não posso aceitar pagamento para o que eu fiz, responde o fazendeiro
escocês, recusando a oferta.
Naquele
momento, o filho do fazendeiro veio a porta do casebre.
-
É seu filho? - perguntou o nobre.
-
Sim. - o fazendeiro respondeu orgulhosamente.
-
Eu lhe farei uma proposta. Deixe-me levá-lo e dar-lhe uma boa educação. Se o
rapaz for como seu pai, ele crescerá e será um homem do qual você terá muito
orgulho.
E
foi o que ele fez. Tempo depois, o filho do fazendeiro Fleming se formou no St.
Mary's Hospital Medical School de Londres, ficou conhecido no mundo como o
notável Senhor Alexander Fleming, o descobridor da Penicilina. Anos depois, o
filho do nobre estava doente com pneumonia. O que o salvou? Penicilina. O nome
do nobre? Senhor Randolph Churchill. O nome do filho dele? Senhor Winston
Churchill. Alguém disse uma vez que a gente colhe o que a gente planta.
Trabalhe como se você não precisasse do dinheiro. Ame como se você nunca
tivesse tido uma decepção. Dance como se ninguém estivesse te assistindo. És
mais um na rede da Família Internacional de Amizades. Envie isto a todo o mundo
que você considera um AMIGO. Passe isto, e clareie o dia de alguém. Nada
acontecerá se você decidir não passar isto adiante. A única coisa que
acontecerá, se você passar isto, é que você poderá deixar alguém feliz por
saber que tem um amigo.
k.1)
soneto narrativo:
“Sete
anos de pastor Jacó servia
Labão, pai de Raquel, serrana bela;
Mas não servia ao pai, servia a ela,
E a ela só por prêmio pretendia.
Os dias, na esperança de um só dia,
Passava, contentando-se com vê-la;
Porém o pai, usando de cautela,
Em lugar de Raquel lhe dava Lia.
Vendo o triste pastor que com enganos
Lhe fora assim negada a sua pastora,
Como se a não tivera merecida,
Começa de servir outros sete anos,
Dizendo: - Mais servira, se não fora
Para tão longo amor tão curta a vida!” (Camões)
“De
Raimundo Correia, A CAVALGADA:
A
lua banha a solitária estrada...
Silêncio!...
Mas além, confuso e brando,
O
som longínquo vem-se aproximando
Do
galopar de estranha cavalgada.
São
fidalgos que voltam da caçada;
Vêm
alegres, vêm rindo, vêm cantando.
E
as trompas a soar vão agitando
O
remanso da noite embalsamada...
E
o bosque estala, move-se, estremece...
Da
cavalgada o estrépito que aumenta
Perde-se
após no centro da montanha...
E
o silêncio outra vez soturno desce...
E
límpida sem mácula, alvacenta,
A
lua a estrada solitária banha...”
k.2) balada: No Romanceiro
garrettiano, há o seguinte exemplo de lirismo tradicional portuguës em fôrma de
balada: “A Nau Catrineta”.
Lá
vem a nau Catrineta
Que
tem muito que contar!
Ouvide,
agora, senhores,
Uma
história de pasmar.
Passava
mais de ano e dia
Que
iam na volta do mar,
Já
não tinham que comer,
Já
não tinham que manjar.
Deitaram
sola de molho
Para
o outro dia jantar;
Mas
a sola era tão rija,
Que
a não puderam tragar.
Deitaram
sortes à ventura
Qual
se havia de matar;
Logo
foi cair a sorte
No
capitão general.
-
Sobe, sobe, marujinho,
Àquele
mastro real,
Vê
se vês terras de Espanha,
As
praias de Portugal,
“Não
vejo terras de Espanha,
Nem
praias de Portugal,
Vejo
sete espadas nuas
Que
estão para te matar.”
-
Acima, acima gajeiro,
Acima,
ao tope real!
Olha
se enxergas Espanha,
Areias
de Portugal.
“Alvíssaras,
capitão,
Meu
capitão general!
Já
vejo terras de Espanha,
Areias
de Portugal.
Mais
enxergo três meninas
Debaixo
de um laranjal
Uma
sentada a coser,
Outra
na roca a fiar,
A
mais formosa de todas
Está
no meio a chorar.”
-
Todas três são minhas filhas,
Oh!
quem mas dera abraçar!
A
mais formosa de todas
Contigo
a hei de casar.
“A
vossa filha não quero.
Que
vos custou a criar.”
-
Dar-te-ei tanto dinheiro
Que
o não possas contar.
“Não
quero o vosso dinheiro,
Pois
vos custou a ganhar.”
-
Dou-te o meu cavalo branco,
Que
nunca houve outro igual.
“Guardai
o vosso cavalo,
Que
vos custou a ensinar.”
-
Dar-te-ei a nau Catrineta,
Para
nela navegar.
“Não
quero a nau Catrineta,
Que
a não sei governar.”
-
Que queres tu, meu gajeiro,
Que
alvíssaras te hei de dar?
“Capitão,
quero a tua alma
Para
comigo a levar.”
-
Renego de ti, demônio.
Que
me estavas a tentar!
A
minha alma é só de Deus;
O
corpo dou eu ao mar.
Tomou-o
um anjo nos braços,
Não
no deixou afogar.
Deu
um estouro o demônio,
Acalmaram
o vento e mar;
E
à noite a nau Catrineta
Estava em
terra a varar.
Exemplo
de balada erudita: De Guilherme de Almeida, “Balada do Solitário”, em sua forma
mais comum (três oitavas e um quarteto, rimas entrecruzadas e repetição no
último verso das estrofes de algum conceito ou último verso da primeira estrofe
mais ou menos alterado (um paralelismo, a base do pensar do poeta em torno de
uma idéia)):
“Edifiquei
certo castelo
por
uma esplêndida manhã:
brincava
o sol, quente e amarelo,
numa
alegria incauta e sã.
E
eu quis fazer, ó louco anelo!
desse
palácio encantador
o
ninho rico, mas singelo,
do teu, do
meu, do nosso amor.
Por
isso, em vez do som do duelo
tinindo
em luta heróica e vã,
fiz
soluçar um “ritornello”
em
cada ameia ou barbacã...
Depois,
tomando o camartelo,
alto
esculpi, dominador,
esse
brasão suntuoso e belo
do
teu, do meu, do nosso amor.
De
que serviu? se elo por elo
dessa
paixão de alma pagã
rompeste
a golpes de cutelo,
ó
minha loira castelã?
Hoje
estou só, sozinho, e velo
por
este imenso corredor
que
corre, corre paralelo
ao
teu, ao meu, ao nosso amor.
Ofertório: A ti, Princesa, eu te revelo
esta
canção, que um trovador
virá
cantar pelo castelo
do
teu, do meu, do nosso amor!”
(apud
Massaud Moisés – Criação Literária - Poesia)
Outro
exemplo de Balada Erudita ou clássica, de Olavo Bilac:
“Vi-te
pequena: ias rezando
Para
a primeira comunhão:
Toda
de branco, murmurando,
Na
fronte o véu, rosas na mão.
Não
ias só: grande era o bando...
Mas
entre todas te escolhi:
Minh’alma
foi-te acompanhando,
A
vez primeira em que te vi.
Tão
branca e moça! o olhar tão brando!
Tão
inocente o coração!
Toda
de branco, fulgurando,
Mulher
em flor! flor em botão!
Inda,
ao lembrá-lo, a mágoa abrando.
Esqueço
o mal que vem em ti,
E,
o meu rancor estrangulando,
Bendigo
o dia em que te vi.
Rosas
na mão, brancas... E, quando
Te
vi passar, branca visão,
Vi,
com espanto, palpitando
Dentro
de mim, esta paixão...
O
coração pus ao teu mando...
E,
porque escravo me rendi,
Ando
gemendo, aos gritos ando,
-
Porque te amei! Porque te vi!
Depois
fugiste... E, ainda te amando,
Nem
te odiei, nem te esqueci:
-
Toda de branco... ias rezando...
Maldito
o dia em que te vi!”
Brant-Horta
exemplifica um tipo mais singelo com duas oitavas e um refrão após cada
estrofe. Ocorre paralelismo entre um verso da estança e seu estribilho. Emprega
o verso popular, heptassílabo. O que caracteriza a balada está presente: uma
história curta, de um só episódio, que começa e termina rapidamente
(Amanhecendo, do amanhecer marítimo a uma chuva como lágrimas sobre o mar):
Caí,
ó pérolas soltas,
Pálidos
astros, no mar.
Esplendem
nuvens revoltas
À
última luz do luar.
Do
levante claro e esplêndido
Vem,
ó vento, e agita as asas
Sobre
a vaga a cintilar.
Caí
como extintas brasas
Pálidos
astros, no mar!
Mergulhai-vos
nas espumas
Das
ondas do eterno mar;
Dos
montes somem-se as brumas
À
luz da aurora, a brilhar,
Nos
bosques, de orvalho, róridos.
Sobem
mil vozes confusas
Que
pairam trêmulas no ar.
Caí,
lágrimas profusas,
Nas
ondas do eterno mar.
Outro
exemplo é a “Balada No. 7” de Moacir Franco, apud “Comunicação em
língua nacional”, J. Milton Benemann e Luís A. Cadore, 8a. série, Editora Ática:
língua nacional”, J. Milton Benemann e Luís A. Cadore, 8a. série, Editora Ática:
Sua
ilusão entra em campo
No
estádio vazio
Uma
torcida de sonhos
Aplausos
talvez
O
velho atleta recorda
As
jogadas felizes, mata a saudade no peito
Driblando
a emoção
Hoje
outros craques repetem
As
suas jogadas
Ainda
na rede balança
Seu
último Gol
Mas
pela vida impedido parou
E
para sempre o jogo acabou
Suas
pernas cansadas, correram pro nada
E
o time do tempo ganhou
Cadê
você
Cadê
você
Você
passou
O
que era doce e o que não era
Se
acabou
Cadê
você
Você
passou
No
vídeo-tape do sonho
A
história gravou
Ergue
seus braços e corre
Outra
vez no gramado
Vai
tabelando seu sonho
E
lembrando o passado
No
campeonato da recordação
Faz
distintivo no seu coração
E
as jornadas da vida
São
bolas de sonho
Que
o craque do tempo chutou
Cadê
você
Cadê
você
Você
passou
k.3)
fábula: uma história alegórica em forma de poema
versificado ou conto em prosa onde há personificação de animais e insetos.
Estes falam, agem e pensam como homens. Quase sempre procura educar e amenizar
costumes contrários à boa convivência conscientizando aspectos de moralidade e
bem-viver. Um primeiro exemplo seria “O Falcão e o Rouxinol”de Hesíodo (grego
do século VIII a. C.). Os mais conhecidos cultores foram Fedro (romano), Esopo
(grego) e o francês La Fontaine. Exemplo:
“O
COELHO E O PERIQUITO
Um pobre
coelho cai de uma fera na garra.
- “Que fizeste
dos pés?” – pergunta um periquito.
Eis um gavião
que passa e o passarinho agarra.
- “Das asas
que fizeste?” – indaga-lhe o coelhito.” (João Ribeiro)
O LOBO E O CORDEIRO
O Lobo e o
Cordeiro, de Esopo, apud Fábulas de Esopo, editora Paulus, página 12:
“Aquele verão estava muito
quente e um lobo dirigiu-se a um riachinho, disposto a arefrescar-se um pouco.
Quando se preparava para mergulhar o focinho na água, ouviu um leve rumor e viu
a grama se mexendo. Ao olhar em direção ao barulho, avistou, logo adiante, um cordeirinho,
que bebia tranqüilamente.
- Que sorte! – pensou o
lobo. – Vim para beber água e encontro comida também...
Pôs um tom severo na voz e
chamou:
- Ei, você aí!
- É comigo que o senhor
está falando? – surpreendeu-se o cordeirinho. – Que
deseja?
deseja?
- O que é que eu desejo?!
Ora, seu mal-educado! Não vê que, ao beber; você suja a minha água? Nunca
ninguém ensinou você a respeitar os mais velhos?
- Senhor... Como pode
dizer isso? Olhe como bebo com a ponta da língua... Além
do mais, com sua licença, eu estou mais abaixo, e o senhor mais acima... A água passa
primeiro pelo senhor e só depois por mim. Não é possível que eu o incomode! – respondeu o cordeirinho, com voz trêmula.
do mais, com sua licença, eu estou mais abaixo, e o senhor mais acima... A água passa
primeiro pelo senhor e só depois por mim. Não é possível que eu o incomode! – respondeu o cordeirinho, com voz trêmula.
- Ora essa! Com a sua
idade já quer me ensinar para que lado corre a água?
- Não, de jeito nenhum,
não é isso... Só queria que reparasse...
- Que reparar que nada!
Você não me engana! Pensa que escapará, como no ano
passado, quando andava por aí, falando mal da minha família? “Os lobos são assim, os
lobos são assado!” Você teve muita sorte, por nunca termos nos encontrado, senão eu já
teria mostrado a você como são os lobos!
passado, quando andava por aí, falando mal da minha família? “Os lobos são assim, os
lobos são assado!” Você teve muita sorte, por nunca termos nos encontrado, senão eu já
teria mostrado a você como são os lobos!
- Nem imagino quem lhe
contou isso, senhor, mas é mentira. A prova é que, no ano passado, eu ainda nem
tinha nascido...
- Pois, se não foi você,
foi o seu pai! – rosnou o lobo, saltando em cima do pobre
inocente e devorando-o.
inocente e devorando-o.
Moral da
história:
Quando uma pessoa está
decidida a fazer o mal, qualquer razão lhe
serve, inclusive uma mentira.
“O
LEÃO E O RATINHO
Um ratinho, saindo de sua
toca, foi passear na floresta. De repente, viu-se preso
entre duas enormes patas. Eram as patas de um leão! Este estava prestes a comê-lo, quando
o ratinho implorou:
entre duas enormes patas. Eram as patas de um leão! Este estava prestes a comê-lo, quando
o ratinho implorou:
- Pelo amor de Deus,
deixe-me ir! Sou tão pequeno que não matarei sua fome!
Algum dia poderei ajudá-lo...
Algum dia poderei ajudá-lo...
O leão riu com gosto e
perguntou:
- Como poderá ajudar o rei
dos animais?
- Solte-me e verá que
ainda lhe serei útil!
Compadecido, o leão o
deixou partir.
Uma semana depois, o
ratinho divertia-se despreocupadamente quando ouviu fortes
rugidos. Correndo para ver o que se passava, deparou com seu amigo a debater-se nas
cordas de uma armadilha. Então exclamou:
rugidos. Correndo para ver o que se passava, deparou com seu amigo a debater-se nas
cordas de uma armadilha. Então exclamou:
- Agora, sim, vou pagar o
favor que me prestou!
Em seguida, pôs-se
pacientemente a roer as cordas. Roeu, roeu, até que elas se
romperam. Libertando-se, o leão disse:
romperam. Libertando-se, o leão disse:
- Muito obrigado, amigo!
-
Não tem nada a agradecer –
respondeu o ratinho. – Amor com amor se paga.”
(livro Brasília, professora Daisy Bréscia, 1960, p. 25)
“O
CORVO E O JARRO
Marina estava muito triste
porque tivera notas baixas na escola. Isso acontecia todos os meses. Então
tomava a resolução de aplicar-se nos estudos mas desanimava ante a primeira
dificuldade.
- Por que não consigo ser
boa aluna, mamãe?
Sorrindo, ela respondeu:
- Você o será se tiver
perseverança. Vou lhe contar uma história.
“Era uma vez um corvo que
estava com muita sede. Vendo um velho jarro no fundo de um quintal, reparou que
ele continha água. Tentou bebê-la mas não conseguiu
alcançá-la, pois o vaso era muito alto. – E agora? – resmungou. – Que devo fazer?
– Pensou... pensou... e de repente teve uma grande idéia. Como houvesse pedregulhos ali por perto pegou um deles e o jogou dentro do jarro. Depois fez a mesma coisa com outro e mais outro. Quanto mais pedregulhos jogava, mais a água subia. Quando ela ficou ao alcance de seu bico, matou a sede”.
alcançá-la, pois o vaso era muito alto. – E agora? – resmungou. – Que devo fazer?
– Pensou... pensou... e de repente teve uma grande idéia. Como houvesse pedregulhos ali por perto pegou um deles e o jogou dentro do jarro. Depois fez a mesma coisa com outro e mais outro. Quanto mais pedregulhos jogava, mais a água subia. Quando ela ficou ao alcance de seu bico, matou a sede”.
Abraçando a mãe, Marina
lhe disse:
- Agora compreendo. A
gente não deve desistir diante das dificuldades.
- Isso mesmo, minha filha.
Na vida, com inteligência e perseverança, tudo se
alcança.” (livro Brasília, professora Daisy Bréscia, 1960, p. 31)
alcança.” (livro Brasília, professora Daisy Bréscia, 1960, p. 31)
“TEORIA
E PRÁTICA
Entre o dizer as coisas e
o fazer as coisas há uma grande distância.
A propósito disso, aí vai
a história dos ratos e do gato.
Como a casa andasse
infestada de ratos, que roíam quanto achassem, resolveu o
dono procurar um gato para dar caça aos indesejáveis. Entrou, então, em casa, um gatão
amarelo, de olhos verdes, fartos bigodes e experimentado na caça dos intrusos. Era um
verdadeiro raticida. Quando os ratos souberam da coisa, entraram a pensar na triste sorte
que os esperava. Morrer de fome ou perecer nas garras do bichano.
dono procurar um gato para dar caça aos indesejáveis. Entrou, então, em casa, um gatão
amarelo, de olhos verdes, fartos bigodes e experimentado na caça dos intrusos. Era um
verdadeiro raticida. Quando os ratos souberam da coisa, entraram a pensar na triste sorte
que os esperava. Morrer de fome ou perecer nas garras do bichano.
Reunidos um dia em lugar
secreto, puseram-se em assembléia, a discutir o melhor meio de romper o cerco
do gatão amarelo, e de anular a sua vigilância.
Falou um rato velho e
experiente, que expôs a sua idéia. Todos bateram palmas mas o plano era muito
arrojado.
Falou um ratinho ladino,
mestre na arte de enganar gatos, mas também não
conseguiu convencer a turma com a sua sugestão.
conseguiu convencer a turma com a sua sugestão.
E a reunião continuava com
discursos, apartes e ovações. Mas idéia aproveitável, nada!
Por fim, uma ratazana de
pêlo ruço, pausadamente, considerou que a melhor
maneira de combater a ação do inimigo era amarrar-lhe um guizo no pescoço. Quando ele se aproximasse, na sua ronda, a rataria saberia que o perigo estava iminente.
maneira de combater a ação do inimigo era amarrar-lhe um guizo no pescoço. Quando ele se aproximasse, na sua ronda, a rataria saberia que o perigo estava iminente.
Fartos aplausos coroaram a
idéia, aliás a melhor de todas.
- Pois agora, disse o
presidente da assembléia, é só passar da teoria à prática. Vamos ver quem será
capaz de amarrar o guizo no pescoço do gato.
Aqui murcharam os
participantes da reunião. Emudeceram. E a idéia morreu por si mesma.” (do livro Alvorada, 3a. série,
Antônio D’Ávila, p. 18.)
k.4) apólogo:
semelhante à fábula, com a diferença de atuarem personificados
objetos inanimados artificiais ou da natureza tais como a mesa e a cadeira, a pedra e o
riacho, etc. Exemplo:
objetos inanimados artificiais ou da natureza tais como a mesa e a cadeira, a pedra e o
riacho, etc. Exemplo:
“O VENTO E A POEIRA
O
vento sem ter medo
Levanta
em turbilhão
O
pó, que estava quedo,
No
seu canto dormindo em feio chão.
E o lá pelas alturas
O
pó julga-se um rei;
Fazendo
diabruras
Governa
a todos com austera lei.
O
vento, porém, cessa;
O
pó na terra lisa
Caiu
muito depressa;
O
rico, o pobre, nele pisa.
“Pensei
ser grande coisa”,
Diz
ele tristemente,
Agora
assim repoisa
Quem
nos ares andou garbosamente!
Aquele
que se eleva
Sem
mérito real,
Muitas
horas não leva
Na
bela posição que exerce mal;
Pois
logo que lhe falta
A
protetora mão,
De
posição bem alta
Vem,
como deve, rastejar no chão!” (Anastácio
do Bonsucesso,
Barão de Paranapiacaba, apud(10), p. 34)
Barão de Paranapiacaba, apud(10), p. 34)
De Carlos Góis, “A Linha e
a Agulha”, apud Estórias que Agradam, 4a. Série,
Alines e Stella, p. 61:
Alines e Stella, p. 61:
“A linha
Pois não me
conhecem, não?
Eu sou a linha
que cose
A saia, a
blusa, o gibão,
E opera a
metamorfose
De converter
mero pano
Num vestido de
espavento.
A agulha
O que diz é
puro engano:
Não cabe no
pensamento
A alguém que a
série reflita.
O que lhe
escutei agora
É de uma
audácia inaudita!
A linha
Ora, deixe,
senhora...
A agulha
Que a deixe?
Como? Por quê?
Pois, inda que
se aborreça,
Hei de dizer a
Você
O que me vier
a cabeça!
A linha
Cabeça? Mas
porventura
É a senhora
alfinete?
Pois quê?
Supõe, conjetura
Que, por lhe
sobrar topête,
Possua cabeça
a agulha?
Estou calada
em meu canto
Sem meter
ninguém à bulha
Faça a senhora
outro tanto.
A agulha
Seu orgulho é
excessivo.
A linha
Tenho razões
para tal.
A agulha
Saber quisera
o motivo
Dessa empáfia
original.
A linha
Pela razão que
aduzida
Fora há pouco.
Os atavios
Que põem nossa
ama garrida
Seus vestidos
corredios,
Quem os cose
senão eu?
A agulha
Pois insiste
em repisar
O que há pouco
me expendeu?
Esquece que a
costurar
Os vestidos
sou só eu?
A linha
É você quem
fura o pano,
Quem o acama e
desbrava
Mas, quem o
cose e alinhava,
Eu sou, - que
disso me ufano!
Sou eu que
faço avultar
Os refolhos
dos babados,
E trato de
coordenar
Os retalhos
dispersados.
A agulha
Isso que
importa? Se furo
O pano, é
porque me adianto
Com isso
timbro e procuro
Puxar por
Você. Portanto,
Quem me segue
e me acompanha,
Presta
obediência ao que faço
E ordeno!
A linha
O rei, quando
sai do paço,
Leva adiante
os batedores.
A agulha
Rei, Você?
Compreendo agora!
Seu orgulho é
dos maiores!
A linha
Não digo tal,
não, senhora,
Mas, a falar a
verdade,
Indo a senhora
na frente,
Opera na qualidade
De um
subalterno. Consente
Em desbravar o
caminho
Para que passe
depois.
O seu trabalho
é mesquinho,
Obscuro e vil!
A agulha
Mas, diga-me
sem malícia:
Quando cose a
costureira,
A quem
dispensa a carícia
Terna, macia, fagueira
Dos dedos? A
todo instante,
Quem permanece
a seu lado,
Pressurosa e
vigilante?
Quem logra
lisonja e agrado
Do fino e leve
contato
Do seu pólex
delicado,
Senão a
agulha?
A linha
Todo esse
palavreado!
Finda que seja
a feitura,
Volta a agulha
para o fundo
Do balaio de
costura!
Enquanto,
alegre e jucundo,
O tênue fio de
linha,
Incorporado ao
vestido
De uma
princesa ou rainha
Vai auferir o
partido
De, em bailes
e festivais
Voltejar com
diplomatas,
Ministros e generais!
A agulha
Sirva a
contenda,
Que entre nós
se debateu
De sobreaviso
e de emenda
Aos inespertos
como eu!
Não sejam
tolos de abrir
Caminho a
pessoa alheia,
Que dentro em
pouco há de vir
Alegrar que
nada
Deve a quem a
encaminhou,
Mas que foi
sua criada,
Que fez o que
lhe ordenou!
A linha
Ouço a voz da
costureira
Que nos chama
a toda pressa!
Não lhe vale
estar possessa:
Siga, pois, na
dianteira!”
k.5) parábola: uma
alegoria de cunho doutrinário ou doutrinário-religioso.
Exemplo:
Exemplo:
“A
OVELHA PERDIDA
Aproximavam-se
de Jesus todos os publicanos e pecadores
para o ouvir.
E
murmuravam os fariseus e os escribas, dizendo:
“Este
recebe pecadores e come com eles.”
Então,
lhes propôs Jesus esta parábola:
“Qual,
dentre vós, é o homem que,
possuindo cem ovelhas e perdendo uma delas,
não deixa no deserto as noventa e nove
e vai em busca da que se perdeu, até
encontrá-la?
Achando-a,
põe-na sobre os ombros, cheio de júbilo.
E,
indo para casa, reúne os amigos e vizinhos, dizendo-lhes:
‘Alegrai-vos
comigo, porque já achei a minha ovelha perdida.’
Digo-vos
que, assim, haverá maior júbilo no céu
por um pecador que se arrepende
do que por noventa e nove justos
que não necessitam de arrependimento.” (Bíblia, Lucas, v.1-7)
“AS
PIPAS
-
Há poucos dias, Orlando,
Na
fazenda de meus pais,
Eu
vi dois homens rolando
Algumas
pipas iguais.
A
pipa cheia e pesada
Desliza,
silenciosa,
Enquanto
a que não tem nada
Aos
pulos, salta, ruidosa.
- A
imagem da sociedade
Ali
tiveste, segura:
Pelos
roncos, ninguém há de
Julgar
uma criatura.
Quem
sabe e vale, no mundo,
Vai
sereno, sem desvio,
Enquanto
rufa, iracundo,
Quem
é de tudo vazio.” (Abílio Machado)
“O
PAPEL E A CORDA
(Parábola)
Um dia um sábio passeava
com um seu discípulo e viu um pedaço de papel na rua.
- Apanha aquele papel,
disse ele ao discípulo, e vê se tem algum cheiro.
O discípulo apanhou o
papel e disse:
- Tem agradável perfume.
- Donde lhe virá esse
perfume? perguntou o sábio.
- Provavelmente de ter
embrulhado algum objeto perfumado, respondeu o discípulo.
Foram mais adiante, e o
sábio viu noutra rua um pedaço de barbante.
- Apanha aquele pedaço de
barbante, disse ao discípulo, e vê se tem algum cheiro.
O discípulo apanhou o
pedaço de barbante e disse:
- Tem mau cheiro.
- Donde lhe virá esse
cheiro? perguntou o sábio.
- Parece que serviu para
atar peixe estragado.
Então o sábio observou:
- O contato com as coisas
puras e de bom aroma comunica a pureza e o bom aroma;
o contato com as coisas impuras e infetas comunica a impureza e o mau odor. Vive com os
bons e serás um deles; foge dos maus para não seres mau como eles... (do livro Alvorada,
3a. série, Antônio D’Ávila, p. 112.)
o contato com as coisas impuras e infetas comunica a impureza e o mau odor. Vive com os
bons e serás um deles; foge dos maus para não seres mau como eles... (do livro Alvorada,
3a. série, Antônio D’Ávila, p. 112.)
“OS
TRÊS TALISMÃS
- Que é preciso para
aprender? Perguntou um filho ao pai.
- Para aprender, para
saber e para vencer, respondeu o pai, é preciso buscar os três
talismãs: a alavanca, a chave e o facho.
talismãs: a alavanca, a chave e o facho.
- E onde encontrá-los
Interroga o filho.
- Dentro de ti mesmo,
explica o pai. Os três talismãs estão em seu poder e serás
poderoso, se quiseres fazer uso deles.
poderoso, se quiseres fazer uso deles.
- Não compreendo, diz o
filho cada vez mais intrigado. Que alavanca é essa?
- A tua vontade. É preciso
querer, é preciso remover obstáculos para aprender.
- E a chave?
- O teu trabalho. É
preciso esforço para dar volta à chave e abrir o palácio do saber.
- E o facho.
- A tua atenção. É preciso
luz, muita luz, para iluminar o palácio.
Só assim poderás ver com clareza e descobrir
a verdade, que vence a ignorância.
“AS
TRÊS PENEIRAS
Pedrinho chegou da escola
correndo, largou a mala em um canto e chamou a mãe:
- Mamãe! Mamãe! Onde está?
Indo a seu encontro,
beijou-a e continuou:
- Sabe o que me contaram?
Que o luís...
- Espere um pouquinho –
interrompeu a mãe. – Antes de começar a falar lembre-se das três peneiras.
- Que peneiras, mamãe?
- A primeira chama-se
verdade. Você tem certeza que é verdade o que vai contar?
- Bem, certeza não tenho.
- A segunda peneira
chama-se benevolência. A notícia que vai me dar é boa?
- Não.
- A terceira chama-se
necessidade. Será necessário você repetir o que ouviu falar de seu companheiro?
- Não, mamãe.
- Pois então, se não é
necessário, nem agradável, nem talvez seja verdadeiro o que você vai contar, o
melhor que tem a fazer, meu filho, é calar-se.
Nunca mais Pedrinho
esqueceu a história das três peneiras em toda a sua vida e
jamais se arrependeu disso.” (livro Brasília, professora Daisy Bréscia, 1960, p. 7)
jamais se arrependeu disso.” (livro Brasília, professora Daisy Bréscia, 1960, p. 7)
PLANO DE AULA: TEMA - VARIAÇÕES LINGUÍSTICAS
Plano de aula Língua
Portuguesa
Tema: Variações Linguísticas
|
Tempo: 12 aulas.
|
OBEJETIVOS:
|
- Refletir sobre as variações da língua no decorrer do tempo.
- Valorizar as diferenças culturais e linguísticas.
- Usar a linguagem com autonomia e sem preconceitos
|
Materiais utilizados e disponíveis neste planejamento.
|
Textos variados;
Filme – Tapete Vermelho
Exercícios variados
Avaliação da aprendizagem
1ª Aula: (momento descontração)
Leitura dos seguintes textos.
I - Declaração Mineira de Amor aos
Amigos...
Declaração Mineira de Amor aos Amigos...
.
Amo ocê !
.
Ocê é o colírio du meu ôiu.
É o chicrete garrado na minha carça dins.
É a mairionese du meu pão.
É o cisco nu meu ôiu (o ôtro oiu - tenho dois).
O rechei du meu biscoito.
A masstumate du meu macarrão.
Nossinhora! Gosto dimais DA conta docê, uai.
Ocê é tamém:
O videperfume DA minha pintiadêra.
O dentifriço DA minha iscovdidente.
Óiprocevê,
Quem tem amigossim, tem um tisôru!
Ieu guárdêsse tisouro, com todu carinho,
Du Lado isquerdupeito !!!
Dentro do meu Coração!!!
AMO Ocê, uai!!!
É o chicrete garrado na minha carça dins.
É a mairionese du meu pão.
É o cisco nu meu ôiu (o ôtro oiu - tenho dois).
O rechei du meu biscoito.
A masstumate du meu macarrão.
Nossinhora! Gosto dimais DA conta docê, uai.
Ocê é tamém:
O videperfume DA minha pintiadêra.
O dentifriço DA minha iscovdidente.
Óiprocevê,
Quem tem amigossim, tem um tisôru!
Ieu guárdêsse tisouro, com todu carinho,
Du Lado isquerdupeito !!!
Dentro do meu Coração!!!
AMO Ocê, uai!!!
II
– Tipos de assaltantes
Assaltante Paraibano:
Ei bichin...
Isso é um assalto!
Arriba os braços e não se bula
Num se cague e não faça mungança...
Arrebola o dinheiro no mato e não faça pantim se não enfio a pexera no teu bucho e boto teu fato prá fora...
Assaltante Baiano:
Ô meu rei...( pausa )
Isso é um assalto...( longa pausa )
Levanta os braços, mas não se avexe não...( outra pausa )
Se não quiser nem precisa levantar pra não ficar cansado...
Vai passando a grana bem devagarinho... ( pausa pra pausa )
Num repara se o berro está sem bala, mas é pra não ficar muito pesado,
Não esquenta meu irmãozinho...( pausa )
Vou deixar teus documentos na encruzilhada...
Assaltante Mineiro:
Ô sô, prestensão...
Isso é um assarto uai!
Levanta os braço e fica quetim
Quessê trem na minha mão tá cheidibala...
Mió passa logo os trocado que não tô bão hoji
Vai andando uai!
Assaltante de São Paulo:
Ôrra, meu... Isso é um assalto, meu... Alevanta os braços,
meu... Passa a grana logo, meu... Mais rápido, meu, que eu ainda preciso
pegar a bilheteria aberta pra comprar o ingresso do jogo do CORINTHIANS,
meu... Pô se manda, meu...
Assaltante Carioca:
Seguiiiinte bicho....
Tu se ferrô. Isso é um assalto!
Passa a grana e levanta os braços rapá...
Não fica de bobeira, vai andando e se olhar pra trás vira presunto.
Assaltante Gaúcho:
O gurí, ficas atento...
Báh, isso é um assalto!
Levanta os braços e te aquieta tchê!
Não tentes nada, e cuidado que este facão corta uma barbaridade.
Passa os pila prá cá!
E te manda a lá cria, se não o quarenta e quatro fala...
Assaltante de Brasília:
Querido povo brasileiro, estou aqui no horário nobre da TV para dizer para pedir seu voto de confiança. Prometo se eleito for te representar com responsabilidade e que por exigência do FMI ao final de todo mês aumentaremos as seguintes tarifas para dar uma ajuda aos pobres políticos do nosso país:
Seguiiiinte bicho....
Tu se ferrô. Isso é um assalto!
Passa a grana e levanta os braços rapá...
Não fica de bobeira, vai andando e se olhar pra trás vira presunto.
Assaltante Gaúcho:
O gurí, ficas atento...
Báh, isso é um assalto!
Levanta os braços e te aquieta tchê!
Não tentes nada, e cuidado que este facão corta uma barbaridade.
Passa os pila prá cá!
E te manda a lá cria, se não o quarenta e quatro fala...
Assaltante de Brasília:
Querido povo brasileiro, estou aqui no horário nobre da TV para dizer para pedir seu voto de confiança. Prometo se eleito for te representar com responsabilidade e que por exigência do FMI ao final de todo mês aumentaremos as seguintes tarifas para dar uma ajuda aos pobres políticos do nosso país:
Energia, água, passagens aéreas e de ônibus, gás,
Imposto de renda, licenciamento de veículos, seguro obrigatório,
gasolina, álcool, IPTU, ICMS, PIS, COFINS.
Mas meu povo não se esqueça: somos uma nação feliz!
O Brasil é penta e em fevereiro tem carnaval!!!
gasolina, álcool, IPTU, ICMS, PIS, COFINS.
Mas meu povo não se esqueça: somos uma nação feliz!
O Brasil é penta e em fevereiro tem carnaval!!!
III – Após o
momento descontração trago como sugestão os textos a seguir. Caso preferir
utilize outros que tratam do assunto, inclusive em livros do primeiro ano do
Ensino Médio você vai encontrar mais sobre o assunto.
VARIAÇÃO LINGUÍSTICA
A língua não é usada de
modo homogêneo por todos os seus falantes. O uso de uma língua varia de época
para época, de região para região, de classe social para classe social, e assim
por diante. Nem individualmente podemos afirmar que o uso seja uniforme.
Dependendo da situação, uma mesma pessoa pode usar diferentes variedades de uma
só forma da língua.
Ao trabalhar com o conceito de variação lingüística, estamos
pretendendo demonstrar:
- que a língua portuguesa, como todas as línguas do mundo, não se apresenta de maneira uniforme em todo o território brasileiro;
- que a variação lingüística manifesta-se em todos os níveis de funcionamento da linguagem ;
- que a variação da língua se dá em função do emissor e em função do receptor ;
- que diversos fatores, como região, faixa etária, classe social e profissão, são responsáveis pela variação da língua;
- que não há hierarquia entre os usos variados da língua, assim como não há uso lingüisticamente melhor que outro. Em uma mesma comunidade lingüística, portanto, coexistem usos diferentes, não existindo um padrão de linguagem que possa ser considerado superior. O que determina a escolha de tal ou tal variedade é a situação concreta de comunicação.
- que a possibilidade de variação da língua expressa a variedade cultural existente em qualquer grupo. Basta observar, por exemplo, no Brasil, que, dependendo do tipo de colonização a que uma determinada região foi exposta, os reflexos dessa colonização aí estarão presentes de maneira indiscutível.
É importante observar que o processo de variação ocorre em todos
os níveis de funcionamento da linguagem, sendo mais perceptível na pronúncia e
no vocabulário. Esse fenômeno da variação se torna mais complexo porque os
níveis não se apresentam de maneira estanque, eles se superpõem.
Nível fonológico - por exemplo, o l final de sílaba é
pronunciado como consoante pelos gaúchos, enquanto em quase todo o restante do
Brasil é vocalizado, ou seja, pronunciado como um u; o r caipira; o s chiado do carioca.
Nível morfo-sintático - muitas vezes, por analogia, por exemplo,
algumas pessoas conjugam verbos irregulares como se fossem regulares:
"manteu" em vez de "manteve", "ansio" em vez de
"anseio"; certos segmentos sociais não realizam a concordância entre
sujeito e verbo, e isto ocorre com mais freqüência se o sujeito está posposto
ao verbo. Há ainda variedade em termos de regência: "eu lhe vi" ao
invés de "eu o vi".
Nível vocabular - algumas palavras são
empregadas em um sentido específico de acordo com a localidade. Exemplos: em
Portugal diz-se "miúdo", ao passo que no Brasil usa-se "
moleque", "garoto", "menino", "guri"; as gírias são, tipicamente, um
processo de variação vocabular.
Tipos de variação
lingüística
Existem dois tipos
de variedades lingüísticas: os dialetos (variedades que ocorrem
em função das pessoas que utilizam a língua, ou seja, os emissores); os registros ( variedades que ocorrem
em função do uso que se faz da língua, as quais dependem do receptor, da
mensagem e da situação).
Variação dialetal
Cada pessoa traz em si uma série de características que se
traduzem no seu modo de se expressar: a região onde nasceu, o meio social em
que foi criada e/ou em que vive, a profissão que exerce, a sua faixa etária, o
seu nível de escolaridade.
Os exemplos a seguir ilustram esses diferentes tipos de variação.
- a região onde nasceu (variação regional) - aipim, mandioca, macaxeira (para designar a mesma raiz); tu e você (alternância do pronome de tratamento e da forma verbal que o acompanha); vogais pretônicas abertas em algumas regiões do Nordeste; o s chiado carioca e o s sibilado mineiro;
- o meio social em que foi criada e/ou em que vive; o nível de escolaridade (no caso brasileiro, essas variações estão normalmente inter-relacionadas (variação social) : substituição do l por r (crube, pranta, prástico); eliminação do d no gerúndio (correndo/correno); troca do a pelo o (saltar do ônibus/soltar do ônibus);
- a profissão que exerce (variação profissional): linguagem médica (ter um infarto / fazer um infarto); jargão policial ( elemento / pessoa; viatura / camburão);
- a faixa etária (variação etária) : irado, sinistro (termos usados pelos jovens para elogiar, com conotação positiva, e pelos mais velhos, com conotação negativa).
Pelos exemplos apresentados, podemos concluir que há dialetos de
dimensão territorial, social/profissional, de idade, de sexo, histórica. Nem
todos os autores apresentam a mesma divisão para estas variedades, sobretudo
porque elas se superpõem, e seus limites não são bem definidos.
Variação regional
Nesta dimensão, incluem-se as diferenças lingüísticas observadas
entre pessoas de regiões distintas, onde se fala a mesma língua. Exemplos
claros desta variação são as diferenças encontradas entre os diversos países de
língua portuguesa (Brasil, Portugal, Angola, por exemplo) ou entre regiões do
Brasil (região sul, com os falares gaúcho, catarinense, por exemplo, e região
nordeste, com os falares baiano, pernambucano, etc.).
Inúmeros estudos têm sido feitos, no Brasil, com o objetivo de
traçar diferenças entre os falares regionais. Experiências, como os Atlas
Geolingüísticos, podem ser encontradas:
Nesse tipo de variação, as diferenças mais comuns são as que
encontramos no plano fonético (pronúncia, entonação) e no plano lexical (uso de
palavras distintas para designar o mesmo referente, palavras com sentidos que
variam de uma região para outra).
VRIAÇÃO DE
CARATERSOCIAL/PROFISSIONAL
Sob esse ponto de vista, os dialetos correspondem às variações que
existem em função da classe social a que pertencem os indivíduos. Incluem-se
neste tipo de variedade lingüística os
jargões
profissionais (linguagem dos advogados, dos locutores de futebol, dos
policiais, etc.) e as gírias, que identificam muitos
grupos sociais. Na sociedade, os dialetos sociais podem ter um papel de
identificação, pois é através deles que os diferentes grupos se reconhecem e
até mesmo se protegem em relação aos demais.
Essa variação pode resultar também da função que o falante
desempenha. Em português, um exemplo desse tipo de variação é o plural
majestático, o pronome nós
usado por autoridades e governantes nas suas frases,
manifestando sua posição de representantes do povo.
Exemplo: "Vivemos um grande momento no Brasil e tem que ser o
momento do Nordeste do Brasil, porque é aqui que se concentra a pobreza"
(Presidente Fernando Henrique, JB, 25/01/97)
VARIAÇÃO DE CARÁTER ETÁRIO
Essas diferenças correspondem ao uso da língua por pessoas de
diferentes faixas etárias, fazendo com que, por exemplo, uma criança apresente
uma linguagem diferente da de um jovem, ou de um adulto. Ao longo da vida, as
pessoas vão alternando diferentes modos de falar conforme passam de uma faixa
etária a outra
VARIAÇÃO DE REGISTRO
O segundo tipo de variedade que as línguas podem apresentar diz
respeito ao uso que se faz da língua em função da situação em que o
usuário e o interlocutor estão envolvidos.
Para se fazer entender, qualquer pessoa precisa estar em sintonia
com o seu interlocutor e isto é facilmente observável na maneira como nos
dirigimos, por exemplo, a uma criança, a um colega de trabalho, a uma
autoridade. Escolhemos palavras, modos de dizer, para cada uma dessas
situações. Tentar adaptar a própria linguagem à do interlocutor já é realizar
um ato de comunicação. Pode-se dizer que o nível da linguagem deve se adaptar à
situação.
Obs: Texto tirado de outras fontes, não é de minha
autoria.
3º momento: Filme Tapete Vermelho
Obs:
Levar o filme Tapete Vermelho e assistir com os
alunos, peça aos mesmos que anotem frases ditas no sentido formal para
posterior análise. (Para evitar que percam partes do texto devido ter que
anotar o que está sendo dito, sugiro ao professor levar consigo as frases ditas pelos atores e
divida entre os grupos para posterior análise, assim você estará ganhando
tempo)
Falas ditas pelas personagens:
1 - Eu persiso do neco pra i
percurá rã no brejo
2 - Quem acha rã no brejo qui
dificulidade
3 - Cuméra nu meu tempo de
mininu
4 - Ta tudo deferente na roça
5 - Mais tardi eu passu lá pra
módi benzê eli
6 - Seu neversár ta cheganu fio
7 Nois tudo vamu na cidade vê firme da Mazzaropi
8 - Adondé que sê vai vê firme
de Mazaroppi.
9 - Sê é avariado, eu é qui num botu o meu pé nesse mundão de meu
Deus, tenhu mais é qui faze.
10 - i nóis vamu aviajá cumé, i
quem cuida das criação.
11 - Mais intonci seis vão memo
de viagi?
12 - Pegá um tantu di cumida e
juga um pokin ali todu dia, quié
dadonde qui tem mais cumida qui us pexe fica tudu juntadu ali.
13 - Quandu senti a fisgada –
puxá com ligereza
14 - To custumadu com essa vida
de labuta todo dia.
15 - Num farté i é oio gordo em
riba de quem tem valori. Que késsa vaca tem?
16 - E diabão de ganhá o mundu.
17 - Não me enchus picuá.
18 - Hó coroné, di zói na casa
viu coroné.
19 - Óia só, um burru puxanu u
otu, sei muito bem a presepada qui issu vai dá.
20 - Faiz tempu quieu num ti
vejo oce.
21 - Vamu lá pu ladu do vali
pra modi o mininu dá um divortei i nóis percisa di uma posada hoji,
22 – sê lembra daqueli violero
qui ficava aqui? O povu si revortô cum ele, a viola deli toca suzinha.
23 - O Renato começo a si mangá
di todu mundo.
24 - Com toda essa leiteria eli
chora di fomi, muié, reza preli cê reza Zurmira.
25 - A sinhora fica carma, faiz
tudu quiném sê faiz toda noite, mais tem qui avisá seu Marculinu pra modi num
assustá cu eu nem.
26 Tamu ino todu mundu atrais
du firmi du mazaropi, zurmira ta mei revortada mais vais nem.
27 – presenti di dona rosa, não
persisava dona rosa. Oia qui formosura, se divinho minha preferênça
28 - Safada, maledita, cabô a
farra maledita. Agora oce vai parece pra quem feiz essa catiça.
29 - A diversão di pobri é i nu
armazém i inche a sacola, o restu é firula, coisa di quinzim.
30 – nóis vamu é drumi pur dibaxu da ponti
issu sim.
31 – porque qui noís paremu
aqui. Ta com jeitu de chuva persisamu um luga secu pra ficá nem fi.
32 – amigo Mazaropi, nois so
vinhemu assisti um firme seu pra dipois vorta pra casa viu, não me apronta
uma farseta hem.
33 – mãe, já qui tamu, qui
fiquemu.
34 - So jeca sim sinhô com
muito gosto, tem minha terrinha, prantu meu inhami, trabaio pra mim e num so impregado.
35 - Mãe já qui tamu, qui fikemu. Hê! inda ta
cum rabu viradu, qui dificulidade essa muié.
36 - não mi venha cum discausu, oce ta cum as
hora contada cum eu.
37 - tamu indo pus ladu da cidadi mais pra
frenti aí nem.
38 - Trabaiava numa fazenda
aqui perto, fazendão, meu, hoji trabaio com biscate, façu um servicinho aqui
otro ali.
39 - se agenti discuidá passa fomi, pois num
arruma selviço.
40 – vamu vê que qui tem de bóia, despois nóis
percura o cimema.
41 - Pó perpará pra isvazia o borco. Mais esse é
o preço di deiz cestu de inhame, se viu só zurma.
42 - ocê que si vira com o seu isganamento.
43 – bandi bocó gasta tudu im
ropa.
44 – nois
podi ajuda ocê.
45 - Tardi, se sabi donde qui
ficu cinema?
46 - cinema tem mais nois num sabe se vai passa
da fiume da mazaropi. Nois nunca viu nem.
47 - dondé qui fica o cinema? a cinema fica lá
nu praça.
48 - tem uma pessual que sabi
donde que passu fiume da Mazzaropi.
49 - É genti qui gosta dessi
coisa e di tocá viola, vai ta nesse noite lá nu fim desse rua.
50 - Intonci, gostô du cinema
fi.
51 - bão, vamu intao no tár do
bar do Ircu pra sabe dondé que fikesse tár de cinema nem nu camim nois ranja
um luga pra drumi
52 - gorinha meso cabei di tomá
café companhado, aí eu escapuli com essa. Mais sosse num fizé questão levu
bolu pra cume mais tardi.
53 - E oce, que qui faiz com
essa violinha mecretefe parecenu um nim de sabiá?
54 - Tava venu seis tocá seis
são bão dimais viu.eu num tocu iguar oceis não viu.
55 - Oi, dadondi oce é? O
pobrema dilá é qui não tem cinema pra módi vê firme do Mazzaropi nem.
55 - Se qué tocá viola comueu. Se faiz quarqué
coisa pra toca viola comueu.
56 - quase qui essi disgramadu pegueu uai,
57 - nois vai sai daqui agora
meso, lá esse tar num apareci não uai.
58 - Me contaru rapariga que u
homi di noiti tevi aqui e levo o violeru pras banda deli.
59 - carcule só a prosopopéia.
Calcule só a bagunça.
60 – mais péra, leva vara proceis pescá. Oceis
gosta, assim resfresca a cabeça.
61 - Tardi, será queu possu
pruveita u fogu i a companhia de vosmecêis. Eu to levanu uma incumenda prum
sujeitu pra modi passá pru entrus dedu.
62 - o violero qué a cobra pra
modi passá pur entri us dedu.?
63 - eu ficu agradicido com a
atenção di seis tudu aí.
64 – tem qui sê omi pra módi
passá a cobra pur entri us dedu.
65 - Senhori moçu, para com
issu pra qui tanta ganança, oce já tocum pocu. Para cum issu.
66 - vamu passá bicha nus
dedus.
67 – as bota du gabrier fico
boa nu necu nem.
68 - Hora quinzim sosse que vorta pra trais nois
vorta, mais vo fala uma coisa pra oce, se oce quisé vorta pra trais nois
vorta hem.
69 - si oce quisé vorta pra
trais nós vorta, mais si oce quisé sigui dianti nóis vai também.
70 - ó quinzim , vamu agora percurá um lugá
gostoso pra nóis cume i despois percurá um lugá bem quentim pra modi nois
drumi
71 - Queru
frangu cum cuca cola, eu tomem vo kere frangu cum aqueli galetu qui roda
dendufornu. Fica carmo ô, péra qui us homi perguntá pra nois uai.
72 - si u homi num vinhé logo eu vô intra pra
denda cuzinha e vô fazê meu pratu logo.
73 - Caducu,
vai kerditá num casu dessi? I mãi, vamu ovi u homi.
74 - tamu ino no rumu da cidadi mais grandi aí
pra frente pra modi vê u firme du Mazzaropi.
75 - e adondi
que vai contece esse milagri, qui si fô longe eu adesistu, to numa cansera
deferenti num gostu quandu sintu essa cansera deferenti
76 - é mió pegá o Policarpu, eli vai istranhá
com nós. Fica sussegadu qui nois vai cuidá bem deli.
77 – nóis vinhemu vê um firmi qui diz qui oceis
passá toda noiti ai.
78 – mas nóis
vinhemu meso pra modi vêr o firme du Mazzaropi qui oceis passá aí toda noite.
79 - U mininu
ta sapecanu di febri. U seu quinzim, u mininu ta cum febrão rapais.
80 - Oia
cumpanheru, nois vai passa aqui um firme, da nossação lá im Brasia.
81 - Tarde, possu falá cu donu, pra módi falá cu
eli.
82 - As
criança qui eis pega aqui nu acampamentu eis leva prum orfanatu lá im sum
paulu, mais as veis as criança si perdi lá im sum paulu.
83 -
Documentu eu num trussi, ficaru tudu lá im casa cidadi di formosu, nunca
percisei nem.
84 - Mais eu
num queria ficar lá dotô, eu teim minha terrinha im formosu.
85 - você
pensa que esse bandu de sem vergonha vai vencê eué
86 - Oia
aqui, oce inda tem um tantinhu di dinheru, oce pegu oinbus i vai pra casa da
tia marvina, eu incontru se lá hem, viu?
87 - Nois
vinhemu passiá i vê u firmi du Mazzaropi nu cinema, i perdemu nossu Necu lá
nu campamentu qui mataru Mané Charreteru.
88 -
Sinhoraparecida, nunkimaginei quiia vê a sinhora assim di pertu, nossu mininu
si perdeu, fui eu qui truxele, a zurmira num kiria, mais eu qui insisti,
trais ele di vorta.
89 - Pelamo
de Deus, cumé qui chega nu buracu do metro?
90 - Sinhora
pudia mim conta uma coisa, aqui já foi o cinema?
91 - acha que despois dessa trabaieira toda nóis
vai vortá pra roça sem vê o firme do Mazzaropi.
92 – íííí
oceis num mi enchi u picuá. Oceis num mi enchi u picuá , entra pra dentu pra
tomé café, entra pra dentu. Oia
qui uma limonada proceis queu fiz
proceis..
93 - I eu num
vo mesu, de jeitu manera, i eu num sai dessa roça aqui nem qui a vaca tuça.
94 - O meu
mininu, donde qui tá oce, eu já to com as lata di firmi pra ti amostrá
muleki.
95 - O dona, eu ja vi qui a
sinhora é muitu bondosa, a sinhora pudia mim dá essis firmi de Mazzaropi, a
sinhora num sabi u tantu qui já andei pra vê essis firme.
96 - Tardi possu fala cus donu,
pra modi falá cum eli, pra modi mostra essas lata queu tenhu aqui.
97 - Oia lá pai, oia o qui oce
ta fazenu hem, sem auteraçao, sem auteração.
98 - Oceis pensa qui essis
bandu di guenoranti vai vence eu é. Nois gastemu o pe na istrada, nois cumemu
o pão qui u diabu amasso, eu queru donu du cinema.
99 - Mais o que qui eli ta
fazenu zurma? Eu vo lá sabê.
100 - Ta bao, eu saio, mais
seis tem qui ponha um tapeti vermei aí, si não num sáio.
101 - Oia ai, ta mim estraganu
toda a obra. I num mim faça perde a paciença.
|
Anexo o modelo de trabalho
desenvolvido pelas alunas Mirian Ratzke, Ivone Leite Barboza
Feltz, Carla Priscila Gude, Kauanna de Paula Oliveira estudante do Ensino Especial, Ensino
Médio do Campo em Cacoal/RO,
Escola Cruzeiro do Norte e orientado por mim, professor Oto Braz Odorico.
Análise Lingüística
I - Introdução:
A linguagem é muito
importante, com ela comunicamos com as pessoas ao nosso redor, a língua
portuguesa é a que adotamos para manter contatos com as pessoas.
Tanto a língua oral quanto a escrita é
fundamental na vida social de cada cidadão, pois, através dela comunicamos,
temos acesso às informações, e transmitimos aquilo que aprendemos.
Através da linguagem a pessoa transmite sua cultura de acordo o que se
aprendeu, através da pronuncia, do vocabulário adotado, da entonação e do
sotaque, conseguimos saber muito sobre quem está falando, sua idade, sexo,
profissão, escolaridade, sua origem, nível socioeconômico e até sua atividade
profissional. Com a língua portuguesa aprendemos a falar corretamente, e a
pessoa tem um papel melhor na sociedade.
Percebemos constantemente atitudes de descriminação com as pessoas que
falam de forma “errada” e nós não podemos contribuir com isso.
II
- Levantamento de dados
Perfil dos personagens
estudados
Nome:
Quinzin/Joaquim (Mateus Naschtergaele)
Idade
aproximada: 42 anos
Nome:
Zurma/Zulmira (Gorete Milagres)
Idade
aproximada: 40 anos
Nome:
Neco/Emanuel (Vinícius Miranda)
Idade
aproximada: 10 anos
Classe
social: Classe baixa
Grau de
escolaridade: Semi analfabeto
Região:
Interior de Minas
III -
Corpus sistêmico (Frases do filme sorteada para estudo para o grupo)
1- Quem acha rã no brejo qui
dificulidade
2- Quando senti a fisgada- puxá com
ligereza
3- Com toda essa leiteria eli chora
di fomi, muié, reza preli ce reza Zurmira.
4- A sinhora fica carma, fais tudo
quiném sê faiz tuda noite, mas tem qui avisar seu Marculino pra modi num
assusta cu eu nem.
5- Mãe já qui tamu, qui
fikemu.Hê! inda ta cum rabu viradu, que
dificulidade essa muié.
6- cinema tem mais nois num sabe se
vai passa da filme da mazaropi. Nois nunca viu nem.
7- nois vai sai daqui meso, lá esse
tar num apareci naw uai.
8- Hora quinzim sosse que vorta pra
trais nois vorta, mais vo fala uma coisa pra oce, se oce quisé vorta pra trais
nois vorta hem.
9- Umininu ta sapecanu di febri.U
seu quinzim, u mininu ta cum febrão rapais.
10- Oia cumpanheru, nois vai passa
aqui um firme, da nossação lá im brasia.
11- Tarde, possu fala cu donu, pra
módi fala cu eli.
12-
íííí oces num mi enchi u picuá Oceis num mi enchi u picuá, entra pra
dentru pra tomé café, entra pra dentru. Oi aqui uma limonada proceis queu fiz
proceis.
13- Oai, ta mim estraganu toda a
obra.I num mim faça perde a paciença.
IV – Morfologia
Do ponto de vista morfológico
percebemos os seguintes fenômenos
lingüísticas:
4.1)-Troca do O pelo U e E por I em palavras como:
Forma
pronunciada pelos personagens
|
Forma
aceita pela gramática normativa
|
Quandu
|
Quando
|
Sinhora
|
Senhora
|
Qui
|
Que
|
Mininu
|
Menino
|
Eli
|
Ele
|
Febri
|
Febre
|
Dentu
|
Dentro
|
Rumo
|
Rumo
|
Grandi
|
Grande
|
Como pode notar, há uma tendência na fala, o falante
substituir o E por I e O por U
nos ditongos em finais de
palavras. Para a gramática normativa, mesmo nós entendendo o significado em
palavras como: mininu, febri e grandi, do ponto de vista fonético não podem ser
aceitas, mas sim, menino, febre e grande.
4.2)- Rotacização do L nos encontros consonantais:
Forma pronunciada pelos personagens
|
Forma aceita pela gramática normativa
|
Zurmira
|
Zulmira
|
firme
|
Filme
|
Carma
|
Calma
|
Iguar
|
Igual
|
carqué
|
calquer
|
Como podemos
ver, esse fenômeno é comum entre pessoas de baixa escolaridade, e que a
gramática normativa não aceita a ocorrências de tais fenômenos.
4.3)- Ausência do plural nas palavras.
Forma pronunciada pelos personagens
|
Forma aceita pela gramática normativa
|
cinema
tem mais nois num sabe se vai passa da filme da mazaropi. Nois nunca viu nem.
|
Cinema tem, mas não sabemos se vai exibir o filme
do Mazaropi. Nós nunca assistimos falou?
|
nois
vai sai daqui meso, lá esse tar num apareci naw uai.
|
Nós
vamos sair daqui mesmo.
|
Nois pode ajudar oce.
|
Podemos
ajudá-lo?
|
O
dona, eu já vi qui a senhora é muito
bondosa, a senhora podia mim dá essis firme de Mazaropi, a senhora num sabi o
tantu qui já andei pra vê essis firme.
|
Oh
dona! Já vi que a senhora é muito bondosa, daria esses filmes do Mazaropi
para mim? Se a senhora soubesse o quanto andei pra ver esses filmes!
|
Todos os fatos acima também são alvos de
preconceitos, entre os falantes da língua culta. Para a Gramática Normativa a
ausência de plural como nestes casos não podem ser aceitos.
Além das
substituições o E e O, dos rotacismo nos encontros consonantais e
eliminação das marcas de plural redundantes, percebemos na fala dos personagens
outros fenômenos, como:
4.4)-Transformações do LH em I, nos seguintes dígrafos:
Forma pronunciada pelos personagens
|
Forma aceita pela gramática normativa
|
Muié
|
mulher
|
Trabaio
|
Trabalho
|
Faia
|
Falha
|
vermei
|
Vermelho
|
4.5)-Simplificação das conjugações verbais:
Forma pronunciada pelos personagens
|
Forma aceita pela gramática normativa
|
Tamu
|
Estamos
|
Quisé
|
Quiser
|
qué
|
Quer
|
4.6) Transformação de
NH em N e de MB em M:
Forma pronunciada pelos personagens
|
Forma aceita pela gramática normativa
|
Venu
|
vendo
|
Estraganu
|
Estragando
|
Sapecanu
|
Sapecando
|
Donde
|
Aonde
|
4.6)-Redução dos ditongos OU em O e EI em
E:
Forma pronunciada pelos personagens
|
Forma aceita pela gramática normativa
|
Cumpanheru
|
Companheiro
|
Trabaieira
|
Trabalheira
|
Cansera
|
Canseira
|
4.7)-Contração de palavras:
Forma pronunciada pelos personagens
|
Forma aceita pela gramática normativa
|
Oceis
|
vocês
|
ino
|
Indo
|
4.8)- Contração de palavras como nos casos abaixo:
Forma pronunciada pelos personagens
|
Forma aceita pela gramática normativa
|
Num
|
Em, um
|
Proceis
|
Para vocês
|
Cum
|
Com, um
|
Preli
|
Pra ele
|
Sosse
|
Se você
|
Puentri
|
Por entre
|
4.9)-Presença de arcaísmo:
Forma pronunciada pelos personagens
|
Forma aceita pela gramática normativa
|
Meso
|
Mesmo
|
Brasia
|
Brasília
|
Firme
|
Filme
|
Vorta
|
Volta
|
4.1.1)-Redundância:
Forma pronunciada pelos personagens
|
Forma aceita pela gramática normativa
|
Entra pra dentro
|
Entra
|
Volta pra traz
|
volta
|
V - Sintaxe:
Na sintaxe percebemos fenômenos como:
Forma pronunciada pelos personagens
|
Forma aceita pela gramática normativa
|
Quem
acha rã no brejo qui dificulidade.
|
Achar
rã no brejo, como é difícil!
|
Quando senti a fisgada- puxá com ligereza.
|
Quando
sentir a fisgada, puxa rapidamente.
|
Com toda essa leiteria eli chora di fomi, muié, reza
preli ce reza Zurmira.
|
Com tanto leite ele ainda chora de fome, mulher, poderia
rezar pra ele Zulmira?
|
A sinhora fica
carma, fais tudo quiném sê faiz tuda noite, mas tem qui avisar seu Marculino
pra modi num assusta cu eu nem.
|
A senhora fica calma, faça tudo como toda noite e não se
esqueça de avisar o senhor Marculino para ele não assustar.
|
Mãe já qui tamu, qui fikemu.Hê! inda ta cum rabu viradu, que dificulidade essa
muié.
|
Mãe, se aqui estamos aqui vamos ficar. He! Ainda está com
raiva? Que dificuldade é essa mulher?
|
cinema tem mais nois num sabe se vai passa da filme da
mazaropi. Nois nunca viu nem.
|
Cinema tem, mas não sabemos se vai exibir o filme do Marzzaropi.
Nunca assistimos falou?
|
nois vai sai daqui meso, lá esse tar num apareci naw uai.
|
Iremos
sair daqui agora mesmo.
|
VI - Conclusão:
Ao concluir este trabalho,
percebemos as varias dimensões de uma mesma língua. Como podemos verificar nas
palavras, o estudo da morfologia, da sintaxe e da linguística mais uma vez vem
nos mostrar o que já foi constatado por pesquisas de renomados autores a
respeito do uso da língua pelos seus falantes.
O modo de falar de uma pessoa
interfere positiva ou negativamente na vida da pessoa, dependendo do seu
vocabulário a pessoa pode ser aceita ou até descriminada devido a seu modo de
falar. A gramática normativa não aceita erros como podemos ver acima. Deste
modo a partir de todas as informações obtidas vemos que, essa pesquisa serviu
não, só como um estudo, mas como conhecimento, com a perspectiva de que essa foi apenas uma amostra de tudo
que ainda temos que aprender.
Obs.:
verifica que com a orientação do professor o trabalho ficou muito bem detalhado.
Para contribuir ainda mais com o assunto
outros textos também poderão ser utilizados.
Veja novas sugestões.
01 - Falar é fácil, escrever é difícil. Você também pensa assim
?
Leia o texto de
Jô Soares para perceber a diferença.
"Português é fácil de
aprender porque é uma língua que se escreve exatamente como se fala"
Jô Soares. Revista "Veja" - 28.11.90
Pois é. U purtuguêis é
muito faciu di aprender, purqui é uma língua qui a genti iscrevi ixatamente cumu si fala. Num é cumu inglêis
qui dá até vontadi di ri quandu a genti discobri cumu é qui si iscrevi algumas
palavras. Im purtuguêis não. É só prestátenção. U alemão pur exemplu. Qué coisa
mais doida ? Num bate nada cum nada. Até nu espanhol qui é parecidu, si iscrevi
muinto diferenti. Qui bom qui a minha língua é u purtuguêis. Quem soubé fala
sabi iscrevê.
A partir
da leitura pode propor aos alunos a reescrita do texto na variação culta.
02 - Aula de português
01 A linguagem
na ponta da língua
tão fácil de falar
04 e de entender.
A linguagem
na superfície estrelada de letras,
07 sabe lá o que quer dizer?
Professor Carlos Góis, ele é quem sabe,
e vai desmatando
10 o amazonas de minha ignorância.
Figuras de gramática, esquipáticas,
atropelam-me, aturdem-me, sequestram-me.
13 Já esqueci a língua em que comia,
em que pedia para ir lá fora,
em que levava e dava pontapé,
16 a língua, breve língua entrecortada.
do namoro com a priminha.
O português são dois; o outro mistério.
Carlos Drummond de Andrade. Esquecer para lembrar ,
Rio de Janeiro: José
Olympio, 1979.
01 - Explorando a função
emotiva da linguagem, o poeta expressa o contraste entre marcas de variação de
usos da linguagem em:
a) situações formais e informais.
b) diferentes regiões do país.
c) escolas literárias distintas.
d) textos técnicos e poéticos.
e) diferentes épocas.
RESPOSTA CORRETA:
ALTERNATIVA - A
02. No poema, a referência à
variedade padrão da língua está expressa no seguinte trecho:
a) “A linguagem / na ponta da língua” (v. 1 e 2).
b) “A linguagem / na superfície estrelada de letras” (v. 5 e 6).
c) “[a língua] em que pedia para ir lá fora” (v. 14).
d) “[a língua] em que levava e dava pontapé” (v. 15).
e) “[a língua] do namoro com a priminha” (v. 17).
ALTERNATIVA - B
Leia com atenção o texto:
[Em Portugal], você poderá ter alguns
probleminhas se entrar numa loja de roupas desconhecendo certas sutilezas da
língua. Por exemplo, não adianta pedir para ver os ternos — peça para ver os
fatos. Paletó é casaco. Meias são peúgas. Suéter é camisola—mas não se assuste,
porque calcinhas femininas são cuecas. (Não é uma delícia?)
(Ruy Castro. Viaje Bem.
Ano VIII, nº 3, 78.)
03 - O texto destaca a
diferença entre o português do Brasil e o de Portugal quanto
a) ao vocabulário. b)
à derivação. c) à
pronúncia. d) ao
gênero. e) à
sintaxe.
ALTERNATIVA - A
03 – NÓIS MUDEMO
Fidêncio Bogo
O ônibus da Transbrasiliana
deslizava manso pela Belém-Brasília rumo a Porto nacional. Era abril, mês das
derradeiras chuvas. No céu, uma luazona enorme pra namorado nenhum botar
defeito. Sob o luar generoso, o cerrado verdejante era um presépio, toda poesia
e misticismo.
Mas minha alma
estava profundamente amargurada. O encontro daquela tarde, a visão daquele
jovem marcado pelo sofrimento, precocentemente envelhecido, a crua recordação
de um episódio que parecia tão banal... tentei dormir. Inútil. Meus olhos
percorriam a paisagem enluarada, mas ela nada mais era para mim que o pano de
fundo de um drama estúpido e trágico.
As
aulas tinham começado numa segunda-feira. Escola de periferia, classes
heterogêneas, retardatários. Entre eles, uma criança crescida, quase um rapaz.
-
Por que você faltou esses dias todos?
-
É que nós mudemo onti, fessora. Nóis veio da fazenda. Risadinhas da
turma.
-
Não se diz “nóis mudemo”, menino! A gente deve dizer; nós mudamos, tá?
-
Tá, fessora! No recreio, as chacotas dos colegas: Oi, nós mudemo! Até
amanhã, nóis mudemo!
No dia seguinte a mesma coisa;
risadinhas, cochichos, gozações.
-
Pai, não vô mais pra escola!
-
Ôxente! Módi quê?
-
Ouvida a história, o pai coçou a cabeça e disse:
-
Meu fio, num deixa a escola por uma bobagem dessa! Não liga pras gozações
da Mininada! Logo eles esquece. Não esqueceram.
Na
quarta-feira, dei pela falta do menino. Ele não apareceu no resto da semana,
nem na segunda-feira seguinte. Ai me dei conta de que eu nem sabia o nome dele.
Procurei no diário de classe e soube que se chamava Lúcio – Lúcio Rodrigues
Barbosa. Achei o endereço. Longe, um dos últimos casebres do bairro. Fui lá,
uma tarde. O rapazola tinha partido no dia anterior para a casa dum tio, no sul
do Pará.
É
fessora, meu fio não agüentou a gozação da mininada. Eu tentei fazê ele
continuá, mas não teve jeito. Ele tava chatiado demais. Bosta de vida! Eu devia
di tê ficado na fazenda coa famia. Na cidade nós não tem veis. Nós fala tudo
errado.
Inexperiente,
confusa, sem saber o que dizer, engoli em seco e me despedi. O episódio
ocorrera há dezessete anos e tinha caído em total esquecimento, ao menos de
minha parte.
Uma
tarde, num povoado à beira da Belém-Brasília, eu ia pegar o ônibus, quando
alguém me chamou. Olhei e vi, acenando para mim, um rapaz pobremente vestido,
magro, com aparência doentia.
O
que é moço?
A
senhora não se lembra de mim, fessora?
Olhei
para ele, dei tratos à bola. Reconstituí num momento meus longos anos de
sacerdócio, digo, de magistério. Tudo escuro.
Não
me lembro não, moço. Você me conhece? De onde ? Foi meu aluno? Como se chama?
Para
tantas perguntas, uma resposta lacônica:
Eu
sou “Nóis Mudemo”, lembra?
Comecei
a tremer.
Sim
moço. Agora me lembro. Como era mesmo o seu nome?
-
Lúcio – Lúcio Rodrigues Barbosa.
-
O que aconteceu com você?
-
O que acontece? Ah fessora! É mais fácil dizê o que não aconteceu.
Comi o pão que o diabo amassô. E
êta diabo bom de padaria! Fui garimpeiro, fui
Bóia fria, um “gato”me arrecadou
e levou num caminhão pruma fazendo no meio da mata. Lá trabaiei como escravo,
passei fomo, fui baleado quando consegui fugi. Peguei tudo quanto é doença. Até
na cadeia fui pará. Eu não devia de tê saído daquele jeito., fessora, mas não
agüentei a gozação da turma. Eu vi logo que nunca ia consegui falá direito.
Ainda hoje não sei
Meu
Deus!
Aquela
revelação me virou pela avesso. Foi demais para mim.
Descontrolada
comecei a soluçar convulsivamente. Como eu podia ter sido tão burra e má? E
abracei o rapaz, o que restava do rapaz, que me olhava atarantado.
O
ônibus buzinou com insistência.
O
rapaz afastou-me de si suavemente.
-
chora não, fessora! A senhora não tem curpa.
Como? Eu não tenho culpa? Deus do
céu!
Entrei no ônibus apinhado. Cem
olhos eram sem flechas vingadouras par mim. O
ônibus partiu. Pensei na minha sala de aula.
Eu era uma assassina a caminho da guilhotina.
Hoje
tenho raiva da gramática. Eu mudo, tu mudas, ele mudo, nós mudamos, mudamos,
mudaaamoos, mudaaamooos..., Super usada, mal usada, abusada, ela é uma
guilhotina dentro da escola. A gramática faz gato e sapato da língua materna –
a língua que a criança aprendeu com seus pais e irmaos e colegas e se torna o
terror dos alunos. em vez de estimular
e fazer crescer, comunicando, ela reprime e oprime, cobrando centenas de
regrinhas estúpidas para aquela idade.
E
os lúcios da vida, os milhares de lúcios
da periferia e do interior, barrados nas salas de aula: “Não é assim que se diz
, menino!” Como se professor quisesse
dizer: “Você está errado! Os seus pais estão errados! Seus irmão e amigos e
vizinhos estão errados! A certa sou eu! Imite-me! Copie-me! Fale como eu! Você
não seja você! Renegue suas raízes! Diminua-se! Desfigure-se! Fique no seu
lugar! Seja uma sombra!”
E
siga desarmado para o matadouro da vida...
Porto Nacional, 1990.
ATIVIDADES A RESPEITO DO TEXTO ESTUDADO
Parte I
01 - Observem as frases a seguir e relacione
cada uma conforme o tipo de variação.
(01) Variação
cultural (02) Variação histórica
(03) Variação
geográfica (04) Linguagem de gíria
( )
um “gato”me arrecadou e levou num caminhão
( )
Ôxente! Módi quê?
( )
Por que você faltou esses dias todos?
( )
Ouvida a história, o pai coçou a cabeça e disse.
( )
Meu fio, num deixa a escola por uma bobagem dessa!
( )
Eu devia di tê ficado na fazenda coa famia.
( )
Comi o pão que o diabo amassô.
( )
É que nós mudemo onti, fessora. Nóis veio da fazenda.
( )
Entrei no ônibus apinhado.
01 – Analise as frases abaixo e identifique
aquelas que foram ditas no sentido formal.
I) Mas minha alma estava
profundamente amargurada.
II) A crua recordação de um
episodio que parecia tão banal.
III) Meus olhos percorriam a
paisagem enluarada.
IV) Pai, não vô mais pra escola.
V) Entre eles uma criança
crescida, quase um rapaz.
A respeito das frases acima se considera
que:
a) todas estão no sentido formal
b) somente a frase I e IV estão
no sentido informal
c) nenhuma frase encontra-se no
sentido formal
d) somente a frase IV está no
sentido informal
e) N.D.A
ALTERNATIVA – D
02 – A norma padrão é o conceito tradicional,
idealizado pelos gramáticos, aos quais a tratam como modelo enquanto a
linguagem popular é alvo de preconceitos. Como disse a professora, todos os
dias milhares de “lúcios” são barrados nas salas de aulas. O texto nós mudemos
nos faz refletir sobre nossas atitudes quanto ao falar popular. A seguir temos
algumas situações de reflexão.
“Não se diz “nóis mudemo”, menino! A gente
deve dizer; nós mudamos, tá?” Essa foi atitude tomada pela professora diante da
fala de Lucio e que comprometeu seu futuro, uma vez que isso ajudou o garoto a
desistir da escola. Em relação a essa atitude e com base nos assuntos
discutidos em sala de aula julguem as afirmativas a seguir e assinale a mais
adequada.
a) A professora agiu
corretamente, pois não deveria deixar o Lúcio falar errado.
b) Lucio agiu errado, além de não
aceitar a professora lhe corrigir ainda abandonou a escola.
c) Lucio foi ignorante, preferiu
continuar falando errado que aceitar a ajuda da professora.
d) Lúcio é apenas uma vítima da situação
e a professora não deveria ter agido daquela forma.
e) Os alunos foram os
responsáveis pela saída de Lúcio, deveriam receber punição por isso.
Alternativa D
03 - Em relação a
atitude da professora?
a) Ela
agiu corretamente, pois tinha o dever de ensinar Lúcio a falar o português
correto.
b) Deveria
ter castigado os demais alunos que abusavam do Lúcio, pois eles foram covardes.
c) Não
agiu corretamente, se quisesse chamar a atenção do garoto deveria ser de outra
forma.
d) Apenas
cumpriu com seu papel de professora Lúcio é que foi ignorante.
e) Todas
as questões acima estão corretas.
ALTERNATIVA – C
04– A melhor forma de um professor reagir numa situação
como essa seria.
a) Deixar o Lúcio continuar falando daquela forma e ser alvo de chacotas?
b) Não falava nada com o garoto, mas exortava os colegas que estavam
abusando dele.
c) Chamava a atenção do menino como ela fez.
d) Fazê-lo escrever centenas vezes a conjugação do verbo “nós mudamos’
para ele aprender a falar certo.
e) Nenhuma das sugestões acima é adequada.
ALTERNATIVA – B
05 - Bosta de vida! Na
cidade nós não tem veis. Nós fala tudo errado.
Essa foi uma
afirmação do pai do garoto quando a professora foi procurar pelo menino. A
partir das questões abaixo julguem a mais adequada.
a) É verídica a
afirmação do pai de Lucio que quem mora na roça fala errado?
b) As
pessoas da cidade também falam errado.
c) Falar certo e
falar errado é uma visão preconceituosa.
d) As pessoas da
roça falam erradas porque não têm acesso a informações.
e) N.D.A.
ALTERNATIVA – C
06
“Eu era
uma assassina a caminho da guilhotina. Hoje tenho raiva da gramática. Eu mudo,
tu mudas, ele mudo, nós mudamos, mudamos, mudaaamoos, mudaaamooos..., Super
usada, mal usada, abusada, (......) em vez de estimular e fazer crescer,
comunicando, ela reprime e oprime, cobrando centenas de regrinhas estúpidas
para aquela idade.”
Essa é a fala da
professora de Lucio quanto deparou com o rapaz naquela situação. O que fez
mudar de comportamento em relação ao ensino da gramática?
a) Simplesmente
pelo fato de ter encontrado Lúcio naquela situação depois de tanto tempo.
b) Porque Lúcio
contou tudo que ele passou na vida.
c) Porque ela
não conversou com Lúcio a tempo dele deixar a escola.
d) Porque ela estudou
e percebeu que um ensino baseado em aprender regras gramaticais não era tão
importante como ela achava antes.
e) N.D.A
ALTERNATIVA - D
07 - “Eu mudo, tu mudas, ele mudo”. Essa foi
uma conclusão da professora em relação ao ensino da gramática normativa.
Através da fala da professora podemos
inferir que:
a) a professora
não acredita mais em um ensino focado em cima da gramática normativa.
b) a gramática
normativa condena a norma popular e dessa forma pessoas como Lúcio com medo de
sofrer preconceitos podem evitar dar opiniões para não serem alvos de chacotas.
c) a professora
condena a forma que a gramática normativa trata o ensino da Língua Portuguesa.
d) a professora
não dá importância ao ensino da Língua Portuguesa baseado em normas
gramaticais.
e) todas as
alternativas estão corretas.
ALTERNATIVA – B
08 – A partir das
informações abaixo responda:
I) O uso de uma língua varia
de época para época, de região para região, de classe social para classe
social, e assim por diante.
II) Dependendo da situação,
uma mesma pessoa pode usar diferentes variedades de uma só forma da língua.
III) Fatores como, região, faixa
etária, classe social e profissão são os responsáveis pela variação da língua.
IV) A língua não é usada de modo homogêneo por
todos os seus falantes.
V) O indivíduo graduado fala somente o
linguajar culto enquanto o indivíduo analfabeto fala somente o dialeto popular.
VI)
Fatores como região, faixa etária, classe social e profissão,
são responsáveis pela variação da língua;
VII)
O que determina a escolha de uma ou de outra variedade linguística é a situação
concreta de comunicação.
VIII)
O uso das vogais abertas em algumas regiões do Nordeste como ménino em vez de
menino – quérida em vez de querida e o s
chiado carioca e o s
sibilado mineiro são exemplos de variações regionais.
a) Todas as afirmativas
são verdadeiras
b) Somente as afirmativas I – III
– IV e VIII são verdadeiras.
c) Nenhuma alternativa é
verdadeira.
d) Somente a alternativa V é
falsa.
e) Não há alternativa falsa.
ALTERNATICA CORRETA – D
09 – RELACIONE AS FRASES
ABAIXO SENDO (01) PARA LINGUAGEM DE GÍRIA (02) VARIAÇÃO SOCIAL CULTA (03)
VARIAÇÃO SOCIAL POPULAR (04) VARIAÇÃO REGIONAL e (05) VARIAÇÃO HISTÓRICA.
( ) Foi irado
meu! Quando vi aquela multidão toda gritando: bis, bis, bis.. ( ) Segundo os lingüistas podemos concluir
que há dialetos de dimensão territorial, social, profissional, de idade, de
sexo e histórica. ( ) Vossa mercê tem idéia de quantas
mademoseles comparecerão ao baile do casarão?
( ) Vivemos um grande momento
no Brasil e tem que ser o momento do Nordeste do Brasil, porque é aqui que se
concentra a pobreza. ( ) Ô
velho, já faz um tempão que sou dono do meu nariz... ( ) Aí meu, quando cheguei o cara já tinha
azulado.
( ) As menina usa biquíni colorido.
( ) No mundo no me sei parelha, (...) mia senhor
branca e vermelha, queredes que vos retraia quando vus eu vi em saia!
(Cancioneiro da ajuda)
( ) Filhos, chama os outros
piá e vai à mangueira prender os terneiros se não eles mamam tudo o leite das
tetas da vaca.
A SEQUENCIA CORRETA É:
a) 01
– 02 – 05 – 02 – 01 -01 – 03 – 05 – 04
b) 02
– 01 – 05 – 03 – 01 – 04 – 03 – 05 – 04
c) 04
– 05 – 03 – 01 – 01 – 02 – 05 – 02 - 05
d) 03
– 02 - 01 – 05 – 03 – 04 - 02 – 05 – 03
ALTERNATIVA - A
COLOQUE
V CASO A AFIRMATIVA SEJA VERDADEIRA OU F CASO SEJA FALSA.
( )
A língua não é usada de modo homogêneo por todos os seus falantes.
( ) O uso de uma
língua varia de época para época, de região para região, de classe social para
classe social, e assim por diante.
( ) Nem individualmente podemos afirmar que o uso da
língua seja uniforme.
( ) Dependendo da
situação, uma mesma pessoa pode usar diferentes variedades de uma só forma da
língua.
( ) A língua portuguesa, como todas as
línguas do mundo, não se apresenta de maneira uniforme em todo o território
brasileiro;
( )
A variação da língua se dá em função do emissor e em função do receptor.
( )
Fatores como, região, faixa etária, classe social e profissão são os
responsáveis pela variação da língua.
( )
A norma culta é melhor hierarquicamente que a norma popular.
Níveis de variação lingüística
Observe
as frases a seguir e diga se trata de linguagem gíria, variação social culta,
variação social popular, variação social regional, variação social relacionado
à profissão ou variação histórica.
a)Foi irado meu! Quando vi aquela multidão toda gritando:
bis, bis, bis.....................................
b) Segundo os lingüistas podemos concluir que há dialetos de
dimensão territorial, social, profissional, de idade, de sexo e histórica.
..................................................................................
b) Vossa mercê tem idéia de quantas mademoseles comparecerão
ao baile do casarão?
.............................................................................
c) Vivemos um grande momento no Brasil e tem que ser o
momento do Nordeste do Brasil, porque é aqui que se concentra a pobreza. ..............................................................................
d) Ô velho, já faz um
tempão que sou dono do meu nariz...
................................................
e) Aí meu, quando
cheguei o cara já tinha azulado. --------------------------------------------------------
f) As menina usa
biquíni colerido.
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g) Vereadores
governistas começaram a balançar em favor da CPI.
-----------------------------------
h) No mundo no me sei parelha, (...) mia senhor branca e
vermelha, queredes que vos retraia quando vus eu vi em saia! (Cancioneiro
da
ajuda) ----------------------------------------------------------
i) Uma casa foi comprada, ontem pela manhã, pela mãe de
José. -------------------------------------
Observe as expressões a seguir e numere
(01) para linguagem formal (02) para linguagem informal.
( )
Venho solicitar a V. S. a concessão de auxílio doença.
( ) Quero te pedir um grande favor.
( ) Seu dotô, só me parece que o sinhô
não me conhece.
( ) Zélia está matando cachorro a
grito.
( ) Essa promoção vai arrebentar a boca
do balão.
( ) Os moradores da capital paulista
começaram a mudar seu jeito de pronunciar o R.
( ) Mamãe, eu vou no mercado pela
tarde.
MOMENTO
GRAÇA.
RECEITA
CASERA DI MINERIM
Sapassado
era sessetembro, taveu na cuzinha tomando uma pincumel e cuzinhado um kidicarne
cumastumate pra fazer uma macarronada cum galinhassada. Quascai de susto
quanduvi um barui vinde denduforno parecendum tidiguerra. A receita mandopô
midipipoca denda galinha prassa. O forno inquentô, o mistorô e a
galinhispludiu! nossinhora! Fiquei branco quinein um lidileite. Foi um trem
doidimais! quascai dendapia! Fiquei sensabe dondevim, nancotô, proncovô, ôpcevê
quilocura! grazadeus ninguém semaxucô!
SINÔNIMOS
linda
|
bela
|
bonita
|
colossal
|
|||||||
feio
|
horroroso
|
horrível
|
||||||||
leve
|
maneiro
|
leviano
|
||||||||
surra
|
sova
|
tunda
|
coça
|
pisa
|
apanhar
|
bater
|
espancar
|
coro
|
||
corda
|
piola
|
soga
|
laço
|
|||||||
provocar
|
mexer
|
implicar
|
enticar
|
mangar
|
zombar
|
entrigar
|
enritar
|
|||
porção
|
monte
|
magote
|
bastante
|
punhado
|
vários
|
muito
|
||||
idiota
|
bobo
|
leso
|
ignorante
|
palerma
|
imbecil
|
tonto
|
bobaca
|
besta
|
chato
|
burro
|
derrubar
|
demolir
|
deslocar
|
desmontar
|
destruir
|
desmanchar
|
desmantelar
|
||||
sungar
|
levantar
|
suspender
|
erguer
|
arribar
|
||||||
espiar
|
cubar
|
observar
|
assuntar
|
avistar
|
ver
|
notar
|
olhar
|
enxergar
|
||
guri
|
menino
|
pirralho
|
pivete
|
piá
|
bambino
|
moleque
|
garoto
|
|||
piquete
|
invernada
|
manga
|
potreiro
|
marco
|
||||||
rio
|
sanga
|
regato
|
riacho
|
córrego
|
ribeiro
|
|||||
sopa
|
coletivo
|
jardineira
|
ônibus
|
marinete
|
condução
|
Além do filme sugiro ouvir o vídeo abaixo sobre um locutor de
Quixeramobim. Serve como importante reflexão, principalmente sobre os erros
absurdos que os meios de comunicação cometem em relação à Língua Portuguesa.
Caso esse planejamento de aula seja útil, fique a vontade para
utilizá-lo em seu dia a dia.
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